Padrões capitalistas
Já faz algum tempo que o mundo vem passando por mudanças. Aquilo que há alguns anos era debatido pelas crianças dentro das salas de aula e pelos universitários nas faculdades hoje, passa desapercebido dos olhos dos mais intelectuais do país.
Parece que os ídolos do futebol, os famosos de reality show e os cantores de musica sertaneja são mais importantes do que as transformações políticas e econômicas que estão diante dos olhos de todos.
Não faz muito tempo que houve a queda do muro de Berlim e o inicio da nova ordem mundial, com o fim da guerra fria e a vitória do capitalismo. Nessa época, houve um alvoroço intelectual no país com diversos debates e estudos sobre os rumos do planeta e das nações.
Hoje, a história é diferente. O individualismo e a cultura capitalista das futilidades e das coisas obsoletas favorecem a falta de intelectualidade e a vontade social do mais do mesmo, ou seja, nada é novo e tudo é igual ao que já foi.
A falta de criatividade e a mesmice ficam evidentes nas artes. Músicas, filmes, novelas e todo o tipo de expressão artística parecem mais cópias do passado do que inovações. O que prevalece hoje é o capital, ou seja, tudo é feito pensando-se no lucro e não no desenvolvimento social, econômico ou cultural. Não se inova porque se tem medo de falhar, pois falhas significam prejuízos. Ter capital é o que importa.
E é justamente por isso que ninguém percebe que a democracia do Ocidente está no fim.
Enquanto o temido eixo do mau imperialista e mulçumano vencido, não pela guerra, mas pelo capital, luta para realizar o sonho americano de seus povos e se tornar democrático, o Ocidente que vê na democracia a melhor forma de governo está aderindo a “ditadura”. Não a ditadura clássica, mas sim o império do capital.
Veja-se que países como Egito, Libia e Siria estão passando por transformações e motivadas pelo anseio do povo por liberdade e democracia. Mas não se trata da liberdade e da democracia dos livros e, sim de liberdade e democracia para consumir.
Quando a primeira revolta no Egito iniciou e o povo pediu a saída do ditador, foi veiculado na mídia que as comunicações entre os protestantes se davam através da internet e que muitos dos anúncios envolviam a possibilidade do povo adquirir bens com o advento da democracia. A China tratou imediatamente de bloquear e monitorar a internet de seu país com medo de que ocorresse o mesmo por lá.
Enquanto tudo isso acontece no mundo mulçumano, no mundo ocidental parece que a coisa é outra. A crise econômica deixou claro que o sistema político dos países democráticos é dominado pelo capital, ou seja, a partir do momento que seus povos perderam sua capacidade de consumo e o crédito diminuiu as crises começaram.
EUA e Europa tiveram que reajustar suas contas sonegando direitos de seus cidadãos para se enquadrar no ajuste fiscal e evitar o fim do sistema financeiro que financia em verdade, o consumo. Assim sendo, pode-se estar diante do inicio do imperialismo do capital.
Mais grave ainda são os casos como o da Argentina, Venezuela e Bolívia que estatizaram companhias internacionais sem qualquer pagamento em troca do investimento feito pelos investidores dessas empresas. O discurso é sempre o mesmo, nas mãos do governo, os serviços e produtos oferecidos por essas empresas privadas internacionais ficarão mais baratos.
Mas a verdade é outra, esses governos têm interesse que seu mercado local continue consumindo e para tanto, bancam subsídios, pois temem a recessão. Com isso também inflamam o populismo local e ganham apoio em suas reeleições.
Não é de hoje que se sabe que as grandes empresas detentoras do capital ditam as regras do futuro da sociedade e das políticas econômicas. Empresas com PIB maior que de muitos países financiam candidaturas e devastam o globo com o simples objetivo de produzir e vender, para o fim de acumular mais capital.
Essas empresas é que incentivam revoltas com comerciais de famílias felizes usando seus produtos. Hoje a democracia está mais ligada ao consumo e a um modelo de vida capitalista do que aos princípios ideológicos de sua criação. As pessoas só são felizes se possuem bens, a criatividade e o intelecto de nada adiantam se não há o capital.
Com isso, governos moldam suas políticas econômicas para atender as necessidades do capital. Esse modelo está atingindo seu nível critico ao ponto de que direitos estão sendo suprimidos pelos governantes para que o sistema continue funcionando.
O império do capital percebeu que a melhor forma de aumentar seus lucros é pressionar os governos através de crises e ameaças para que de forma arbitraria tomem decisões que só levam ao aumento do consumo em detrimento a outras políticas, como a da educação de seus povos e do desenvolvimento humano. Com isso, criam gerações inteiras que deixam de pensar e vivem o modelo ideal, que é o do consumo.
Por outro lado, seduzem países ainda timidamente consumistas a desejar o consumo disfarçado de democracia, enquanto utilizam-se da mão de obra escrava desses mesmos países para produzir seus produtos.
Concluí-se, portanto, que o mundo está passando por uma nova transformação, desapercebida da grande maioria, mas fundamental para o futuro de todos. Um futuro dominado pelo modelo capitalista de consumo, onde a democracia (liberdade) consiste em se enquadrar no padrão pré-definido de consumidor, mesmo que para isso sejam sonegados alguns direitos sociais pelos governos, que montam suas políticas visando incentivar o sistema financeiro capitalista.
Deve-se pensar em uma nova forma de fomentar o desenvolvimento econômico-social, sem a necessidade de se criar um padrão social ou decotar direitos. Quando se cria um padrão, se mata a criatividade e se tosa a liberdade, pois todos param de pensar e, sem o pensamento livre, não há democracia.
Parece que os ídolos do futebol, os famosos de reality show e os cantores de musica sertaneja são mais importantes do que as transformações políticas e econômicas que estão diante dos olhos de todos.
Não faz muito tempo que houve a queda do muro de Berlim e o inicio da nova ordem mundial, com o fim da guerra fria e a vitória do capitalismo. Nessa época, houve um alvoroço intelectual no país com diversos debates e estudos sobre os rumos do planeta e das nações.
Hoje, a história é diferente. O individualismo e a cultura capitalista das futilidades e das coisas obsoletas favorecem a falta de intelectualidade e a vontade social do mais do mesmo, ou seja, nada é novo e tudo é igual ao que já foi.
A falta de criatividade e a mesmice ficam evidentes nas artes. Músicas, filmes, novelas e todo o tipo de expressão artística parecem mais cópias do passado do que inovações. O que prevalece hoje é o capital, ou seja, tudo é feito pensando-se no lucro e não no desenvolvimento social, econômico ou cultural. Não se inova porque se tem medo de falhar, pois falhas significam prejuízos. Ter capital é o que importa.
E é justamente por isso que ninguém percebe que a democracia do Ocidente está no fim.
Enquanto o temido eixo do mau imperialista e mulçumano vencido, não pela guerra, mas pelo capital, luta para realizar o sonho americano de seus povos e se tornar democrático, o Ocidente que vê na democracia a melhor forma de governo está aderindo a “ditadura”. Não a ditadura clássica, mas sim o império do capital.
Veja-se que países como Egito, Libia e Siria estão passando por transformações e motivadas pelo anseio do povo por liberdade e democracia. Mas não se trata da liberdade e da democracia dos livros e, sim de liberdade e democracia para consumir.
Quando a primeira revolta no Egito iniciou e o povo pediu a saída do ditador, foi veiculado na mídia que as comunicações entre os protestantes se davam através da internet e que muitos dos anúncios envolviam a possibilidade do povo adquirir bens com o advento da democracia. A China tratou imediatamente de bloquear e monitorar a internet de seu país com medo de que ocorresse o mesmo por lá.
Enquanto tudo isso acontece no mundo mulçumano, no mundo ocidental parece que a coisa é outra. A crise econômica deixou claro que o sistema político dos países democráticos é dominado pelo capital, ou seja, a partir do momento que seus povos perderam sua capacidade de consumo e o crédito diminuiu as crises começaram.
EUA e Europa tiveram que reajustar suas contas sonegando direitos de seus cidadãos para se enquadrar no ajuste fiscal e evitar o fim do sistema financeiro que financia em verdade, o consumo. Assim sendo, pode-se estar diante do inicio do imperialismo do capital.
Mais grave ainda são os casos como o da Argentina, Venezuela e Bolívia que estatizaram companhias internacionais sem qualquer pagamento em troca do investimento feito pelos investidores dessas empresas. O discurso é sempre o mesmo, nas mãos do governo, os serviços e produtos oferecidos por essas empresas privadas internacionais ficarão mais baratos.
Mas a verdade é outra, esses governos têm interesse que seu mercado local continue consumindo e para tanto, bancam subsídios, pois temem a recessão. Com isso também inflamam o populismo local e ganham apoio em suas reeleições.
Não é de hoje que se sabe que as grandes empresas detentoras do capital ditam as regras do futuro da sociedade e das políticas econômicas. Empresas com PIB maior que de muitos países financiam candidaturas e devastam o globo com o simples objetivo de produzir e vender, para o fim de acumular mais capital.
Essas empresas é que incentivam revoltas com comerciais de famílias felizes usando seus produtos. Hoje a democracia está mais ligada ao consumo e a um modelo de vida capitalista do que aos princípios ideológicos de sua criação. As pessoas só são felizes se possuem bens, a criatividade e o intelecto de nada adiantam se não há o capital.
Com isso, governos moldam suas políticas econômicas para atender as necessidades do capital. Esse modelo está atingindo seu nível critico ao ponto de que direitos estão sendo suprimidos pelos governantes para que o sistema continue funcionando.
O império do capital percebeu que a melhor forma de aumentar seus lucros é pressionar os governos através de crises e ameaças para que de forma arbitraria tomem decisões que só levam ao aumento do consumo em detrimento a outras políticas, como a da educação de seus povos e do desenvolvimento humano. Com isso, criam gerações inteiras que deixam de pensar e vivem o modelo ideal, que é o do consumo.
Por outro lado, seduzem países ainda timidamente consumistas a desejar o consumo disfarçado de democracia, enquanto utilizam-se da mão de obra escrava desses mesmos países para produzir seus produtos.
Concluí-se, portanto, que o mundo está passando por uma nova transformação, desapercebida da grande maioria, mas fundamental para o futuro de todos. Um futuro dominado pelo modelo capitalista de consumo, onde a democracia (liberdade) consiste em se enquadrar no padrão pré-definido de consumidor, mesmo que para isso sejam sonegados alguns direitos sociais pelos governos, que montam suas políticas visando incentivar o sistema financeiro capitalista.
Deve-se pensar em uma nova forma de fomentar o desenvolvimento econômico-social, sem a necessidade de se criar um padrão social ou decotar direitos. Quando se cria um padrão, se mata a criatividade e se tosa a liberdade, pois todos param de pensar e, sem o pensamento livre, não há democracia.
João Roberto Ferreira Franco é coordenador de Direito Empresarial da Comissão do Jovem Advogado da OAB-SP, defensor e instrutor do Tribunal de Ética e Disciplina V e VI da OAB-SP, e advogado do escritório Lodovico Advogados Associados.
Revista Consultor Jurídico
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