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terça-feira, 28 de julho de 2015

Beltrame defende mais rigor em corregedorias e processos sumários para corrupção policial


Em entrevista para livro organizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, secretário diz que ‘UPP é uma chance para a PM’

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Beltrame: controle de território por traficantes ainda é desafio - Roberto Moreyra / Agência O Globo (10/10/2014)
RIO — “Quando implantamos a primeira UPP, ninguém acreditava. Nem a própria PM”. A lembrança soa como um desabafo sincero do secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, em entrevista inédita publicada no livro “Polícia e democracia: 30 anos de estranhamentos e esperanças”, organizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Na publicação, que será lançada em evento que começa na quarta-feira às 10h na Fundação Getúlio Vargas, Beltrame critica a cultura policial de “ir para o combate” e defende que a Polícia Militar deve incorporar conceitos das UPPs e uma atuação mais firme das corregedorias, com processos sumários para casos de corrupção.
— Acho que há duas maneiras de agir (contra a corrupção): corregedoria forte e controle sistemático. As pessoas precisam se sentir fiscalizadas. Nós, hoje, ainda não temos um controle efetivo. Historicamente não se teve e acho que se deixa o policial, de certa forma, muito à vontade para atuar. E acho que aí é que existe a grande falha. Não que isso vai resolver, porque a pessoa que é corrupta, e quer se corromper, não adianta — você vê exemplos aí de gente muito mais bem preparada do que policiais e que se corrompem. Mas o que nós precisamos é de supervisões sérias, controle, e uma corregedoria rápida. Eu sou muito favorável a mudanças de processos disciplinares, tornando-os sumários — diz Beltrame, acrescentando ter apresentado uma proposta em Brasília em 2009.
Sobre a política de pacificação (hoje são 38 UPPs no estado), o secretário acredita que é uma oportunidade para a PM mudar sua imagem:
— O objetivo da UPP é, por um lado, prover segurança e, por outro, influenciar a mudança de cultura na polícia militar. Acho que, de certa forma, a UPP é uma chance para a PM. É uma chance de mostrar para sociedade que ela sabe fazer polícia comunitária e largar um pouco o fuzil de lado. Eu espero que a UPP “upepize” a PM e não a PM “peemize” a UPP.
Para o secretário, “não há mais espaço” para o modelo de segurança que privilegia o enfrentamento. Mas ele observa que a realidade do Rio, onde traficantes dispõem de armamentos pesados e controlam territórios, dificulta a transição:
— O problema é que no Rio vivemos uma situação paradoxal: como mudar a cultura se ainda existem focos onde têm “guerra”, disputa de território por criminosos armados?

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