Ex-ministro José Dirceu lança o livro "Tempos de Planície", coletânea de artigos publicados depois da cassação do mandato de deputado. Sessão de autógrafos atrai ministros, jornalistas e políticos de diversos partidos e mostra que petista ainda desperta respeito e curiosidade. No livro, Dirceu diz que crise de 2005 foi 'rede de mentiras' e a 'maior campanha política e midiática' contra Lula e o PT.
André Barrocal
BRASÍLIA – O Brasil derrotou seu maior rival no futebol, a Argentina, por dois a zero na noite dessa quarta-feira (28). Enquanto a seleção jogava, o ex-ministro José Dirceu saboreava uma vitória particular. Mesmo disputando a atenção com a “pátria de chuteiras”, conseguiu atrair parcela não desprezível da classe política para o lançamento de um livro em que reúne artigos escritos depois da cassação do mandato de deputado.
A noite de autógrafos reuniu ministros, jornalistas, políticos de diversos partidos, amigos, admiradores. A todos que esperavam - numa fila de mais de uma hora - por uma dedicatória num exemplar de R$ 40 de “Tempos de Planície”, o ex-ministro atendia com paciência e sorrisos. Vestindo calça jeans, camisa branca e blazer azul marinho, não raro teve de ir além do autógrafo, distribuindo abraços e posando para fotos.
“A presença de tantas pessoas aqui é uma renovação da confiança nele, alguém que tem dedicado a vida a um projeto de desenvolvimento do Brasil e de justiça social”, diz a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário (PT).
Tradicional reduto de sessão de autógrafos em Brasília – duas semanas antes, abrigara, com menos público, lançamento de livro do ex-ministro da Saúde Adib Jatene e do atual, Alexandre Padilha -, o restaurante Carpe Diem também viu passar por seus corredores e mesas os ministros Ideli Salvatti (PT, Relações Institucionais), Fernando Pimentel (PT, Desenvolvimento), Luiz Sérgio (PT, Pesca), Orlando Silva (PCdoB, Esporte).
Fernando Haddad (PT), ministro da Educação, teve a companhia de um dos futuros rivais pela prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita (PMDB), deputado que já foi secretário da Educação em São Paulo. O PSB mandou seu vice-presidente, Roberto Amaral. Ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o senador Armando Monteiro Neto (PE) era um dos representantes do PTB.
Até a classe artística esteve representada, na figura do cineasta Luiz Carlos Barreto, produtor de um filme sobre o ex-presidente Lula.
Mas o que explica presenças ilustres em evento de um personagem afastado formalmente da política há quase seis anos? “É um livro que vale à pena ler. Ele foi testemunha de muita coisa”, diz o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
“Ele é uma das lideranças que fizeram parte da UNE, como o José Serra, o Aldo Rebelo, e que contribuíram para moldar o cenário da política brasileira”, afirma o presidente da União Nacional dos Estudantes, Daniel Iliescu. “Ele continua sendo uma referência para o movimento estudantil, apesar de algumas divergências que temos.”
Fantasma sem nome
Durante a noite, respira-se o ar do “mensalão”, caso a que o ex-ministro refere-se na introdução do livro sem mencionar a palavra e que é um dos motivos a atrair a atenção de tantos amigos dispostos a colaborar com – mais um – ato de desagravo a Dirceu. E, claro, a atrair inúmeros jornalistas, dispostos a explorar o assunto, como fez, na base do humor, a equipe do programa de TV CQC.
Para Dirceu, como ele mesmo diz na abertura do livro, o ano de 2005 assistiu a uma “rede de mentiras” e à “maior campanha política e midiática já construída contra o PT e o governo do presidente Lula”, com o “claro intuito de derrubar o governo Lula ou impedir sua reeleição em 2006.”
“Não tenho a menor dúvida de que ele foi injustiçado, e o tempo vai dizer isso”, diz Marco Aurélio Garcia, petista que é assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais.
“Acredito que houve uma avaliação naquela realidade política. Hoje, talvez ele fosse inocentado. Mas o caso está no STF, que é quem vai julgar”, afirma o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). Algoz de Daniel Dantas, o delegado diz que, em suas investigações, jamais encontrou “fragmento” de ligação entre Dirceu e o banqueiro condenado.
Se Dirceu evita, no livro, a palavra “mensalão”, o ex-presidente do PT José Genoino evita o próprio assunto. "Por que o senhor está aqui?", pergunta a reportagem. “Ele é um amigo, e isso é um evento político.” "Olhando seis anos para trás, o que o senhor diria daquele episódio?" “Não falo sobre isso, só no livro [Entre o Sonho e o Poder]”.
O livro de Dirceu ainda terá mais duas sessões de autógrafos - em São Paulo, dia 10 de outubro, e no Rio, dia 16.
A noite de autógrafos reuniu ministros, jornalistas, políticos de diversos partidos, amigos, admiradores. A todos que esperavam - numa fila de mais de uma hora - por uma dedicatória num exemplar de R$ 40 de “Tempos de Planície”, o ex-ministro atendia com paciência e sorrisos. Vestindo calça jeans, camisa branca e blazer azul marinho, não raro teve de ir além do autógrafo, distribuindo abraços e posando para fotos.
“A presença de tantas pessoas aqui é uma renovação da confiança nele, alguém que tem dedicado a vida a um projeto de desenvolvimento do Brasil e de justiça social”, diz a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário (PT).
Tradicional reduto de sessão de autógrafos em Brasília – duas semanas antes, abrigara, com menos público, lançamento de livro do ex-ministro da Saúde Adib Jatene e do atual, Alexandre Padilha -, o restaurante Carpe Diem também viu passar por seus corredores e mesas os ministros Ideli Salvatti (PT, Relações Institucionais), Fernando Pimentel (PT, Desenvolvimento), Luiz Sérgio (PT, Pesca), Orlando Silva (PCdoB, Esporte).
Fernando Haddad (PT), ministro da Educação, teve a companhia de um dos futuros rivais pela prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita (PMDB), deputado que já foi secretário da Educação em São Paulo. O PSB mandou seu vice-presidente, Roberto Amaral. Ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o senador Armando Monteiro Neto (PE) era um dos representantes do PTB.
Até a classe artística esteve representada, na figura do cineasta Luiz Carlos Barreto, produtor de um filme sobre o ex-presidente Lula.
Mas o que explica presenças ilustres em evento de um personagem afastado formalmente da política há quase seis anos? “É um livro que vale à pena ler. Ele foi testemunha de muita coisa”, diz o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
“Ele é uma das lideranças que fizeram parte da UNE, como o José Serra, o Aldo Rebelo, e que contribuíram para moldar o cenário da política brasileira”, afirma o presidente da União Nacional dos Estudantes, Daniel Iliescu. “Ele continua sendo uma referência para o movimento estudantil, apesar de algumas divergências que temos.”
Fantasma sem nome
Durante a noite, respira-se o ar do “mensalão”, caso a que o ex-ministro refere-se na introdução do livro sem mencionar a palavra e que é um dos motivos a atrair a atenção de tantos amigos dispostos a colaborar com – mais um – ato de desagravo a Dirceu. E, claro, a atrair inúmeros jornalistas, dispostos a explorar o assunto, como fez, na base do humor, a equipe do programa de TV CQC.
Para Dirceu, como ele mesmo diz na abertura do livro, o ano de 2005 assistiu a uma “rede de mentiras” e à “maior campanha política e midiática já construída contra o PT e o governo do presidente Lula”, com o “claro intuito de derrubar o governo Lula ou impedir sua reeleição em 2006.”
“Não tenho a menor dúvida de que ele foi injustiçado, e o tempo vai dizer isso”, diz Marco Aurélio Garcia, petista que é assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais.
“Acredito que houve uma avaliação naquela realidade política. Hoje, talvez ele fosse inocentado. Mas o caso está no STF, que é quem vai julgar”, afirma o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). Algoz de Daniel Dantas, o delegado diz que, em suas investigações, jamais encontrou “fragmento” de ligação entre Dirceu e o banqueiro condenado.
Se Dirceu evita, no livro, a palavra “mensalão”, o ex-presidente do PT José Genoino evita o próprio assunto. "Por que o senhor está aqui?", pergunta a reportagem. “Ele é um amigo, e isso é um evento político.” "Olhando seis anos para trás, o que o senhor diria daquele episódio?" “Não falo sobre isso, só no livro [Entre o Sonho e o Poder]”.
O livro de Dirceu ainda terá mais duas sessões de autógrafos - em São Paulo, dia 10 de outubro, e no Rio, dia 16.
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