Presidente defendeu direito de voto aos condenados, entre outras medidas.
EUA tem 2,2 milhões de presos; 'quatro vezes mais que a China', diz Obama.
O presidente Barack Obama visitou nesta quinta-feira (16) a penitenciária de El Reno, em Oklahoma, centro-sul do país, onde defendeu, entre outras medidas, sentenças mais justas e uma maior integração social dos ex-presidiários. De acordo com a agência France Presse, Obama é o primeiro presidente em exercício dos Estados Unidos a visitar uma prisão.
Sua visita busca lançar luz sobre o fracasso de um sistema penal e carcerário que se encontra entre os mais caros e superpopulosos do mundo.
As estatísticas falam por si: com 2,2 milhões de presos em todo o país, os Estados Unidos têm mais homens e mulheres atrás das grades do que 35 países europeus juntos, e muito à frente do número de detidos na China e na Rússia.
"Nossa taxa de presos é quatro vezes mais alta que a da China", afirmou Obama, que acrescentou que as prisões tinham uma população quatro vezes menor em 1980 e a metade dos presos em 1995.
Cerca de um quarto da população carcerária do mundo se concentra nas prisões americanas, sendo que os Estados Unidos têm menos de 5% da população mundial.
Uma das prioridades de Obama é reduzir a duração das condenações desproporcionais em relação ao crime. O presidente considerou que "em muitos casos, a punição simplesmente não se encaixa ao crime".
Reforma no sistema penal
Ele defendeu uma reforma global do sistema penal americano que outorgue, por exemplo, o direito de voto aos condenados, e que acabe com o isolamento e penas exageradas.
"Se você é um pequeno traficante ou não cumpriu com a liberdade condicional, tem uma dívida com a sociedade. Você é responsável pelo que fez e precisa corrigir. Mas não deve purgar 20 anos" na prisão, disse Obama.
O presidente também chamou a atenção para o fato de que um negro tem mais possibilidades de ser detido que um branco pela realização do mesmo delito, e receber sentenças mais severas.
Neste quesito os dados são inquestionáveis: os negros e latino-americanos compõem 60% da população prisional. Apenas 30% dos presos são brancos.
Um em cada 35 afro-americanos e um latino em cada 88 estão na prisão, enquanto entre a população branca a proporção é de um por 214.
Outra questão preocupante: como resultado da superlotação das prisões, o custo do sistema prisional americano disparou com um orçamento de US$ 80 bilhões, valor que representa um terço dos recursos anuais do Departamento de Justiça.
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