* José Luiz Barbosa
É bem verdade que a tendência de qualquer governo, é empreender todas as medidas e estratégias para minar e enfraquecer movimentos reivindicatórios, em especial os que podem lhe trazer problemas e desgaste políticos com a opinião pública, e um dos que mais lhes preocupam, certamente é o movimento dos profissionais de segurança pública, pois se com todo o esforço, empenho e dedicação os indicadores apontam que a insegurança é uma realidade sentida por todo cidadão, e uma de suas maiores e mais prementes demandas.
As últimas notícias veiculadas, dão conta que o Comandante Geral, Cel PM Renato estará em viagem oficial para os Estados Unidos da América, com autorização do governo, para frequentar um curso para altos executivos de polícia, exatamente quando teremos outra assembléia, e agora surge também não se sabe de que fonte, o boato de que os comandantes irão marcar chamada nas unidades policiais militares no dia 11 de maio, com o objetivo de impedir a participação na assembléia geral.
Estamos em uma luta, e vencerá os que melhores souberem aplicar sua força de modo inteligente, mas por outro lado, não podemos acreditar que somente batendo o pé, o governo cederá e concederá o reajuste de que tanto precisamos, já que o empobrecimento e endividamento dos policiais e bombeiros militares salta aos olhos, e somente o governo não quer ver.
Por outro lado, ainda que o Comandante Geral da Polícia Militar seja uma peça importante no tabuleiro institucional, sabemos que sua participação é muito limitada e o que no máximo podemos esperar é que não determine aos comandantes de unidades que adotem medidas para impedir o livre exercício do direito de reunião, manifestação e associação, pois não é sua a competência de conceder reajuste salarial, sendo também um dos beneficiários da luta pela valorização profissional.
É importante também frisar que o papel do governador Antônio Anastasia, que se traduz em seus discursos oficiais, de que não tem dinheiro para conceder reajuste é por demais conhecido dos policiais e bombeiros militares, e em nenhum governo jamais se ouviu ou se viu boa vontade para reajustar salários, como se em administração orçamentária e financeira, pudessemos prescindir de planejamento, o que facilitaria a negociação, mas como não há uma política remuneratória definida em lei, o planejamento tão defendido pelos tecnocratas governamentais para esta finalidade, também não existe, aí ficamos a mercê do humor do governante, que somente age se for compelido, e será o que faremos.
A assembléia geral unificada do dia 11 de maior, no clube dos oficiais, às 14:00 hs, marcará em definitivo a história dos policiais e bombeiros militares, mesmo porquê se os presidentes das entidades de classe, ousarem enganar ou desestimular a participação democrática e vedarem o direito de expressão, como ocorreu na assembléia do dia 13 de abril passado, o governo e o comando se verão às voltas com o agravamento do problema, vez que outras lideranças leais a tropa podem inssurgir e assumir o comando do movimento, é só esperar para ver.
As avaliações sobre a dimensão, corporificação e repercussão do movimento estão longe de ser precisamente mensuradas pelos organismos de inteligência das instituições, e qualquer diagnóstico não passará de mera especulação ou contra-informação, e se houver a tentativa de impor medo ou pressão, seja por que metódo for, isto somente fará aumentar e acirrar a revolta e a insatisfação dos policiais e bombeiros militares, que se cansaram de ouvir discursos e promessas de valorização.
A força que temos é oriunda das muitas dificuldades e problemas que enfrentamos todos os dias no desempenho das atividades de segurança pública, e não recuaremos enquanto não tivermos a reivindicação de reajuste salarial atendida, e esta premissa está incorporada entre, policiais e bombeiros militares da ativa, reserva, reformados e pensionistas, e para que possamos nos dedicar a servir e proteger a sociedade, basta que o governo cumpra sua atribuição de também fazer política valorizando os que desempenham tão ardúa e relevante missão.
É governador, a bola agora está em seus pés, faça um boa jogada e cuidado para não errar o gol, pois assim teremos motivos de sobra para contra atacar e sermos implacáveis na defesa de nossa dignidade, e não sermos acusados de intransigentes e indisciplinados, porque aprendemos que é fundamental ter disciplina para lutar e defender a valorização como pressuposto para uma segurança pública de qualidade, a altura do titúlo que nos foi conferido, de ser a melhor polícia do Brasil e patrimônio do povo mineiro.
E já que não há disposição para inserir a Polícia e o Corpo de Bombeiro Militar na era da democracia participativa, a começar por instituir um canal permanente para interlocução e negociação das muitas demandas reprimidas, nos vemos obrigados a nos valer da autodeterminação, como caminho para o exercício livre e pleno da cidadania.
Não podemos também esquecer, que governo e comando, são dois lados de uma mesma moeda, mas o que os policiais e bombeiros militares não admitiram é que também as associações passem a compor um terceiro lado desta moeda, sob pena de se romper os vincúlos contratuais associativos e de representação firmados com seus representados, o que poderá provocar efeitos imprevisíveis pela reação em cadeia que se espalhara por todas as unidades policiais e de bombeiros militares de Minas Gerais.
E ao se confirmar a hipotese de que a viagem do Comandante Geral para o EUA, pode ser mais uma estratégia do governo, desencadeará-se naturalmente um movimento mais intenso e ininterrupto pela adoção da lista triplice para o cargo, idéia a muito defendida por varias correntes internas e externas, livrando assim a instituição das amarras do poder e dos projetos de poder de políticos que se alojaram em Minas para satisfazer vaidades, caprichos e ambições pessoais.
* Presidente da Associação Cidadania e Dignidade, bacharel em direito e fundador do blog política cidadania e dignidade.
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