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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Especialistas dizem que violência na escola é problema de todos


Gestores estaduais e municipais, educadores, especialistas, autoridades, alunos, pais e cidadãos foram unânimes ao afirmar que a questão da segurança nas escolas é de responsabilidade de todos. A conclusão se deu após os debates do último encontro regional do Fórum Técnico Segurança nas Escolas - por uma cultura de paz, realizado em Teófilo Otoni (Vale do Mucuri), nesta quinta-feira (1º/9/11). O evento, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, tem como objetivos levantar problemas enfrentados por alunos e educadores decorrentes da violência dentro e fora do ambiente escolar e discutir a elaboração de políticas públicas relacionadas à questão. O fórum teve etapas regionais em Janaúba (Norte), Varginha (Sul), Contagem (Centro) e Araxá (Triângulo), e a etapa final será em Belo Horizonte, entre 4 e 6 de outubro.
De acordo com o presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, deputado Bosco (PRTB), a violência dentro e fora do ambiente escolar acontece em todas as regiões do Estado, portanto não é um desafio a ser enfrentado apenas por educadores, pais e alunos. "É uma questão social. Temos que fazer uma ação conjunta para propormos políticas públicas para que as escolas possam cumprir seu verdadeiro papel, que é formar seres humanos", destacou.
O presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), também afirmou, por meio de mensagem lida no evento, que as famílias e as instituições públicas devem fazer parte do processo. Para ele, a missão da escola de promoção da boa convivência e da formação de cidadãos vem sendo comprometida por atos de violência. "A escola pode contribuir para mudar esta realidade, pois é o espaço mais aprimorado para estimular a juventude a exercer seus direitos e deveres, mas o problema é de todos", afirmou na nota.
O deputado Neilando Pimenta (PT) reforçou as palavras dos colegas parlamentares ao dizer que é importante criar um ambiente sadio e seguro, com a valorização dos professores e qualificação das escolas.
Gestores querem valorização dos educadores
A prefeita de Teófilo Otoni, Maria José Haueisen, acredita que a educação é o pilar de um País desenvolvido. Para ela, é preciso identificar quem são os promotores da violência nas escolas. "Recebemos alunos de todos meios e classes sociais. Crianças que convivem num ambiente familiar violento, e levam este comportamento para dentro de sala de aula. Os professores precisam ser valorizados e capacitados para compreender esses alunos e tornar a escola mais agradável e segura", salientou. O presidente da Câmara Municipal, Northon Neiva Diamantino, acrescentou às palavras da prefeita que é preciso, ainda, desenvolver políticas públicas para o segmento.
O presidente do Sindicato dos Professores de Minas Gerais, Gilson Luiz Pires, acredita que a violência é um processo cultural. "Está em casa, na mídia e, com isso, na escola", disse. Dessa forma, ele alega que é necessário abandonar o conceito de coerção como solução, e estabelecer um processo contínuo de democratização no ambiente estudantil, além de melhorar a remuneração dos profissionais.
O presidente da União dos Estudantes de Teófilo Otoni, Felipe Lemos, lembrou que os educadores atuam como mestres e, muitas vezes, até como pais. Ele entende que o problema da violência nas escolas é reflexo do que acontece nas famílias e na sociedade. "Os professores são fundamentais neste processo, portanto devem ser devidamente valorizados", completou.
Medo
Estado destaca programas
A diretora da Superintendência Regional de Ensino de Teófilo Otoni, Maria da Conceição Fernandes, que representou a Secretaria de Estado de Educação, disse que o Poder Executivo tem tentado mudar e desestimular a violência. Isso, segundo ela, tem sido feito por meio de projetos como o "Escola Viva, Comunidade Ativa", que prepara as escolas para receber os alunos e, com isso, efetivar o projeto educativo.
O comandante da 15ª Região da Polícia Militar, coronel José Geraldo Lima, destacou as ações de prevenção da corporação tais como o "Programa Educacional de Resistência às Drogas" (Proerd), que combate o acesso às drogas na escola; o "Jovem com Cidadania" (JCC); e o "Polícia de Proteção Integrada" (POPI), que é desenvolvido em Teófilo Otoni. "O Estado tem trabalhado para solucionar o problema e tem obtido bons resultados", disse.
Parceria -
Teófilo Otoni tem projeto modelo
O coronel da Reserva e ex-comandante da 15ª Região da Polícia Militar, Sandro Lúcio Fonseca, foi o expositor do painel "Experiências na prevenção e no combate à violência escolar". Em sua participação, ele falou sobre o projeto "Polícia de Proteção Integral à Criança" (POPI), desenvolvido e realizado há seis anos na região de Teófilo Otoni.
Considerado modelo no Estado, o POPI desenvolve ações como a implantação de conselhos de segurança escolares, policiamentos comunitários distritais escolares, núcleos multidisciplinares de acompanhamento socioeconômico e criminal, escolas especiais para o atendimento à criança e adolescente infrator, campanhas de interação e integração das escolas e seus ambientes e campanhas de escola solidária. O projeto é um serviço oferecido pela Polícia Militar a crianças e adolescentes, tendo como referência o ambiente escolar. Suas vertentes são cidadania, atendimento e prevenção, e ele atualmente abrange 60 municípios.
Segundo o expositor, em Minas Gerais, cerca de 15% dos presos são menores de idade, e em Teófilo Otoni os números chegam a 18%. "Isso significa que o Estado deveria dar um tratamento prioritário à questão e não está dando", alertou. Ele lembrou que, na região, antes da implantação do projeto, o efetivo policial era de apenas três homens, e a violência nas escolas era considerada um problema pedagógico. Hoje, o efetivo é de 45 homens. Uma pesquisa feita pela corporação mostra que, depois do POPI, a sensação de segurança aumentou na comunidade e as ocorrências diminuíram.
Críticas
Diálogo democrático é apontado como caminho
O mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professor do Departamento Interdisciplinar de Ciências Básicas da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Rodrigo Ednilson de Jesus, foi o expositor do painel "Segurança nas Escolas - por uma cultura de paz".
Para ele, a mídia destaca apenas a violência causada pelos estudantes. Com isso, leva a opinião pública a interpretar que a solução passa pelo aumento do policiamento nas escolas e a instalação de detectores de metal e câmeras de segurança. "Outras situações de violência ficam intocadas. A falta de diálogo democrático entre professores, alunos e instituição escolar, a segregação, a discriminação, o bulliyng e a intolerância não são trazidos ao debate", lamentou.
Segundo o professor, favorecer uma cultura de paz nas escolas não se limita à eliminação da violência física. Ele acredita que a criação de espaços democráticos que ensinem aos estudantes como conviver com as diferenças e ações que promovam o protagonismo juvenil são importantes. "Devemos trocar muros por cercas, para que a comunidade se aproxime da escola. Precisamos substituir a repressão por meios que facilitem a convivência entre as pessoas", finalizou.
Presenças -
 
 
 
Deputados Bosco (PRTB), presidente da Comissão de Educação, e Neilando Pimenta (PT).
- Ao final, o coronel destacou os pontos críticos da questão da falta de segurança nas escolas. Para ele, os órgãos públicos responsáveis pela defesa social podem fazer mais do que fazem; a Polícia Militar é o órgão que mais pode oferecer; as medidas adotadas atualmente são ineficazes; a intervenção deveria ser preventiva, portanto antes do primeiro ato infracional; e é necessário criar instituições educacionais especiais com modelos diferentes do da internação.
O delegado de Polícia Civil Jaílson Ferreira Pacheco acredita que é preciso rediscutir o papel da escola na sociedade. Para ele, é importante que as instituições de defesa social sejam parceiras neste processo. "As polícias devem trabalhar em conjunto com os órgãos de educação para que se melhore o ambiente escolar. Afinal, a violência nas escolas gera violência fora das escolas", afirmou.
- O diretor da Escola Estadual Ione Lewik, Abraão Scopel, disse que as escolas, hoje, não podem viver sem muros. Segundo ele, os educadores são reféns do medo, porque não há políticas públicas para a segurança nas escolas. Ele acredita que os alunos causadores da violência não são assistidos como deveriam e os professores são mal remunerados.


Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

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