Como esperar que um ser vivo fique por mais
de quatro horas exposto ao sol, sem água, e ainda sim, resista? Uma
agonia lenta, que segundo denúncias, foi presenciada por oficiais, que
não se deram conta de que assim como os seres humanos, os animais –
neste caso os 93 cães do canil da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG)
– também precisam de cuidados básicos para sobreviver. O desfecho foi a
morte por insolação do pastor alemão Nando, 11 anos, no último mês de
fevereiro, no momento em que ocorria a dedetização dos canis –
procedimento que acontece quinzenalmente. Durante essa ação, os cães são
abrigados no campo de treinamento da instituição, já que o canil não
possui área externa coberta para protegê-los.
A morte do pastor alemão será analisada pela
Comissão de Direitos dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil em
Minas Gerais (OAB/MG), a pedido do deputado estadual Cabo Júlio, que
cobra respostas da PM. “A falta de estrutura e planejamento do canil foi
comprovada mais uma vez diante desta tragédia”, diz. No entanto, o
comandante da Companhia de Policiamento com Cães, major Enos Machado,
arquivou o caso por considerar que não houve crime de maus tratos. “Se
deixássemos os nossos cães expostos ao sol conforme diz a denúncia,
todos eles estariam mortos e não só o Nando que, por já ser idoso,
possuía vários problemas de saúde”, diz.
De acordo com a lei federal 9.605/98, artigo
32, de proteção ao meio ambiente, o crime de maus tratos inclui não dar
água ou comida ao animal, e mantê-lo desprotegido das intempéries do
tempo. Especialistas orientam que, com as temperaturas cada vez mais
altas, medidas de segurança devem ser adotadas para garantir a saúde e o
bem estar dos pets. Ao contrário dos seres humanos, que transpiram por
todo o corpo, os animais transpiram apenas pela língua, focinho e coxins
– almofadinhas das patas -, o que explica o grande número de casos de
hipertermia, especialmente no verão. A doença eleva a temperatura
corporal do animal acima dos 42 graus e provoca coagulação
intravascular, parada cardíaca e edema pulmonar. Nestes casos, o risco
de morte é certo, especialmente em cães idosos.
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