terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Bolsonaro, facismo e decoro parlamentar


Ou cai Bolsonaro desta vez ou a expressão "decoro parlamentar" perde qualquer sentido que porventura ainda possuir. É simples assim. Bolsonaro disse que negras são promíscuas, e é absolvido no Conselho de Ética. Bolsonaro diz que nunca entraria num avião pilotado por um negro cotista, e nada lhe acontece. Bolsonaro faz diuturnamente declarações homofóbicas em padrão nazista, e é recompensado como campeão de votos no Rio de Janeiro. De que os eleitores de Bolsonaro o elejam justamente porque ele faz questão de desconhecer direitos humanos e de violar direitos fundamentais das minorais, não tenho a menor dúvidas. Mas que o deputado Bolsonaro tenha o direito de dizer e fazer (e dizer é fazer) qualquer coisa, com qualquer pessoa e em qualquer circunstância, nem de longe decorre da democracia. Pelo contrário.

Por ser tratado com condescendência (e frequentemente com efusivo apoio) pelos confrades deputados, quando ofende e humilha minorias, enuncia em estardalhaço os mais indignos preconceitos e ataca com virulência quem condena a ditadura militar e luta por direitos humanos, Bolsonaro comporta-se como se fosse inalcançável pela lei e pelos seus constrangimentos. 

É a canalhice com imunidade, a brutalidade de costas quentes e tapinhas nos ombros, o aspecto mais sombrio da vida pública brasileira levado aos ombros por um enxurrada de votos. Pois bem, hoje Bolsonaro passou todos os limites, ao se gabar, no plenário da Câmara, de ser um violador de mulheres e informar à colega deputada que só não a violentava, pasmem os senhores, porque ela não se qualificava para o nível requerido por ele para executar o estupro. Em suas palavras: "Não te estupro porque você não merece".

Bolsonaro não faz isso porque ser de direita. A direita republicana não estupra mulheres, deputados de direita não se jactam de serem violadores, homens de direita republicana não dizem às mulheres que elas não servem nem para serem estupradas. Quem faz isso são fascistas, isto é, a direita não republicana que não respeita igualdade, liberdade, dignidade humana, Estado de direito. 

Bolsonaro tampouco o faz por ser conservador. Conservadores não se gabam de violar mulheres, nem exibem o seu poder fálico descontrolado para o Plenário da Câmara dos Deputados, urrando o seu direito de exercer um estupro punitivo de uma pessoa que é ao mesmo tempo mulher e uma colega deputada. 

Canalhas é que fazem coisas desse nível. Bolsonaro não é uma caricatura, nem um ponto fora da curva; Bolsonaro representa um novo estilo político, uma nova onda de políticos que proclamam-se orgulhosamente "contra o politicamente correto" enquanto se dão ao desfrute do politicamente canalha. 

Está mais do que na hora de esta gente ser contida. Fazer de Bolsonaro um exemplo seria um presente para a democracia. Não fazê-lo seria lhe conceder um "habeas corpus preventivo" para fazer coisas cada vez piores. Ou o Congresso se respeita, ou é melhor fechar as portas.


Fonte: Facebook

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