NOTÍCIA DO DIA
Soldado que foi exonerado da Polícia Militar, por ser considerado obeso, move ação contra Estado para retomar cargo
FOTO: RODRIGO CLEMENTE
"Sou formado em economia, mas faço questão do emprego porque amo a carreira militar", diz Oliveira
Depois de passar em um concurso público e exercer por seis anos a tão sonhada carreira militar, o economista Carlos Magno Oliveira, de 33 anos, trava uma batalha judicial para retomar o posto de soldado do 33º Batalhão da Polícia Militar, em Betim, na região metropolitana. Oliveira foi exonerado da corporação em novembro do ano passado, ao ser derrotado numa ação que o possibilitou ingressar na polícia mineira. Com 85 kg, os mesmos de 2004, quando foi aprovado no concurso da corporação, o ex-soldado foi considerado obeso, portanto, fora dos padrões.
O entrave que gerou a briga nos tribunais foi o Índice de Massa Corpórea (IMC) do ex-soldado: 30,1, considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como indicativo de obesidade de nível I. O IMC aceitável pela corporação varia entre 18,5 e 29,9. O ex-soldado questiona a reprovação e diz que foi considerado apto para o cargo ao ser aprovado nos testes físicos e psicológicos.
Ele afirma que a razão do seu sobrepeso é massa muscular, fruto de uma rotina de exercícios físicos pesados e não de gordura. "Sempre fiz esporte e lutas marciais. Tenho massa magra. Qualquer um que me ver vai entender que não estou gordo".
Em 2004, uma liminar permitiu que o ex-militar fizesse os testes físicos e psicológicos necessários para o ingresso na carreira militar e assim ele começou a atuar como policial.
A primeira vitória na guerra judicial veio três anos depois, quando uma perícia feita por um médico do Tribunal de Justiça e por outro especialista indicado pela própria PM atestou que o economista estava apto para o trabalho.
O Estado recorreu da decisão. Na nova sentença, de segunda instância, a desembargadora Tereza Cristina da Cunha Peixoto argumentou que a perícia não poderia ser considerada legal porque não refletia a condição física que o ex-soldado apresentava na época em que foi reprovado. "Acho injustiça porque não fui eu quem demorou para marcar a perícia", disse. O tenente-coronel Luis Junqueira, chefe do Centro de Recrutamento de Seleção da PM, informou que só depois de passar na prova escrita do concurso o candidato passa pela avaliação médica que calcula o IMC. Ele explicou que o candidato só passa para a fase dos testes físicos e, por fim, psicológicos quando é aprovado no critério do IMC. O ex-soldado, segundo ele, só seguiu no concurso amparado pela liminar.
A professora de nutrição Maria Isabel Correia, da UFMG, explica que a gordura magra é mais pesada do que a gordura gorda e, por isso, o IMC não é capaz de medir a obesidade de alguém. O capitão Felício do 33º batalhão, que comandou Oliveira ao longo dos últimos seis anos, disse que o policial tinha ótimo desempenho nas ruas. "O preparo físico dele era um dos melhores que já vi".
Cálculo Índice de Massa Corpórea (IMC) é a referência adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para medir a obesidade da população. O valor é calculado pela divisão do peso pela altura elevada ao quadrado
O entrave que gerou a briga nos tribunais foi o Índice de Massa Corpórea (IMC) do ex-soldado: 30,1, considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como indicativo de obesidade de nível I. O IMC aceitável pela corporação varia entre 18,5 e 29,9. O ex-soldado questiona a reprovação e diz que foi considerado apto para o cargo ao ser aprovado nos testes físicos e psicológicos.
Ele afirma que a razão do seu sobrepeso é massa muscular, fruto de uma rotina de exercícios físicos pesados e não de gordura. "Sempre fiz esporte e lutas marciais. Tenho massa magra. Qualquer um que me ver vai entender que não estou gordo".
Em 2004, uma liminar permitiu que o ex-militar fizesse os testes físicos e psicológicos necessários para o ingresso na carreira militar e assim ele começou a atuar como policial.
A primeira vitória na guerra judicial veio três anos depois, quando uma perícia feita por um médico do Tribunal de Justiça e por outro especialista indicado pela própria PM atestou que o economista estava apto para o trabalho.
O Estado recorreu da decisão. Na nova sentença, de segunda instância, a desembargadora Tereza Cristina da Cunha Peixoto argumentou que a perícia não poderia ser considerada legal porque não refletia a condição física que o ex-soldado apresentava na época em que foi reprovado. "Acho injustiça porque não fui eu quem demorou para marcar a perícia", disse. O tenente-coronel Luis Junqueira, chefe do Centro de Recrutamento de Seleção da PM, informou que só depois de passar na prova escrita do concurso o candidato passa pela avaliação médica que calcula o IMC. Ele explicou que o candidato só passa para a fase dos testes físicos e, por fim, psicológicos quando é aprovado no critério do IMC. O ex-soldado, segundo ele, só seguiu no concurso amparado pela liminar.
A professora de nutrição Maria Isabel Correia, da UFMG, explica que a gordura magra é mais pesada do que a gordura gorda e, por isso, o IMC não é capaz de medir a obesidade de alguém. O capitão Felício do 33º batalhão, que comandou Oliveira ao longo dos últimos seis anos, disse que o policial tinha ótimo desempenho nas ruas. "O preparo físico dele era um dos melhores que já vi".
Cálculo Índice de Massa Corpórea (IMC) é a referência adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para medir a obesidade da população. O valor é calculado pela divisão do peso pela altura elevada ao quadrado
Polícia tem programa para obesos
O diretor de saúde da Polícia Militar, major Vinícius de Oliveira Santos, conta que a preocupação com o peso dos militares tem sido uma constante. Mesmo sem ter números, ele constata que a quantidade de policiais obesos tem crescido e, por isso, há dois anos a corporação criou um Programa de Prevenção e Tratamento da Obesidade. O major não soube informar quantos profissionais estão inscritos atualmente no programa.
Depois de passar pelos exames periódicos que são feitos a cada dois anos, os policiais que são "flagrados" acima do peso, passam a ter um acompanhamento com endocrinologista, cardiologista e nutricionistas.
"As metas de desempenho físico exigidas variam de acordo com a idade dos militares. Se identificamos algum grau de obesidade no exame periódico, o policial tem todo o suporte com especialistas até voltar ao peso ideal", explica o major. (TT)
Depois de passar pelos exames periódicos que são feitos a cada dois anos, os policiais que são "flagrados" acima do peso, passam a ter um acompanhamento com endocrinologista, cardiologista e nutricionistas.
"As metas de desempenho físico exigidas variam de acordo com a idade dos militares. Se identificamos algum grau de obesidade no exame periódico, o policial tem todo o suporte com especialistas até voltar ao peso ideal", explica o major. (TT)
MINIENTREVISTA
"Corria atrás de bandido e sempre fui elogiado"
Carlos Magno Oliveira
ex-soldado
Em algum momento, o peso te atrapalhou a desenvolver o trabalho de policial?Não. Trabalhei em viatura e também nas bicicletas de patrulhamento. Corria atrás de bandido e sempre recebi elogios pelo meu trabalho. Essa decisão foi uma surpresa para mim e para todos do meu batalhão.
Você foi aprovado no teste periódico?
Fui aprovado em todos os testes físicos, que incluem corridas e abdominais, e também no teste psicológico.
O sr. considera que estava acima do peso?
Não. Meu peso pode ser elevado, mas tenho massa magra o que é diferente de ter gordura. Faço lutas marciais e tenho preparo físico. Não entendo como não levaram em consideração a perícia e o meu desempenho no trabalho.
Como o sr. está sobrevivendo?Estou fazendo bicos como segurança. Sou economista formado, mas minha paixão é a carreira militar.
O sr. recebeu algum tipo de acerto?
Não fui exonerado. O pior é que comprei um apartamento e o desconto vinha em folha. O juros eram de 2,5%. Agora, subiram para 10%.
ex-soldado
Em algum momento, o peso te atrapalhou a desenvolver o trabalho de policial?Não. Trabalhei em viatura e também nas bicicletas de patrulhamento. Corria atrás de bandido e sempre recebi elogios pelo meu trabalho. Essa decisão foi uma surpresa para mim e para todos do meu batalhão.
Você foi aprovado no teste periódico?
Fui aprovado em todos os testes físicos, que incluem corridas e abdominais, e também no teste psicológico.
O sr. considera que estava acima do peso?
Não. Meu peso pode ser elevado, mas tenho massa magra o que é diferente de ter gordura. Faço lutas marciais e tenho preparo físico. Não entendo como não levaram em consideração a perícia e o meu desempenho no trabalho.
Como o sr. está sobrevivendo?Estou fazendo bicos como segurança. Sou economista formado, mas minha paixão é a carreira militar.
O sr. recebeu algum tipo de acerto?
Não fui exonerado. O pior é que comprei um apartamento e o desconto vinha em folha. O juros eram de 2,5%. Agora, subiram para 10%.
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