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sábado, 21 de julho de 2012

Inovação no judiciário mineiro


Sul de MG

José Malmann se preocupa com a ressocialização dos presos da cidade

JOHNATAN CASTRO
AAFOTO: BLOG VALE INDEPENDENTE / DIVULGAÇÃO
Experiência. José Henrique Malmann é gaúcho; há dez anos trabalha como juiz no interior de Minas

Nos projetos que o juiz José Henrique Malmann têm desenvolvido na pequena cidade de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, quase sempre há o envolvimento dos detentos do município. E, para o titular da 2ª Vara Cível, Criminal e da Infância e da Juventude de Santa Rita, a recuperação dos presos é apenas resultado de um trabalho que visa trazer dignidade e respeito para essas pessoas. "O que eu tento é tirar a ociosidade, que é o nosso calcanhar de aquiles", disse o juiz, de 47 anos, que há dez se dedica à magistratura em comarcas do Estado.

Com essa forma de pensar, Malmann, natural de Cruzeiro do Sul - município gaúcho de apenas 12 mil moradores - tem ganhado espaço na mídia. Entre as medidas que chegaram a jornais e emissoras de TV, está a determinação para que os presos trabalhem e destinem parte do salário às vítimas de seus crimes. "Estou tentando implementar essa cultura do trabalho. Fizemos, inclusive, um mutirão de limpeza em um rio da cidade, com alunos de escolas públicas e presos". O juiz ainda é o idealizador do projeto Pedalando para a Liberdade, que colocou os detentos para pedalar e gerar energia elétrica. Assim, eles têm parte da pena reduzida. A ideia, afirmou Malmann, foi retirada de uma pesquisa na internet.

Para completar, a comarca foi a primeira a liberar o casamento homossexual sem a necessidade de ações judiciais. "A sociedade está passando por uma mudança de valores. O Judiciário é um Poder conservador. Mas acho que já foi bem pior. O antigo juiz, aquele inatingível, não deve existir mais", explicou Mallmann, que está há quase um ano em Santa Rita do Sapucaí.

Início. A primeira experiência do juiz com projetos de recuperação surgiu em 2002, na cidade de Uberlândia, no triângulo Mineiro, primeira comarca assumida por ele depois de sete anos trabalhando como advogado no Rio Grande do Sul. Lá, ele criou uma fazenda com mais de 500 hectares onde detentos produziam alimentos. Malmann passou ainda pelos municípios de Rio Pardo de Minas, no Norte do Estado, e João Pinheiro, no Noroeste. "Em João Pinheiro, fizemos a restauração da igreja mais antiga da cidade. Conseguimos R$ 164 mil em doações".

Casado, pai de três filhos e já avô, o juiz ressaltou que o trabalho em cidades do interior traz dificuldades, mas não impede a concretização dos projetos. "A falta de estrutura é geral. A profissão também tem sido vista com maus olhos, e isso me deixa triste. Mas é preciso trabalhar. A recuperação de pessoas é fruto do trabalho".


Ajuda
Terceiro setor fomenta as ideias
Para colocar em prática muitas de suas ideias, o juiz José Henrique Malmann, da comarca de Santa Rita do Sapucaí, recorre a doação de Organizações Não Governamentais (ONG) e até mesmo de empresários dispostos a contribuir. "Acho que isso é uma opção interessante. Tem quem critique, mas, entre mudar as coisas com ajuda de doações e não mudar nada por falta de verba, prefiro a primeira opção", afirmou.

Revitalizações no presídio da cidade, dinheiro para pagar o trabalho dos presos e equipamentos para montar as bicicletas que geram energia estão entre as contribuições recebidas por Malmann.

Preocupado com a juventude do município, o magistrado confessou ter uma vontade. "Estou acalentando o sonho de introduzir as bicicletas adaptadas nas aulas de educação física de escolas da cidade. Quem sabe alguém nos ajuda a gerar energia para quadras de esportes e outros espaços", disse, ressaltando que o empenho só aumenta a responsabilidade. "Tem que ter mais cautela, mais zelo. Tem que ser um exemplo. Mas acho que essa é a função de um juiz. Em uma cidade pequena, você acaba se tornando o padre, o psicólogo das pessoas". (JHC)

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