A reportagem é de Renato Santana e Ruy Sposati e publicada pelo Brasil de Fato, 11-06-2013.
À imprensa, o ministro Gilberto Carvalho, da
Secretaria Geral da Presidência da República, informou que o retorno dos
indígenas ao Pará está programado para esta quarta-feira, 12, mas
afirmou que se o grupo não desocupar a Funai o governo
entrará com pedido de reintegração de posse. Porém, não garantiu
hospedagem para os indígenas até o desembarque das aeronaves.
“O que o governo faz é uma irresponsabilidade. Estamos vendo o que
eles querem e vamos comunicar nas aldeias. Se a gente não receber o
governo lá na comunidade, eles vão botar a Força Nacional em cima”,
aponta Valdenir Munduruku. Durante o mês de maio, os mesmos indígenas ocuparam por duas vezes o principal canteiro de obras da usina de Belo Monte
contra os empreendimentos hidrelétricos na Amazônia. A última ocupação
terminou com a vinda deles para Brasília, há uma semana, buscando
diálogo.
Em busca da alteridade neste diálogo, os indígenas entendem que o
Palácio do Planalto se mostra insensível às suas questões. Os
governistas insistem nos empreendimentos e pretendem organizar uma
consulta, sem direito ao veto das comunidades e paralisação dos estudos e
canteiros de obras, que garanta o projeto. Nesta segunda-feira, 10, o
ministro Carvalho se negou a receber os indígenas; encaminhados para a Funai, esperaram da manhã até o final da tarde de ontem para terem a notícia de que a presidente interina não poderia recebê-los.
Tal situação de marginalização da pauta indígena seguiu nesta terça. Em frente ao Ministério de Minas e Energia (MME), seguranças impediram a entrada dos indígenas no prédio e assessores tentavam suavizar os efeitos de assassinatos como o de Adenilson Kirixi Munduruku, presente em foto quando seu corpo foi retirado das águas do Teles Pires em novembro do ano passado.
Simbolizando a morte dos povos dos rios Xingu, Tapajós e Teles Pires, os indígenas deitaram em frente ao MME
e com spray branco o contorno de seus corpos foi desenhado no asfalto.
Cena de crime. Já se passava do meio dia e o almoço não veio. Com fome, o
grupo seguiu para o Supremo Tribunal Federal (STF) em busca de uma audiência com o presidente Joaquim Barbosa. Mais seguranças e assessores.
“O que é aqui?”, perguntou Vicente Munduruku apontando para o imponente prédio. Segundo mais velho de seu povo, cacique da aldeia Sai Cinza, Vicente obteve a resposta: “É onde ficam os maiores juízes do país, os que definem tudo”. O olhar do cacique repousou sobre o imponente prédio e num murmúrio pode-se ouvir: “Por que não fazem nada?”. Sem almoço e transporte de volta para a Funai, sob os efeitos do calor e do sol, os indígenas foram ao Ministério da Justiça em busca de alimentação e o mínimo de logística. Sem respostas, seguiram de volta a pé até o órgão indigenista, cerca de dois quilômetros de distância.
“O que é aqui?”, perguntou Vicente Munduruku apontando para o imponente prédio. Segundo mais velho de seu povo, cacique da aldeia Sai Cinza, Vicente obteve a resposta: “É onde ficam os maiores juízes do país, os que definem tudo”. O olhar do cacique repousou sobre o imponente prédio e num murmúrio pode-se ouvir: “Por que não fazem nada?”. Sem almoço e transporte de volta para a Funai, sob os efeitos do calor e do sol, os indígenas foram ao Ministério da Justiça em busca de alimentação e o mínimo de logística. Sem respostas, seguiram de volta a pé até o órgão indigenista, cerca de dois quilômetros de distância.
“A Funai deveria proteger e ajudar os índios, mas
não faz isso. Ficamos em Brasília até agora, mas não percebemos vontade
do governo de fazer as coisas direito. Mentem e manipulam. Dizem que
somos bandidos e não comparecemos em reuniões. O que queremos é a nossa
aldeia, nossa casa, nossa paz. Não queremos ficar aqui, não queremos
essa forma que o branco trata as coisas”, desabafou Valdenir Munduruku.
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