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terça-feira, 27 de maio de 2014

Autoridades e OIT pedem aprovação da PEC do Trabalho Escravo


O lançamento, no Brasil, do relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre os lucros obtidos por meio da exploração do trabalho forçado foi marcado por apelos em defesa da aprovação da Proposta de Emenda àConstituição do Trabalho Escravo (PEC 57A/1999) no Senado, cuja votação é esperada para o próximo dia 27. A PECprevê a expropriação das terras onde for constatada a exploração de trabalho análogo à escravidão ou o cultivo de substâncias psicotrópicas proibidas por lei.
A reportagem é de Carolina Sarres, publicada pela Agência Brasil, 21-05-2014.
De acordo com o documento da OIT apresentado nesta terça-feira (20), são lucrados US$ 150 bilhões por ano – cerca de R$ 331,5 bilhões – com a exploração da mão de obra forçada de mais de 21 milhões de pessoas. Diante desses dados, autoridades brasileiras esperam que ocorram a aprovação da PEC e a promulgação do texto pelo Congresso.
“Os números que são apresentados nos auxiliam a construir esse ambiente favorável [à aprovação]. O que eles [exploradores] colocam no bolso com uma mão, a gente tira com a outra. Aí que entra a PEC, que vai mexer com a propriedade, a renda e o bolso”, disse a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR)Ideli Salvatti, para quem a PEC será um importante instrumento para coibir o emprego de pessoas em situação análoga à escravidão.
Para o procurador-geral do Trabalho, Luiz Antônio Camargo de Melo, espera-se que a PEC seja aprovada para que o poder público possa contar com a ferramenta de poder decretar, respeitados os trâmites legais, a perda de um bem quando encontrado o uso de mão de obra análoga à escrava.
“Esperamos que o Senado aprove a PEC na próxima terça-feira, para que tenhamos mais uma ferramenta para enfrentar o trabalho escravo. Nosso grande ganho é a intervenção articulada entre governo, entidades da sociedade civil e de organismos internacionais e de outros países. Precisamos erradicar o trabalho escravo no Brasil. Todos os esforços são necessários e toda parceria é bem-vinda”, declarou o procurador.
De acordo com o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Antônio José Barros Levenhagen, a proteção dos trabalhadores contra a exploração ainda carece de eficácia social plena. Segundo ele, entre 1995 e 2013, foram resgatadas mais de 46 mil pessoas submetidas a condições análogas à escravidão.
“Com políticas públicas que promovam os direitos humanos, a cidadania do trabalho, a reinserção das pessoas que foram submetidas a graves violações e integração dos órgãos do Estado, por certo haverá de se concretizar o ideário de uma sociedade mais justa e igualitária”, explicou Levenhagen.
Um caminho que, de acordo com a diretora do escritório da OIT no Brasil, Laís Abramo, tem sido seguido pelo Brasil.
“O estudo confirma que o trabalho forçado é um dos crimes mais lucrativos do mundo. Pela primeira vez, há uma correlação sólida entre o trabalho forçado e pobreza. O Brasil, a partir do momento em que teve a coragem de reconhecer a existência do problema em seu território, vem adotando políticas de prevenção e combate”, explicou Abramo, que destacou a importância do país ter sido escolhido para sediar o lançamento do relatório da organização.
A pesquisa da OIT mostrou que a exploração sexual é a atividade que gera maiores lucros. Os exploradores chegam a ter ganhos de US$ 99 bilhões anuais. Somado o lucro de todas as pessoas que exploram mão de obra fosse reunido, seria possível formar a renda de um país que ocuparia o 58º lugar entre os 189 países avaliados pelo Banco Mundial.
“O trabalho escravo é um fenômeno que vem se modificando e adotando novas características, precisamos de dados e pesquisas para nortear a elaboração de políticas públicas e compreender todas as dimensões do fenômeno execrável que é a redução de alguém a condição análoga a de escravo”, disse o secretário de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Paulo Sérgio de Almeida.
Na mesma cerimônia, foi lançado o projeto Consolidando e Disseminando Esforços para o Combate ao Trabalho Escravo no Brasil e no Peru, que teve a parceria do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos. Desde 2006, o Peru vem requisitando o apoio da OIT para desenvolver estratégias e políticas de combate ao trabalho forçado.
A embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde, explicou que essa iniciativa promove um modelo efetivo de cooperação tripartite, entre o Brasil, os Estados Unidos e a OIT, em prol do Peru.
“O modelo fortalece as iniciativas do Brasil, exportadas a outros países, entre as quais as unidades moveis do Ministério do Trabalho, as convenções municipais, estaduais para a erradicação do trabalho escravo e o Pacto Nacional”, informou Liliana.
De acordo com o coordenador do programa de combate ao trabalho forçado da OIT no Brasil, Luiz Machado, será promovida a cooperação com o Peru por meio da implantação de experiências colocadas em prática no Brasil e do fortalecimento das já existentes – especialmente as de assistência às vítimas, prevenção e rompimento do ciclo da escravidão.
O projeto é organizado em eixos que contemplam o aumento do conhecimento sobre trabalho forçado no Brasil, do diálogo social e participação institucional, do engajamento do setor privado e de atividades voltadas à melhoria das políticas de prevenção do trabalho forçado no Peru. Também existem medidas para aperfeiçoar a fiscalização e a legislação vigente e para melhorar o modelo de assistência às vítimas, entre outras.

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