Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Uma manifestação sobre a Polícia Militar que traduz o clima e o sentimento de menos valia dos praças


29/06/2012, foi meu último dia de trabalho na ativa da PMMG. Após 26 anos e 04 meses de serviço, estou sendo transferido para a reserva remunerada. Mas não é sem pesar que isso acontece, pois com 48 anos de idade sei que ainda poderia 'render' um pouco mais. Sou Subtenente há 06 anos e percebo que a PM atualmente incentiva muito os jovens policiais a progredirem na carreira, mas quanto aos mais velhos, os 'convida' a irem embora.

Sem direito a mais nenhuma promoção na ativa e com a pressão do trabalho (risco de vida, cobranças, carga horária, perseguições, etc), minha situação se traduz em um belo convite para ‘pedir a conta’, deixar a farda pendurada no guarda-roupas como um souvenir, e dar novo rumo à minha vida. Na mesma direção e sentido, o ato de transferência para a reserva me agracia com uma última promoção, acrescida do 6° QQ e do Adicional Trintenário, o que me empurra com mais força para a inatividade. Esse contexto, em palavras simples, resulta na absoluta falta de incentivo pra permanecer na ativa, mas com vários para sair.


Isso não é lógico.


Porque a PMMG não estende o plano de progressão na carreira dos praças da ativa até o oficialato? Porque as vagas do CHO não se dividem em um terço por antiguidade, independente do tempo na PM, e dois terços por merecimento? Se isso acontecesse, as promoções seriam mais rápidas e todos teriam incentivo para permanecer na ativa até o último dia possível, mesmo que os direitos resultantes da transferência para a inatividade ainda continuem atraentes. E tenho certeza que muitos militares compartilham da mesma ideia. Eu mesmo já cheguei a encaminhar mensagem com essa proposta ao ex-Cmt Geral, Sr Cel Renato, com cópia ao então Chefe do EM, Sr Cel Sant’anna, entretanto, eles sequer se dignaram a me responder...


Quero deixar claro que não estou sugerindo o corte dos direitos adquiridos com a inatividade, mas em aumento dos incentivos para a permanência na ativa. Em qualquer outra atividade profissional, inclusive nas Forças Armadas, as pessoas são motivadas a continuar produzindo enquanto tem saúde para o trabalho. Isso redunda na manutenção e incremento do funcionário experiente em áreas de chefia, com melhoria da qualidade do serviço prestado pela empresa/corporação. Qualquer empresa responsável tem interesse em manter os bons funcionários em sua equipe. Mas na PMMG, colocam barreiras e mais barreiras para impedir que os praças alcancem o oficialato pleno (como se o oficialato fosse restrito a um seleto grupo de selecionados por Deus, como se super dotados ou super humanos fossem). Mesmo os oficiais do CHO não são comparados aos do CFO, sendo comumente subvalorizados, e até menosprezados. Se não fossem poderiam continuar progredindo na carreira.


Agora, no final de tudo, só posso olhar pra trás e ver que combati o bom combate, completei a carreira, mas perdi a fé nessa Corporação. Mesmo que me orgulhe (e me orgulho mesmo!) de ter trabalhado na PMMG, levo para a reserva um gosto amargo em minha boca. Os que foram antes de mim, num passado próximo, também estavam amargurados e NENHUM DELES se arrependeu de ter saído. E muitos dos que ainda estão na ativa me confidenciaram sentir uma certa inveja da minha nova condição, pois se pudessem, sairiam imediatamente. Alguns deles chegaram a averbar TODOS os meses de férias-prêmio que dispunham, inclusive os remuneráveis, abrindo mão de receber essa espécie de “fundo de garantia”, com o fito de antecipar sua saída o máximo possível. Essa não é a mesma PMMG em que eu ingressei em 1986. Os colegas daquela época faziam questão de cumprir 30 anos de serviço pela satisfação de trabalhar na Corporação (a tal ponto que muitos adoeceram e até morreram pouco tempo depois de se aposentarem). Mas isso mudou. E mudou radicalmente. E é uma pena que tenha acontecido.


Quanto a mim, agora só me resta olhar pra frente e tentar ser útil e produtivo de outra forma, em outra função, enquanto tenho saúde pra isso. Acaba aqui minha história na PMMG. O que restar, será apenas lembrança.


Que Deus abençoe a todos nós.


Agradeço imensamente a você Renata, se publicar isso. Boa noite a todos.
Fotos de Renata Pimenta
Fonte: Blog da Renata Pimenta

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