Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

domingo, 8 de maio de 2011

Como sempre, o “jeitinho brasileiro”

Proponho a todos o seguinte: Mudança na FILA! Isso mesmo! Uma mudança radical, a começar pelo conceito. Engana-se o nosso respeitoso Dicionário Aurélio quando afirma: "fila = fileira de pessoas que se colocam umas atrás das outras pela ordem cronológica de chegada...". Justifico-me desta forma: primeiro, não há uma fila onde as pessoas se coloquem nessa disposição. Sempre existirá um "alguém" que achará um "outrem" que permitirá que aquele fique em seu lugar, ou melhor, não exatamente em seu lugar, mas ao lado, esquecendo das outras tantas que o sucedem na "fila", resultando naquele aglomerado paralelo. E afirmo que, seja qual for o tamanho da fila, os furões hão de tirar proveito daquele vizinho, do porteiro, da comadre, do amigo, do guardador de carro e até mesmo da pessoa que se prestou a fornecer algumas informações. Quando você menos espera, pronto, lá estão eles, sendo atendidos. Segundo, a "ordem de chegada". Deveria se chamar "ordem de encaixe" ou "ordem telefônica" ou "ordem do poder", "ordem de influência" ou até mesmo a famosa "ordem do senhor chegado", aquela famosa pessoa que implora por exceção, o jeitinho cara-de-pau de se dar bem. E, por último, a mudança do nome "fila" para "aglomeração, quem se importa?". 
Outro dia, na hora do almoço, presenciei algumas cenas interessantes ao entrar na "fila" de um bazar realizado pela Receita Federal, a começar pelo cartaz que dizia: "a melhor forma de atendimento é a fila". Sendo assim, resolvi ficar naquela "fila" e, pasmem, durante uma hora fiquei exatamente no mesmo lugar, enquanto senhores bem apessoados, com seus celulares top de linha e seus assessores, destruíam o conceito de ordem de chegada e o mais importante, o respeito a outras pessoas que, independentemente da classe social, se propunham a seguir as regras de uma boa "fila". E, por mais uma vez, fui impedida de desfrutar do meu direito de usuário de uma "fila", o de ser atendida. O que esperar de um país onde a mais simples manifestação de democracia é bruscamente rompida por pessoas que acreditam deter o poder do "eu posso mais que você"? Onde vamos para com tamanho desrespeito aos direitos mínimos? E quem determina que um seja melhor que o outro?

Há quem se justifique com tom de autoridade: "não tenho tempo para ficar em filas...", outros afirmam: "sou uma pessoa muito ocupada". E reflito, acabo de passar de usuário de "fila" para uma "à-toa no mundo", pelo simples fato de agir com respeito a regras. A falta de bom senso e educação está por todos os lados: nos aeroportos, no trânsito, nos hospitais, nos bancos, nos supermercados, nas padarias, nos shows, nos postos de gasolina, nas lojas, nos shoppings e até no acesso a elevadores, azedando assim o dia daqueles que respeitam e seguem as regras.

Aproveito para levantar a bandeira da igualdade social e da transparência nacional. Exijo que sejam respeitadas as filas das vagas para as escolas públicas, a fila dos transplantes, a fila dos concursos públicos, a fila dos aprovados no vestibular, a fila das oportunidades de emprego, essas e outras tantas que, vergonhosamente, são manipuladas e compradas por furões patifes. Sustentarei a minha bandeira nos princípios fundamentais de nossa Constituição e nos pilares da democracia, ou seja, na dignidade da pessoa humana, na igualdade e nos direitos humanos. Furar fila é antiético e imoral. É faltar com respeito ao próximo, é atrapalhar o funcionamento ordenado das coisas. Sem as filas nos resta a desordem. Taí um bom nome para substituirmos a "FILA", "DESORDEM".
 
Escrito por Carol Damasco
Publicitária, pós-graduada em marketing.

Fonte: Blog Debatendo a Educação

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