O Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) sustenta que o governo mineiro não conseguiu comprovar a viabilidade econômica do Independência e afirma que a construção de um novo estádio em outro terreno poderia ter saído ao valor de R$ 70 milhões, portanto, menos da metade dos R$ 146 milhões pagos pelo Estado para a reforma do estádio em terreno do América Futebol clube. 

Além disso, em 20 anos (contados a partir de 2010) toda a obra feita pelo governo será de propriedade do América, conforme o contrato de uso do terreno. O início das obras foi autorizado pelo então governador Aécio Neves (PSDB), hoje senador, em 22 de janeiro de 2010.

Ontem, o Hoje em Dia mostrou com exclusividade relatório do TCE que aponta direcionamento da licitação da segunda fase das obras do estádio. A matéria provocou uma nova linha de investigação pelo Ministério Público Estadual.

Técnicos do TCE também analisaram o estudo de viabilidade econômica apresentado pelo governo, na gestão do ex-governador Aécio Neves (PSDB), hoje senador. Eles chegaram à conclusão de que não ficou comprovado ser um bom negócio ao Estado. As afirmações estão em um dos três relatórios de auditoria sobre o caso. 
 


“Conforme cálculos apresentados no estudo, o valor de retorno ao Estado de 35% do valor investido, além dos ‘benefícios sociais’, não foi comparado com o valor de 19% do valor investido que seria revertido ao Estado no caso da construção de um novo estádio em outra área, considerados os mesmos ‘benefícios sociais’, e, principalmente, o valor desse patrimônio, que, nesse caso, seria de propriedade do Estado. O valor desse patrimônio seria estimado, pelo menos, pelo seu custo total de construção somado ao de aquisição do terreno, o que totalizaria aproximadamente R$ 70.000.000”, diz trecho do relatório. 

Para se ter uma ideia, o estádio de Muriaé, na Zona da Mata mineira, custou R$ 10 milhões e recebeu jogos de clubes como Cruzeiro e Flamengo. A capacidade é para 14 mil pessoas. O Independência tem capacidade para 25 mil torcedores. 

“Considera-se como agravante o fato de que, após transcorridos os 20 anos e três meses, o Estado continuaria com os problemas sociais não resolvidos, pois o novo estádio retornará ao América Futebol Clube, o que não ocorreria se esse fosse construído em terreno público”, afirmou o relatório. 

O estádio do Independência foi demolido e, no local, erguido um outro complexo. O terreno é do América Futebol Clube. 

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Ministério Público vai apurar direcionamento em licitações, e PSDB nega irregularidades

O Ministério Público Estadual abriu uma investigação para apurar a suspeita de direcionamento da licitação para a construção da segunda etapa do Independência e a possibilidade de ocorrência semelhante em outros certames. O Hoje em Dia mostrou que a construtora Waldemar Polizzi pode ter atuado para direcionar o certame à Andrade Valladares, conforme conclusão do TCE. A empresa tem sócio administrador preso e o antigo proprietário é familiar do ex-governador Antonio Anastasia, hoje senador. Na edição de ontem, o PSDB negou irregularidades ou direcionamento em licitações.

Sobre a desvantagem econômica referente à reforma do Independência, o partido informou que “não há dúvidas de que a reforma e modernização do Independência saiu muito mais em conta do que média dos demais estádios do mesmo padrão. Basta ver o valor final por assento do novo Independência, que ficou em cerca de R$ 6.478,00, pouco mais da metade da média do custo por assento nos estádios reformados para a Copa do Mundo de 2014, que foi de R$ 11.690,00”. O partido, que responde pelos ex-governadores Aécio e Anastasia, encaminhou uma planilha de custos de assentos em que o do Independência é o mais barato. 

O Tribunal de Contas afirma, em relatório, que o Independência não foi um estádio usado na Copa e deveria ser mais barato. Ele foi reformado com o intuito de aguardar a conclusão da obra do Mineirão, que abrigaria os jogos do Mundial. O Mineirão teve que cumprir as exigências da Fifa. O TCE apontou superfaturamento em vários itens da obra do Independência. A construtora Andrade Valladares não se manifestou.