Setor fica estagnado no segundo trimestre e contribui para desaceleração geral da economia, que cresce menos do que no primeiro. CNI reclama dos importados e do dólar. Guido Mantega diz que resultado já era esperado pois governo segurou economia contra inflação. Para BC, atual ritmo do PIB ajuda a conter preços.
Da Redação
BRASÍLIA – Depois de começar o ano a todo o vapor, a indústria ficou praticamente estagnada no segundo trimestre e foi decisiva para a desaceleração geral da economia. De abril a junho, o setor industrial avançou apenas 0,2% frente ao trimestre anterior e o produto interno bruto (PIB) do país, 0,8%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (/02/09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De janeiro a março, quando o PIB crescera 1,3%, a indústria havia se expandido a uma taxa duas vezes maior do que o setor de serviços (2,2% e 1,1%, respectivamente). No período seguinte, a situação se inverteu. Os serviços também desaceleraram um pouco, mas avançaram 0,8% e foram o combustível principal do PIB, segundo o IBGE.
A agropecuária, que crescera 3,1% no primeiro trimestre, encolheu 0,1% no segundo, o que é normal por razões sazonais.
O setor de serviços é o que tem o maior peso no PIB. No ano passado, respondeu por 57%. A indústria veio em seguida, com 23%. A agropecuária representou 5% - os outros 15% do valor adicionado eram impostos incluídos nos preços, de acordo com o IBGE.
O arrefecimento da indústria e do PIB coincidem com um período em que o Banco Central (BC) levou adiante um ciclo de aumento de juros exatamente com o objetivo de esfriar a economia. Motivo: conter a inflação.
Além disso, mais para o fim do semestre, a situação da economia global também começou a dar sinais mais negativos.
Por tudo isso, o resultado do PIB, menor do que no primeiro trimestre, já era esperado pelo governo. Na última segunda-feira (29/08), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia dito que a economia só voltará a acelerar no fim do ano. Mesmo assim, manteve a previsão de crescimento de 4% para 2011.
Investimentos perdem espaço
Os dados divulgados pelo IBGE também permitem avaliar o PIB por um ângulo diferente. Em vez de uma análise pelo viés de quem produz bens ou serviços, é possível observar a economia do ponto de vista de quem consome estes mesmos bens e serviços.
Há três possibilidades de “demanda”, segundo a metodologia do IBGE. Consumo com finalidade de investimento (geralmente pelas empresas). Consumo como um fim em si mesmo (TVs, geladeiras etc). E consumo do governo.
A exemplo do que havia ocorrido no primeiro trimestre, mais uma vez, o destaque, por este ângulo, foram os investimentos, que cresceram 1,7%. Mas, como proporção do PIB, caíram de 18,4% para 17,8%, o que também reflete a desaceleração da indústria.
De acordo com o IBGE, na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o PIB geral cresceu agora 3,1% (no primeiro trimestre, tinha crescido 4,2%). E, no acumulado do ano, também na comparação com 2010, cresceu 3,6%. O ritmo de crescimento do segundo trimestre indica que, projetado para um ano todo, o PIB avançaria 4,7%.
Repercussão
Em entrevista em São Paulo depois da divulgação dos dados pelo IBGE, o ministro da Fazenda reafirmou que a desaceleração já era esperada, por causa da contenção da atividade econômica promovida pelas ações do governo. E reafirmou, também, a previsão de 4%.
Em nota oficial, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que o atual ritmo de expansão da economia está mais adequado para que o governo possa segurar a inflação dentros dos limites oficiais no ano que vem. E fez questão de destacar que “a demanda doméstica continua sendo o grande suporte da economia”.
Também em nota oficial, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou de “estagnação” o resultado do setor divulgado pelo IBGE. E reclamou da conocrrência dos importados. “Parte relevante do crescimento da demanda interna é cada vez mais direcionada às importações, dada a contínua perda de competitividade da indústria brasileira e a persistência do câmbio valorizado”, afirmou a nota.
A entidade previa que o crescimento do país este ano seria de 3,8% mas, depois do resultado do PIB do segundo trimestre, decidiu refazer a conta.
*Matéria alterada para acréscimo de informações
De janeiro a março, quando o PIB crescera 1,3%, a indústria havia se expandido a uma taxa duas vezes maior do que o setor de serviços (2,2% e 1,1%, respectivamente). No período seguinte, a situação se inverteu. Os serviços também desaceleraram um pouco, mas avançaram 0,8% e foram o combustível principal do PIB, segundo o IBGE.
A agropecuária, que crescera 3,1% no primeiro trimestre, encolheu 0,1% no segundo, o que é normal por razões sazonais.
O setor de serviços é o que tem o maior peso no PIB. No ano passado, respondeu por 57%. A indústria veio em seguida, com 23%. A agropecuária representou 5% - os outros 15% do valor adicionado eram impostos incluídos nos preços, de acordo com o IBGE.
O arrefecimento da indústria e do PIB coincidem com um período em que o Banco Central (BC) levou adiante um ciclo de aumento de juros exatamente com o objetivo de esfriar a economia. Motivo: conter a inflação.
Além disso, mais para o fim do semestre, a situação da economia global também começou a dar sinais mais negativos.
Por tudo isso, o resultado do PIB, menor do que no primeiro trimestre, já era esperado pelo governo. Na última segunda-feira (29/08), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia dito que a economia só voltará a acelerar no fim do ano. Mesmo assim, manteve a previsão de crescimento de 4% para 2011.
Investimentos perdem espaço
Os dados divulgados pelo IBGE também permitem avaliar o PIB por um ângulo diferente. Em vez de uma análise pelo viés de quem produz bens ou serviços, é possível observar a economia do ponto de vista de quem consome estes mesmos bens e serviços.
Há três possibilidades de “demanda”, segundo a metodologia do IBGE. Consumo com finalidade de investimento (geralmente pelas empresas). Consumo como um fim em si mesmo (TVs, geladeiras etc). E consumo do governo.
A exemplo do que havia ocorrido no primeiro trimestre, mais uma vez, o destaque, por este ângulo, foram os investimentos, que cresceram 1,7%. Mas, como proporção do PIB, caíram de 18,4% para 17,8%, o que também reflete a desaceleração da indústria.
De acordo com o IBGE, na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o PIB geral cresceu agora 3,1% (no primeiro trimestre, tinha crescido 4,2%). E, no acumulado do ano, também na comparação com 2010, cresceu 3,6%. O ritmo de crescimento do segundo trimestre indica que, projetado para um ano todo, o PIB avançaria 4,7%.
Repercussão
Em entrevista em São Paulo depois da divulgação dos dados pelo IBGE, o ministro da Fazenda reafirmou que a desaceleração já era esperada, por causa da contenção da atividade econômica promovida pelas ações do governo. E reafirmou, também, a previsão de 4%.
Em nota oficial, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que o atual ritmo de expansão da economia está mais adequado para que o governo possa segurar a inflação dentros dos limites oficiais no ano que vem. E fez questão de destacar que “a demanda doméstica continua sendo o grande suporte da economia”.
Também em nota oficial, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou de “estagnação” o resultado do setor divulgado pelo IBGE. E reclamou da conocrrência dos importados. “Parte relevante do crescimento da demanda interna é cada vez mais direcionada às importações, dada a contínua perda de competitividade da indústria brasileira e a persistência do câmbio valorizado”, afirmou a nota.
A entidade previa que o crescimento do país este ano seria de 3,8% mas, depois do resultado do PIB do segundo trimestre, decidiu refazer a conta.
*Matéria alterada para acréscimo de informações
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