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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Com mais radares, multas aumentam 218% na capital

Flagrante.BHTrans aplicou 120.439 infrações a mais no primeiro trimestre deste ano na comparação com 2010
Média diária de flagrantes na cidade passou de 612 para 1.900 registros
Publicado no Jornal OTEMPO
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CLÁUDIA GIÚZA
Especial para O Tempo

FOTO: CHARLES SILVA DUARTE - 17.2.2011
Pé no freio. Cinquenta pardais espalhados pela cidade vigiam a velocidade dos carros; limite imposto pelos equipamentos é de 60 km/h
CHARLES SILVA DUARTE - 17.2.2011
Pé no freio. Cinquenta pardais espalhados pela cidade vigiam a velocidade dos carros; limite imposto pelos equipamentos é de 60 km/h
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Os 13 novos radares de controle de velocidade em Belo Horizonte, instalados desde agosto do ano passado, mostraram a que vieram. Levantamento feito pela Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) aponta que nos três primeiros meses deste ano, 175.562 motoristas foram pegos pelos 50 pardais espalhados pela cidade. O número é 218% maior que os computados no mesmo período de 2010 quando 37 equipamentos controlavam a velocidade dos carros na capital.
Entre janeiro e março do ano passado, os aparelhos haviam registrado 55.123 infrações. Pelos índices deste ano, a média diária de multas na capital é de 1.900, contra 612 do primeiro trimestre do ano passado. Os pardais são aferidos para flagrar todos os motoristas que trafegam acima de 60 km/h.
As estatísticas revelam que, mesmo mais vigiados, parte dos motoristas tem pisado fundo no acelerador. Enquanto no ano passado, 6,7% deles foram flagrados por dirigir entre 20% e 50% acima do limite estabelecido, neste ano esse índice aumentou para 11,5%. Os números, no entanto, mostram que a maioria dos condutores recebe multas por ultrapassar em até 20% a velocidade definida pela BHTrans. Dos 175.562 multados no primeiro trimestre de 2011, 88% não passaram de 72 km/h.
Para o especialista em trânsito e transportes José Aparecido Ribeiro, a BHTrans está usando a tecnologia para compensar o dinheiro que deixou de arrecadar com as autuações aplicadas pelos agentes de trânsito, proibidos de multar desde 2009. Ribeiro defende que a velocidade máxima tolerada pelos radares seja elevada de 60 km/h para 70 km/h. "Não sou contra os radares. Mas além de criar inúmeros gargalos no tráfego e não educar, os pardais são verdadeiras pegadinhas. Em muitos locais eles estão escondidos ou em pontos desnecessários".
O perito em trânsito Marco Paiva também defende os 70 km/h. Segundo ele, a essa velocidade o motorista não coloca em risco a segurança do trânsito. Ele explicou que o limite imposto nos radares deveria acompanhar o poder de frenagem dos carros. "O espaço de 3m que um carro precisa para frear a 60 km/h é o mesmo se ele estivesse a 70 km/h. A velocidade nem sempre é determinante nos acidentes. O maior problema são as manobras e alternâncias de faixas mal sinalizadas".
VigilânciaAlém dos 50 pardais em funcionamento, a BHTrans inaugurou, neste ano, outros 28 equipamentos para vigiar o comportamento dos motoristas. Confira quais são os aparelhos em funcionamento atualmente:
Busway
. Quatro radares flagram os motoristas que circulam pelas pistas exclusivas de ônibus na avenida Nossa Senhora do Carmo, no Sion.
Avanço de sinal. Vinte e três equipamentos multam os condutores que "furam" os sinais vermelhos. As infrações cometidas entre 0h e 5h, no entanto, não estão são consideradas.
Radar-surpresa. Um equipamento instalado em um Fiat Doblò circula pela cidade e registra os flagrantes de excesso de velocidade.
Arrecadação
Aumento. No primeiro trimestre de 2010, o município arrecadou R$ 3,921 milhões em multas geradas por radares. De janeiro a março de 2011, o valor foi de R$ 8,347 milhões. O que representa 112,87% a mais.
Lesões
Médico defende limite de 60 km/h para carros
O médico Dirceu Rodrigues Alves Júnior, membro da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), defende que a velocidade máxima permitida nos grandes corredores de circulação seja mesmo de 60 km/h. Segundo ele, a medida reduz a profundidade das lesões nas vítimas de trânsito.
O médico explica que em uma colisão frontal, em uma velocidade média de 30 km/h, um homem de 70 kg, ao ser projetado dentro do veículo, tem o seu peso aumentado em 20 vezes. "A diferença de 10 km/h é vital. Permitir que os motoristas trafeguem a 70 km/h pode acarretar prejuízos irreversíveis".
O especialista disse que os radares ainda são a melhor forma de proporcionar a segurança no trânsito.
Quanto ao valor arrecadado pelos redutores de velocidade, o médico é implacável. "Radar não foi feito para alimentar a indústria da multa. O dinheiro precisa ser aplicado em educação para o trânsito". (CG)
BHTrans diz que frota impactou
A BHTrans justifica que o crescimento da frota de veículos em Belo Horizonte impactou no aumento de multas por radares.
Segundo o órgão, em março de 2010, existiam 1.241.989 carros na cidade. Neste ano, o número de veículos subiu para 1,330 milhão.
De acordo com o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), mensalmente 10 mil veículos são emplacados em Belo Horizonte. (CG)

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