No último dia 17 de abril, durante a votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidente do Brasil, o deputado e capitão do Exército Jair Bolsonaro, após elogiar Eduardo Cunha, dedicou seu voto "sim" ao primeiro militar reconhecido pela justiça brasileira como torturador, o coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra. Ex-chefe do Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) de São Paulo de 1970 a 1974, Ustra foi acusado pelo desaparecimento e morte de pelo menos 60 pessoas. Outras 500 teriam sido torturadas durante o período em que ele comandou o órgão. (Saiba mais sobre o torturador aqui).
O Policial Pensador conversou com militares e policiais que, indignados, reagiram às declarações do deputado, mostrando que seu pensamento fascista não é hegemônico entre os profissionais de segurança pública ou das Forças Armadas.
Bolsonaro posa para foto ao lado de sósia do nazista Adolf Hitler |
Luis Fernando, que é capitão reformado do Exército e blogueiro (veja artigo dele sobre o golpe de 1964 aqui), afirmou que o deputado em questão, ao justificar o seu voto, “mostrou como esse processo (de impeachment) nada tem a ver com o "combate a corrupção", muito menos com malfeitos praticados pela presidenta Dilma Rousseff”. Segundo capitão Fernando,
A fala do parlamentar em torno de um algoz da Ditadura Militar, que a sociedade brasileira quer por uma pá de cal, significa que, também, o representante dela no parlamento, também precisa ser expelido! Fora Bolsonaro, o senhor não faz parte deste tempo!
Já para o sargento da Polícia Militar Walber Andrade, do grupo Policiais Antifascismo, o voto do deputado representa “tudo aquilo de mais podre que existe no campo das ideias”. Segundo o policial militar, Bolsonaro “Faltou com respeito a uma chefe de governo e de Estado ao fazer alusão a um torturador”. Andrade ainda apontou o “cinismo e hipocrisia demagógica” da fala do parlamentar, que parabenizou Eduardo Cunha, réu em processo de corrupção que não qualquer moral para conduzir ou presidir processos na Câmara Federal.
O Cabo da Polícia Militar de Santa Catarina, Elisandro Lotin, afirma que o “deputado Bolsonaro não deve ser levado a sério, ele é folclórico”. O problema, segundo o policial militar, é que “ele está passando dos limites, sustendo-se imunidade parlamentar”, avalia.
Bolsonaro discursando, na charge de Carlos Latuff |
O delegado da Polícia Civil no Rio de Janeiro, Orlando Zaccone, que também faz parte dos Policiais Antifascismo, vai além. Ele afirma que o discurso de Bolsonaro é um grande perigo para a sociedade brasileira, “pois representa o que existe de mais fascista no pensamento conservador brasileiro”. Para Zaccone, as bandeiras levantadas por Bolsonaro, especialmente a “pseudoluta” pela melhoria salarial de militares, que deram notoriedade ao político, “ocultava aquilo que verdadeiramente ele representa”:
Com o seu voto de elogio aos militares de 64 e apologia ao grande torturador da ditadura militar brasileira, ele já não esconde seus objetivos. No tocante à segurança publica, ele quer transformar as polícias em apensos das Forças Armadas e policiais em operadores de guerra. (Orlando Zaccone, delegado de Polícia Civil/RJ).
O Policial Pensador também repudia as declarações de Bolsonaro dadas no último dia 17 de abril. Não se trata apenas das usuais afirmações estúpidas tais como aquela em que diz que “Seria incapaz de amar um filho homossexual” (Veja outras declarações absurdas do deputado aqui). Ao exaltar um torturador no plenário da Câmara, extrapolou os limites de sua imunidade parlamentar e manifestou ódio aos que pensam de modo diferente dele. Ao fazer apologia à tortura, deu uma prévia das atrocidades que seria capaz de realizar, caso tivesse condições e poderes para tal. Nenhum cidadão brasileiro merece ser representado por tal indivíduo, tampouco os policiais, que devem ser guardiões da Justiça e da Democracia.
Fonte: http://www.policialpensador.com/2016/04/policiais-e-militares-reagem-as.html
Muito bom. O policial precisa ter consciência de classe. O policial precisa evoluir e aprender que é um trabalhador e não elite. Precisa aprender que toda vez que ele fere o direito de algum trabalhador está ferindo seu próprio direito e que um dia a vida vai cobrar isso dele.
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