Muitos oficiais capengas, e aqui, o "muitos" evita a generalização burra, se acham donos da vontade, da liberdade e da mente dos subordinados. Acham que as praças são burras e precisam de tutores ridículos formados nas academias como de "bois de carro". O boi de carro é o animal adestrado para fazer uma única coisa: formar parelha com outro boi e tracionar o carro. Não serve para mais nada. Mas, deixem-me explicar essa ira verbal.
Todos lembram que um corajoso policial militar da PM/DF, João Dias, praça veio, denunciou e derrubou o ministro dos Esportes Orlando Silva supostamente envolvido em um esquema de corrupção que usava ONGs para desviar recursos públicos.
O militar foi capa de várias revistas e jornais de grande circulação no Brasil inteiro pela força de suas denúncias.
Pois bem, é aí que entra a "síndrome das estrelas" de alguns oficiais, os quais, não se sabe ao certo o motivo, se acham seres diferentes, que nunca pecaram, ou que jamais erraram porque se acham acima da própria humanidade. Imbecil engano.

Não sabia o inoportuno major que o praça gravou toda a conversa. Detalhe, o oficial é da Corregedoria, órgão que abriu procedimento para apurar o porquê das denúncias contra o Ministro terem partido de um PM.
Mas, como sempre, se achando acima da Corregedoria, o major resolveu sacar suas estrelas para amedrontar pessoalmente o subordinado.
Vejam trechos da matéria de O Globo sobre o fato:
"O policial militar João Dias, autor de denúncias de corrupção envolvendo o Ministério do Esporte, foi aconselhado por oficial da Polícia Militar do Distrito Federal a não insistir com as denúncias contra o governo do DF. É o que revela áudio obtido pelo GLOBO. A gravação mostra o major Neilton Barbosa, da Corregedoria da corporação, dando conselhos a João Dias para que ele voltasse atrás. Após a divulgação do áudio, o major foi afastado da corregedoria pela PM. O atual governador do DF, Agnelo Queiroz, foi ministro do Esporte entre 2003 e 2006."
O major chega a perguntar se João Dias estava gravando aquela conversa, o que ele nega: "Você está gravando?", perguntou Barbosa. "Não, pelo amor de Deus. A gente grava bandido", respondeu o soldado. Só depois disso ele faz a primeira tentativa de convencer Dias a voltar atrás: "Você tem certeza que quer seguir com esse tipo de coisa? Porque você está se comprometendo e vai afundar mais ainda" [...].
Em outro trecho, Barbosa (o major) destaca que Dias está "colocando o pé na cova". "O que eu tenho para te dizer: quer relatar, relata, mas você está colocando o pé na cova".
Depois desse belo exemplo de como não se deve portar um superior diante de seu subordinado, o Comando da PM/DF afastou, incontinenti, o major de suas funções e mandou abrir procedimento para apurar a ameaça feita ao subordinado.
E se fosse aqui, na PM do Luciano? Ora, se aqui fosse o palco desse episódio, o major não seria afastado de suas funções e ainda ficaria na Corregedoria para julgar e punir o soldado.
Esse exemplo de Brasília mostra que, não importa o motivo, o oficial não pode usar de seu posto, que, na verdade, não é dele, mas do Estado, para ameaçar ou perseguir subordinados, principalmente se as atitudes do militar não atingiram a pessoa do major.
É a velha história: se o cara se acha o tal, porque não agir como tal? Nesse caso, o tal se deu mal. Para o bom gestor não importa a patente. Importa corrigir o erro e o abuso.
Parabéns ao comando da PM/DF pelo profissionalismo que tanto falta ao encarcerado Comandante da PMAL.
Fonte: Uniblogbr.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sua opinião, que neste blog será respeitada