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quarta-feira, 11 de julho de 2012

FH, o prêmio e o imposto


Ao receber o prêmio Kluge, concedido pela Biblioteca do Congresso dos EUA, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que os partidos brasileiros perderam a definição ideológica. Questionado sobre o destino do prêmio de US$ 1 milhão, brincou: "Dei 27,5% ao governo, espero que saiba usar."

"Partidos estão crescentemente sendo siglas"

Ao receber prêmio nos EUA, FH critica legendas e ironiza imposto de renda: "Dei ao governo 27,5%, espero que ele saiba usar"

Flávia Barbosa

WASHINGTON . O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou ontem os partidos políticos brasileiros, que, "de maneira preocupante", se converteram em simples siglas, que se abstêm do debate sobre temas fundamentais e dão pouca ênfase a programas de governo. Para ele, que respondia a uma pergunta sobre possível parceria eleitoral nacional entre o PSDB e o PSB, as alianças estabelecidas para os pleitos municipais muitas vezes refletem esta falta de compromisso, pois o interesse dos partidos é pautado por questões provinciais e se resume a "buscar maximizar suas chances eleitorais".

FH recebeu da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, o Prêmio Kluge de contribuição às Ciências Sociais. Concedido pela primeira vez em 2003, o prêmio pretende ser um Nobel da área de humanas e oferece US$ 1 milhão. O ex-presidente é o primeiro brasileiro agraciado, de sete premiados até hoje, e foi reconhecido pelo trabalho como sociólogo e líder político.

Para FH, é prematuro dizer se a aliança nacional entre PSDB e PSB vai vingar. Os tucanos caminham com o PSB em Minas, lembrou, mas as circunstâncias não devem ser extrapoladas, pois "a vocação nacional dos partidos brasileiros na eleição municipal desaparece":

- Não dá para avaliar o que vai acontecer em termos de alianças futuras com base no que está sendo feito agora. Agora cada um vai buscar maximizar suas chances eleitorais, sem se preocupar muito com o que vai acontecer depois. E menos ainda se há choques nas visões dos partidos, inclusive porque essas visões estão se diluindo de maneira, para mim, preocupante. Os partidos estão crescentemente sendo siglas. Qual é a posição que está por trás, o conteúdo programático, a visão real? Vai ter, em certos momentos, mas muitas vezes o partido não expressa isso mais.

Sobre o prêmio, entregue ontem, FH agradeceu e dividiu com o Brasil a honra:

- Acredito que se deve não só a mim, mas à proeminência do Brasil. Obviamente, devo ter algum valor, que não vou julgar, mas este valor isoladamente não daria prêmio.

Perguntando se já tinha decidido o que fazer com o US$ 1 milhão, FH brincou:

- Ainda não. Mas dei 27,5% ao governo, espero que ele saiba usar.

FONTE: O GLOBO

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