Por conta dos baixos salários e das péssimas condições de trabalho, o índice de abstenção para o último concurso para Delegado de Polícia em São Paulo, promovido neste domingo (25/9), chegou a 48,57%. Foram 26 mil candidatos inscritos para concorrer a 140 vagas. Os dados são da Academia de Polícia Dr. Coriolano Nogueira Cobra. A Acadepol, contudo, considera o índice normal. Estavam presentes apenas 51,42% dos inscritos.
Dados da associação dos Delegados de Polícia de São Paulo (Adpesp) ilustram ainda melhor o caos. É que 31% das cidades paulistas não contam com delegados titulares. Há delegados que acumulam até três distritos. Para a presidente da Associação, Marilda Pansonato Pinheiro, o grande gargalo é a debandada de delegados: a cada 15 dias, um delegado abandona a carreira em São Paulo. Em cinco anos, o Estado todo perdeu cerca de 130 delegados. O principal motivo da saída, segundo a presidente, é uma somatória de fatores tais como o baixo salário, péssimas condições de trabalho e falta de perspectiva de crescimento na carreira. O destino são outras carreiras — como promotores e juízes —, ou a mesma, mas em Estados que pagam mais.
Dos 180 delegados efetivados no penúltimo concurso, em 2009, 30% já deixaram o cargo, de acordo com dados da associação. A presidente ressalta que o fato de o Governo ter aberto o concurso para contratação de 140 profissionais não resolve o caos que se instalou na carreira. Marilda afirma que esses novos contratados vão entrar, ficar por um tempo, custar aos cofres públicos cerca de R$ 100 mil até a formação, e depois vão embora por falta de valorização profissional.
Questionada sobre o índice de abstenção deste último concurso, a presidente ressalta que já era de se esperar, pois quem quer arriscar sua vida, ficar a disposição da instituição policial 24 horas por dia e sete dias na semana, ficar esquecido na carreira para ganhar o pior salário do país? E ainda indaga: Quem quer ser Delegado de Polícia em São Paulo?
Fonte: Jornal Flit paralisante
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