Aparentemente, contrasta com o vasto apoio popular obtido por Lula nos seus dois governos, a fotografia sacada com Maluf na ânsia de fazer Haddad Prefeito de São Paulo. Não fosse isso, Dilma bate recordes de popularidade pesquisa à pesquisa o que, na primeira vista, tornaria desnecessário o símbolo (des)construído pelo mais alto referencial do PTismo. A foto Lula/Maluf é a expressão da política hermafrodita.
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É verdade que nos Estados onde o PT atualmente governa as coisas ou acontecem porque o Governo Federal faz acontecer, ou não acontecem! As dificuldades que os Governadores PTistas estão encontrando para indicarem candidatos viáveis às prefeituras das suas capitais é algo a ser pensado do ponto de vista do fenômeno político institucional que foi o PT nos últimos vinte e poucos anos no Brasil.
A crescente aliança de um partido (antes)socialista — social democrata ainda é a melhor definição — e ligado às comunidades eclesiais de base e aos sindicatos progressitas – seus fundadores – às correntes neopentecostais e ao malufismo é um convite à reflexão sobre o destino desta experiência que representou (o tempo do verbo é esse mesmo) as possibilidades de inflexão do Brasil à esquerda.
Mais do que em qualquer tempo, tirando o Governo Federal que é de um pragmatismo sem limites (e eficiente, diga-se de passagem), os demais governos do PT e seus aliados tem se demonstrado “governos de estilo rococó”, ou seja, onde as formas e os torneados assumem valor em si mesmas. A substância da administração pública perde-se em repúblicas de parcerias que se estendem por todas as extremidades do leque, quero dizer, não há mais diferenças perceptíveis entre os que ocupam os governos antes com uma tonalidade de esquerda, ou melhor, para a esquerda e quaisquer outros: não são o mesmo, mas são iguais.
Digo isso na medida em que tais governos caracterizavam-se por políticas de nítida postura inclusivista e organizavam suas políticas para a disponibilização de bens e serviços aos menos aquinhoados. Isso, de fato, mudou, e mudou com radicalidade.
Não faço aqui uma defesa dos governos do PT de antigamente. Proponho uma revisitada na institucionalidade nova que vai surgindo deste gosto pelo poder formal e pelo desprezo às posturas identitárias — com sentimento de pertença — e, portanto, desprezo às lealdades políticas, programas, posturas e ideias sobre o que se quer ou sobre o que se deseja da sociedade e do Estado.
No Rio Grande do Sul, e com certeza em tantos outros lugares — ou na maioria dos lugares — onde o PT governa é difícil diferenciar o grande latifúndio e o grande capital do mundo do trabalho. Será isso bom, ou ruim? Ruim!, do meu ponto de vista. Onde todos são iguais perde-se a diferença indutora do avanço e da superação; a dialética da diferença é essencial para o progresso da humanidade.
Na verdade encontramos discursos “a la violinista”, ou seja, seguram com a esquerda e tocam com a direita com o único propósito de afirmarem formas e de negarem a substancialidade das políticas públicas exigidas pela maioria da população. A isso chamo de “governos rococó”.
Rapadas as melenas dos discursantes com o pente fino da boa crítica, pouco sobraria além de lêndeas e moedinhas de um centavo, que nem sei se ainda existem. Se, pelo menos, houvesse investimentos pesados em educação, saúde e segurança, ainda toleraria caras desfiguradas, falas sobradas e fotografias pornográficas produzidas pela (in)política cotidiana, cada vez mais hermafrodita.
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