Há no país um grupo de novos brasileiros que quase ninguém vê. Se tiverem sorte, nem a polícia. Os sérvios Goran Nesic e Dejan Stojanovic estavam nesse seleto time, até serem presos. Constavam em listas internacionais de procurados pela Justiça, mas, no Brasil, levavam uma vida quase protocolar. Evitavam relacionar-se com vizinhos e também não ostentavam todo o luxo que tinham. Casados com brasileiras, eles elegeram o estado de São Paulo para viver e comandar o lucrativo mercado do tráfico de drogas. A escolha levou em consideração a infraestrutura da capital e a localização geográfica em relação ao Porto de Santos. Uma agência de turismo na capital paulista garantia a fachada do negócio.
Durante dois anos, o grupo, formado por outros cidadãos da antiga República da Iugoslávia, foi monitorado pela Polícia Federal. Mesmo com visto de permanência no país, concedido pelo Ministério da Justiça, o grupo do Leste europeu usava documentos falsos – todos tinham vistos regularizados – para garantir a entrada e a saída do Brasil. Nesic, por exemplo, tinha quatro identidades falsas: duas sérvias, uma argentina e uma brasileira. A remessa de cocaína era feita pelo mar. A droga era comprada na Bolívia, passava pelo Brasil e seguia para a Europa e a África do Sul.
Cooptavam tripulantes estrangeiros de navios cargueiros ou de cruzeiros de turismo para transportar a carga. A cocaína era levada por tripulantes dos navios, escondida no corpo ou em bagagens de mão. Ou pelo método conhecido como “pescaria”, no qual a coca ia em flexboats (sofisticados botes infláveis com potentes motores de propulsão), à noite, até bem próximo do navio ancorado, para ser então “pescada” para o interior por algum tripulante aliciado pela quadrilha.
Outro método usado pelos criminosos que atuavam no Espírito Santo era o de ocultar drogas em blocos de granito e mármore para enviá-los à Europa. Uma fiscalização da Polícia Federal descobriu o esquema e foram encontrados no interior das rochas 179 pacotes de cocaína, totalizando 158,7kg do entorpecente.
Núcleos
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) identificaram a atuação de três núcleos no país, distribuídos em três estados. O cérebro ficava em São Paulo e era composto só por estrangeiros. Na Região Norte, brasileiros controlavam a chegada da droga e, no Espírito Santo, o grupo coordenava as ações portuárias. Os portos escolhidos geralmente eram do Sul. Cada uma das células era ainda subdividida entre financiadores e colaboradores. A investigação começou a partir de informações da Serious Organized Crime Agency (Soca), da Inglaterra, e contou com o apoio da Drug Enforcemente Administration (DEA) e das polícias da República Sérvia e da África do Sul.
Com o grupo, foram encontrados R$ 2 milhões e 620 quilos de cocaína. A Justiça acatou o pedido do bloqueio das contas bancárias, o sequestro de 31 imóveis, 15 veículos e três barcos. O patrimônio da organização é avaliado em R$ 16 milhões. Dos 29 denunciados pela Procuradoria da República em São Paulo, seis agiam no núcleo que operava no Espírito Santo e cinco pessoas em estados da Região Norte. A Justiça Federal desmembrou as denúncias relativas a esses réus e as remeteu às unidades da Federação correspondentes.
Durante dois anos, o grupo, formado por outros cidadãos da antiga República da Iugoslávia, foi monitorado pela Polícia Federal. Mesmo com visto de permanência no país, concedido pelo Ministério da Justiça, o grupo do Leste europeu usava documentos falsos – todos tinham vistos regularizados – para garantir a entrada e a saída do Brasil. Nesic, por exemplo, tinha quatro identidades falsas: duas sérvias, uma argentina e uma brasileira. A remessa de cocaína era feita pelo mar. A droga era comprada na Bolívia, passava pelo Brasil e seguia para a Europa e a África do Sul.
Cooptavam tripulantes estrangeiros de navios cargueiros ou de cruzeiros de turismo para transportar a carga. A cocaína era levada por tripulantes dos navios, escondida no corpo ou em bagagens de mão. Ou pelo método conhecido como “pescaria”, no qual a coca ia em flexboats (sofisticados botes infláveis com potentes motores de propulsão), à noite, até bem próximo do navio ancorado, para ser então “pescada” para o interior por algum tripulante aliciado pela quadrilha.
Outro método usado pelos criminosos que atuavam no Espírito Santo era o de ocultar drogas em blocos de granito e mármore para enviá-los à Europa. Uma fiscalização da Polícia Federal descobriu o esquema e foram encontrados no interior das rochas 179 pacotes de cocaína, totalizando 158,7kg do entorpecente.
Núcleos
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) identificaram a atuação de três núcleos no país, distribuídos em três estados. O cérebro ficava em São Paulo e era composto só por estrangeiros. Na Região Norte, brasileiros controlavam a chegada da droga e, no Espírito Santo, o grupo coordenava as ações portuárias. Os portos escolhidos geralmente eram do Sul. Cada uma das células era ainda subdividida entre financiadores e colaboradores. A investigação começou a partir de informações da Serious Organized Crime Agency (Soca), da Inglaterra, e contou com o apoio da Drug Enforcemente Administration (DEA) e das polícias da República Sérvia e da África do Sul.
Com o grupo, foram encontrados R$ 2 milhões e 620 quilos de cocaína. A Justiça acatou o pedido do bloqueio das contas bancárias, o sequestro de 31 imóveis, 15 veículos e três barcos. O patrimônio da organização é avaliado em R$ 16 milhões. Dos 29 denunciados pela Procuradoria da República em São Paulo, seis agiam no núcleo que operava no Espírito Santo e cinco pessoas em estados da Região Norte. A Justiça Federal desmembrou as denúncias relativas a esses réus e as remeteu às unidades da Federação correspondentes.
Publicação: 01/08/2011 06:12 Atualização: 01/08/2011 07:31
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