Agosto foi o mês com o maior número de roubos registrados pela polícia este ano na cidade de São Paulo. Foram 10.289 casos, de acordo as estatísticas de criminalidade divulgadas na tarde de ontem pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). A média mensal desse tipo de ocorrência, que inclui assaltos a casas, estabelecimentos comerciais e pedestres, é de 9.193 casos. Antes de agosto, o mês que mais teve casos foi maio, com 9.687 ocorrências.
Os dados não incluem os casos de roubos de carro, também recorde em agosto. No mês passado, a capital teve 3.703 carros levados por assaltantes. O número de homicídios também cresceu na cidade em agosto, com 104 casos.
“Viramos reféns de assaltantes. Eles somem quando a Polícia Militar está no bairro, mas basta os policiais saírem para voltarem”, afirmou o administrador de empresas Wagner Porto de 52 anos, morador do Morumbi, um dos sete bairros da zona sul que integram o ranking das dez regiões com mais casos de roubos em agosto, organizado pelo JT com base nos dados da SSP. O 34º DP (Morumbi), uma das delegacias da região, registrou crescimento de 29% no número de roubos: de 160 em julho para 207 no mês seguinte.
No dia 28 de agosto, cerca de 2.500 moradores do Morumbi se reuniram na frente do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para protestar contra os assaltos no bairro. Segundo Porto, uma cunhada dele escapou de ser assaltada por um grupo de adolescentes no último sábado de agosto, quando trafegava de carro pela Rua Doutor Francisco Tomás de Carvalho, conhecida como “ladeirão do Morumbi”. “Minha cunhada acelerou ao ver os moleques armados se aproximando do carro dela”, disse Porto. Segundo a PM, os roubos começaram a cair no bairro com a Operação Colina Verde no dia 24 de agosto, quatro dias antes do protesto dos moradores no Morumbi.
Para o coronel Marcos Roberto Chaves da Silva, responsável pelo Comando de Policiamento da Capital (CPC), a explicação para o aumento de casos de roubos em geral é que mais pessoas passaram a registrar ocorrências desde que a Polícia Civil implantou as centrais de flagrantes em nove delegacias, há dois meses.
“Com essa reestruturação da Polícia Civil, outras delegacias passaram a prestar um atendimento mais rápido. Um outro fator importante é que a Polícia Militar passou a fazer boletins de ocorrências de alguns casos (como furtos e perda de documentos), o que também diminuiu o tempo de espera em uma delegacia. Ao perceber que há mais agilidade no atendimento, o cidadão passa a procurar a polícia para registrar mais casos”, afirmou o coronel.
Segundo Chaves, a PM vai intensificar os patrulhamentos nas regiões onde ocorrem mais assaltos após mapear todos os locais com grande incidência de roubos. “A gente já esperava que esse índice fosse subir, após a criação das centrais de flagrantes. Com mais pessoas prestando queixas, vai facilitar o trabalho da polícia para fazermos o mapeamento e planejar um trabalho para derrubar esse indicador”, afirmou o oficial da PM.
O bairro que teve mais roubos em agosto é o Jardim Miriam, na zona sul, com 242 ocorrências – 14% a mais que julho. O presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) da região, Durval Marques dos Santos, disse que o número de roubos aumentou porque moradores que teriam perdido documentos estariam registrando o caso como roubo na delegacia para não ter de pagar a taxa cobrada pelo Estado para fazer a segunda via do documento. “Não houve aumento de crimes, porque tenho acompanhado esses dados com base nos levantamentos da PM”, disse.
Fonte: Jornal da Tarde
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