Mãe da criança deixou menino com filhas mais velhas e foi trabalhar.
Um GCM foi preso em flagrante e liberado após pagar fiança.
Do G1 São Paulo
A mãe do menino de 11 anos, que foi morto por guardas civis metropolitanos na manhã deste domingo (26), em Guaianazes, na Zona Leste de São Paulo, durante uma perseguição, disse que ele saiu escondido de casa. Um dos guardas foi preso em flagrante, mas liberado logo em seguida após pagamento de fiança.
Waldik estava dentro de um carro e a suspeita é que ele estava na companhia de ladrões. Ele faria 12 anos no dia 13 de agosto. O corpo da criança está no IML (Instituto Médico Legal) Leste e familiares aguardam a liberação. O velório irá ocorrer no Cemitério da Vila Formosa na manhã desta segunda (27) e o enterro está previsto para as 16h.
Dona Orlanda Correia Silva, mãe de Waldik, conta que a última vez que viu o filho foi no sábado à noite (25) quando saiu para trabalhar. Ela disse que o menino saiu escondido de casa, após uma irmã mais velha proibir sua saída e trancar a porta.
A mãe do menino afirmou que não conhece os dois homens que estavam com seu filho e nem reconheceu o carro em que o garoto estava.
“A gente tava assim tentando tirar ele da rua. Já tava até conseguindo, mas aí aconteceu o que aconteceu”, disse Dona Orlanda. A mãe contou que se preocupava com o filho. “Tinha [preocupação com ele], porque ele andava em má companhia”, afirmou ela. A criança era a oitava de nove filhos.
"Eu quero Justiça, né? Porque eles não revidaram", afirmou a mãe. Segundo ela, uma testemunha contou que apenas os GCMs atiraram.
Em depoimento, os guardas afirmaram que foram acionados por um motociclista, que disse ter sido assaltado por homens em um carro. Os guardas encontraram o carro descrito pela vítima e iniciaram a perseguição. Os suspeitos teriam atirado e, por isso, reagiram. À Rádio Estadão, o prefeito Fernando Haddad disse na manhã desta segunda-feira (27) que a "abordagem da GCM foi equivocada".
No site da Prefeitura, a missão primordial da Guarda Civil Metropolitana é a "proteção de bens, serviços e instalações municipais, conforme previsto no Art. 144 da Constituição Federal".
Em 2014, a presidente Dilma Rousseff sancinou lei que amplia os poderes das guardas civis, estendendo a elas o poder de polícia e também o porte de armas.
Na prática, a nova lei autoriza esses profissionais a atuarem não apenas na segurança patrimonial (de bens, serviços e instalações), mas também na preservação da vida, na proteção da população e no patrulhamento preventivo. Além disso, a lei atende à reivindicação da categoria ao estruturá-la em carreira única, com progressão funcional e ocupação de cargos em comissão somente pelos próprios agentes.
Na ocasião, o Ministério Público Federal e os comandantes das Polícias Militares do país contestaram a constitucionalidade da lei.
Carro onde um menino de 11 anos foi morto por guardas civis metropolitanos (Foto: Ariel de Castro/Arquivo Pessoal)
Crime
O menor estava na Rua Regresso Feliz, em Guaianases, na Zona Leste da capital, quando foi morto. A polícia disse que ele estava no banco traseiro do veículo. Eles estava com dois homens no carro, que conseguiram fugir.
Uma foto tirada pelo Conselho de Direitos Humanos mostra a marca de uma bala no vidro traseiro. O tiro foi dado por uma equipe da Guarda Civil Metropolitana. Um guarda civil metropolitano foi preso em flagrante, mas foi liberado após pagamento de fiança.
O caso foi registrado no 49º Distrito Policial (São Mateus) e o inquérito foi instaurado pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), de acordo com informações do Condepe.
Em nota, a Prefeitura Municipal de São Paulo informou que a Secretaria de Segurança Urbana "imediatamente ordenou apuração rigorosa do ocorrido e afastamento dos agentes da Guarda Civil Metropolitana envolvidos, até que se esclareçam os fatos". A pasta, no entanto, não informou quantos guardas foram afastados.
O advogado Ariel de Castro Alves, membro do Condepe, vai acompanhar o caso. "Se houve afastamento de guardas há indícios de que ocorreu homicídio. O motoqueiro, possivelmente um vigilante noturno, que tinha acionado os guardas não foi encontrado. Não tem testemunha de que essas pessoas estavam assaltando."
Para ele, o caso foi registrado como homicídio culposo (quando não há intenção de matar). "A hipótese de homicídio doloso deve ser considerada, já que nenhum tiro atingiu a lataria ou os pneus do carro. E sim o tiro foi efetuado em direção à cabeça das pessoas que estavam sendo perseguidas, atingindo a criança de 11 anos", disse Castro.
O advogado informou que não há confirmação, até o fechamento desta reportagem, de que o carro tivesse sido furtado ou roubado.
Outro caso
A Polícia Militar (PM) matou um menor de idade suspeito de furtar um carro durante suposto confronto na noite do dia 2 deste mês, na Zona Sul de São Paulo. O garoto de 10 anos foi baleado e morreu. Um menino de 11 anos que estava dentro do veículo foi detido por suspeita de participar do furto e do tiroteio. De acordo com o Bom Dia São Paulo, uma arma calibre 38 foi apreendida (veja mais informações no vídeo abaixo).
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