Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Uma mensagem dirigida aos oficiais e comandantes em todos os níveis. Leitura obrigatória!

EX-CAPITÃO DO CBMERJ ESCREVE SOBRE A MOBILIZAÇÃO DOS BOMBEIROS MILITARES.

O depoimento abaixo foi escrito por um ex-capitão do Corpo de Bombeiros do Rio, sobre as manifestações que vêm ocorrendo por melhorias salariais e condições de trabalho. Vamos divulgar ao máximo entre os nossos colegas bombeiros e policiais.
O autor já enviou para o atual comandante do CBMERJ.

Meus camaradas,

Escrevo esta mensagem um tanto tardiamente, mas espero que ainda possa contribuir de alguma forma para sensibilizar a quem for preciso, para mobilizar quem ainda está em dúvida quanto a qual posição tomar, ou ainda para, quem sabe, ajudar a mudar a forma de pensar, se for o caso.

Durante o CFO, assim como do CSMont, aprendi o sentido da expressão “espírito de corpo”. As tarefas que a turma deveria cumprir, todos os seus integrantes juntos, apesar de parecer uma sessão de tortura, eram para incutir nos camaradas o significado de “espírito de corpo”. Carregamos, em certa ocasião, um tronco de eucalipto de uns 10 metros de comprimento por quase um metro de diâmetro, com nosso instrutor montado sobre o mesmo... era aterrorizante pensar no que seria de nós se não conseguíssemos cumprir aquela missão! Certamente viria um “tronco“ ainda maior para carregarmos...

Contudo, o tronco era apenas o que unia os camaradas que o carregavam. Apenas o elo...

Um elo que, idealmente, deveria se expandir para outras turmas de oficiais, que, por sua vez, o fariam expandir para as turmas de sargentos, de cabos, de soldados, para as alas de serviço dos Grupamentos, para a equipe de expediente das unidades administrativas...

Corpo de Bombeiros... um corpo. Um só corpo... com hierarquia e disciplina entre os seus círculos, mas, uno, único.

Durante o estágio de sobrevivência, só podíamos nos chamar por “camaradas”. Gosto desta forma de tratamento. Não por ter sido utilizado pelos comunistas, mas sim pela forma carinhosa de nos aproximar uns aos outros. Sendo amigos, ou militares durante um estágio de sobrevivência, um camarada é alguém em quem se deposita confiança, com quem podemos contar nos momentos difíceis.

Saí do CBMERJ em dezembro de 2007 após quase 10 anos de serviços prestados. Dentre alguns motivos, a insatisfação com a remuneração que recebia levou-me a abandonar uma profissão que amei e vivi com intensidade, com paixão.

Pouco antes de solicitar a licença sem vencimentos para ingressar na Petrobras, onde atualmente trabalho, participei de uma reunião com vários outros oficiais para debater este tema: a baixa remuneração que estávamos recebendo. À época, assinamos uma “carta aberta”, que foi divulgada muito timidamente por alguns veículos de imprensa na internet. Nesta carta, divulgávamos a insatisfação com a remuneração e com algumas condições de trabalho.

Hoje é domingo, 15 de maio de 2011. Anteontem, ao passar em frente a ALERJ, conversei com um amigo que hoje deve ser sargento, e que estava num acampamento improvisado em frente aquela Assembleia Legislativa. Conversamos sobre as ações que estão acontecendo (marchas, reuniões, caminhadas) em busca de diálogo com o Comando Geral do CBMERJ e até mesmo com o Governador Sérgio Cabral, a fim de solicitar uma remuneração mais digna.

Tenho visto através da imprensa algumas destas ações, e tentado acompanhar na medida do possível os seus resultados. Infelizmente, o pouco que tenho visto só reforça o ceticismo que tenho em relação a imprensa – aparentemente os principais noticiários têm sido parciais, ao mostrar apenas declarações do Governador e do Secretário de Saúde e Defesa Civil desqualificando os bombeiros militares que buscam ser ouvidos, que buscam uma remuneração digna. Afirmo a parcialidade pois ainda não vi um repórter questionar a estas mesmas autoridades o por quê de tanto “barulho”. Tampouco observei quaisquer questionamentos mais incisivos ao Governador e ao Secretário acerca da remuneração dos bombeiros militares do RJ, comparativamente aos bombeiros militares de outros estados.

Meus camaradas,

Quem sou eu, para questionar quem quer que seja a respeito de suas atitudes, seus ideais, sua posição política, religiosa, ou ainda a sua posição diante dos fatos que estão acontecendo.

Provavelmente, serei questionado sobre a pertinência destas palavras, já que “abandonei o barco” – não sou mais um bombeiro militar.

Entretanto, pelo fato de ter dedicado quase dez anos de minha vida ao CBMERJ, de ter mesmo exposto a minha vida em algumas ocasiões (como a maioria dos bombeiros), eu me sinto no direito de, sim, opinar sobre o que está acontecendo.

Sendo assim, quem sou eu...? Sou um homem que admira esta Corporação sesquicentenária. Sou uma pessoa que valoriza a tradição, as instituições. Alguém que não admite ver uma organização tão nobre ser manipulada por uma minoria durante tanto tempo. Alguém que, apesar de tantos defeitos, busca melhorar a si mesmo, busca aprender e ensinar tudo o que de bom possa existir ao meu redor...

Lamentavelmente, existem sevandijas que transformam o CBMERJ na “casa da mãe Joana”, permitindo o esfacelamento de uma instituição com a mais sublime missão – salvar vidas.

Favorecimentos pessoais, paternalismo, permissividade... bombeiros de todos os círculos têm feito uma história recente de vergonha, infelizmente.

Por conta destas excrescências individuais (maus bombeiros militares que se utilizam desta profissão em favor próprio) é que a esperança dos recém-formados nos cursos de formação (não apenas de oficiais, mas principalmente dos sargentos, cabos e soldados) têm se desintegrado ao longo do tempo, como o foi a minha.

Esperança de exercer a profissão que ama com dignidade, recebendo uma remuneração à altura da nobreza de salvar vidas e bens. Esperança de ver aplicados os princípios de honradez, de meritocracia, ética, típicos das organizações militares ao longo da História, também no CBMERJ – o famoso pundonor.

A esperança de, pelo menos do muro da caserna para dentro, ver a justiça funcionar, ver disciplina aplicada nos atos de cada um.

O que estamos presenciando através das caminhadas, das marchas, da união em torno de um objetivo justo – uma remuneração mais digna – pode ser o início de uma nova fase – uma fase onde, a partir de uma remuneração digna, os maus bombeiros possam redimir-se e resgatar os valores que os fizeram ingressar, e que alimentam os sonhos de tantos jovens de atingir este mesmo objetivo, na organização pública com maior índice de aprovação popular.

O quão maior for a capacidade de mobilização, o quão maior for a união dos bombeiros que querem do CBMERJ uma INSTITUIÇÃO, mais difícil será para o digníssimo Governador continuar com o seu discurso falacioso, querendo forjar um vilão, ao dizer que trata-se de um movimento político. Que papel mais deprimente para uma autoridade... ao invés de agir para sanar o problema, diminuir o que há através de um discurso mentiroso... decepcionante!

Força, Luiz Sergio! Avante Lauro, Marchesini, Valdelei e Benevenuto! Vocês são heróis duplamente, por serem os primeiros a receberem a chibatada cega e inócua de quem deveria nos defender dos males da sociedade. Que esta justiça possa, um dia, alcançar a todos que praticam crimes no CBMERJ, é o meu mais sincero anseio.

Meu querido Comandante, Cel Pedro,

Apesar de todo o respeito a sua trajetória operacional, o Sr. parece estar fechando os olhos à sua tropa, a exemplo de outros Comandantes anteriores ao Sr. O que a tropa espera de seu Comandante é que a lidere no cumprimento de sua missão, que proporcione as condições para o cumprimento desta missão.

Quando teremos um Comandante que conseguirá um salário digno para seus comandados, ao invés de voltar-se contra eles quando eles precisam apenas serem ouvidos e atendidos?

Quando teremos comandantes de Unidades que, ao invés de defenderem pequenas vantagens, como gratificações de comando, apoiarão seus oficiais e praças em reivindicações legítimas, contrapondo-se a um Comando-Geral que não defende sua tropa?

Quanta CORAGEM seria uma postura assim de nossos Comandantes!

Como seria lindo assistir a Coronéis e outros oficiais superiores posicionando-se lado a lado de soldados, cabos ou quaisquer outra gradução ou patente em manifestações a favor de salários dignos a todos...

Mais belo ainda seria ver as minorias agraciadas com gratificações que os diferenciam dos demais abrirem mão destas mesmas gratificações em troca de uma lei de remunerção que garanta a meritocracia( e não uma legislação defasada, completamente descolada da realidade atual da sociedade e das organizações...).

Um abraço fraternal a todos os que, mesmo após ler tão extenso texto, ainda poderei chamar de CAMARADAS!

Rodrigo Chiaradia

fonte: blog Cel Paulo Paúl

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