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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Greenpeace: pré-sal colocará o Brasil entre os grandes poluidores


 
O petróleo do pré-sal vai fazer o Brasil subir de posição no indesejado ranking dos maiores poluidores globais. O país, que estava na sexta posição, vai passar a ocupar a terceiro lugar, perdendo apenas para China e Estados Unidos. A projeção de triplicar a produção de petróleo, como prevê o Plano Decenal de Energia 2011-2020, vai jogar na atmosfera mais 955,82 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (CO2 eq). É o correspondente às emissões de gases de efeito estufa — aquele responsável pelas mudanças climáticas — de 5,7 bilhões de viagens na ponte aérea, entre o trecho Rio e São Paulo. Em 2015, a produção do pré-sal estará começando a ganhar peso, com 543 mil barris diários, de um total de três milhões, segundo a Petrobras. Em 2020, terá saltado para 1,9 milhão barris/dia, de um total de 4,9 milhões.

— Estamos ganhando um cartão de milhagem de um grande emissor e não de um viajando feliz — ironiza
Sérgio Leitão, diretor de Campanha do Greenpeace, avaliando que o país estaria abrindo um "atalho errado", já que a previsão é o pré-sal ser responsável por 54% da produção nacional em 2020.

— A exploração do pré-sal vai destampar uma enorme reserva de carbono. Uma verdadeira bomba.


A reportagem é de
Liana Melo e publicada pelo jornal O Globo, 04-12-2011.

Gases do efeito estufa podem aumentar 197%


Pelos cálculos do
Greenpeace — autor do levantamento "O carbono do petróleo é nosso" — o pré-sal vai aumentar as emissões em 197% nos próximos oito anos. Esse volume, incluindo a produção, a queima, a logística e o refino, vai neutralizar o ganho conquistado, com esforço do próprio governo, de reduzir o desmatamento, considerado hoje o maior telhado de vidro do Brasil nas negociações internacionais de clima.

Os últimos dados comprovam a tendência declinante do desmatamento. O
Sistema de Alerta do Desmatamento, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), registrou redução de 33% em relação a 2010.

— É como se estivéssemos melhorando em português e piorando em matemática — compara
Leitão.

Ao entrar para o clube dos grandes poluidores, o Brasil estaria ascendendo três casas no ranking dos países emissores. Pesquisa divulgada na última sexta-feira durante a
17 Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP-17), que está ocorrendo em Durban, na África do Sul, o Brasil ocupa hoje a sexta posição. Os primeiros colocados são China, Estados Unidos, Índia, Rússia e Japão, seguidos do Brasil, Alemanha, Canadá, México e Irã. Juntos, os cinco primeiros são responsáveis por metade das emissões de gases de efeito estufa. As emissões do Brasil estão na ordem de 2,4 bilhões de toneladas de CO2.

Amanhã, o
Greenpeace se reúne com o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella. Representantes da entidade vão discutir a necessidade de se decretar uma moratória da exploração de petróleo nos arredores do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no Sul da Bahia. E aproveitam para entregar o estudo sobre as emissões de gases da indústria do petróleo.

Petrobras diz que vai conter emissões do pré-sal


Procurada, a
Petrobras respondeu, em nota, que "as plantas de processo do pré-sal estão capacitadas para tratar, separar e reinjetar o CO2 produzido no gás natural". Explicou ainda que "a reinjeção do gás será no próprio reservatório produtor ou em aquíferos salinos para armazenamento geológico". A Petrobras garante que "não haverá liberação para atmosfera do CO2 existente nos reservatórios do pré-sal".

A empresa admite que não existem "estudos conclusivos" sobre a concentração de CO2 na região do pré-sal. Mas alerta que alguns poços já demonstraram concentrações de CO2 acima do encontrado na
Bacia de Campos. Outros apresentaram concentrações perto de zero.

Num período de um ano, de setembro de 2010 a agosto último, as cinco principais bacias petrolíferas do país — que incluem Campos, Potiguar, Solimões, Sergipe e Recôncavo — emitiram 321,474 milhões de toneladas de CO2. Pelos cálculos do
Greenpeace, esse volume corresponde a 13,39% das emissões globais do país.

A
Petrobras garantiu que "está comprometida a não liberar para a atmosfera o CO2 associado ao gás natural da camada pré-sal". Disse ainda que, com a entrada em operação do navio-plataforma Angra dos Reis, na Bacia de Santos, estão sendo reinjetadas 220 toneladas por dia de CO2 no reservatório produtor".

ONG teme consequências desastrosas ao ambiente


As emissões da
Chevron, responsável pelo vazamento no Campo do Frade, no início de novembro, chegou a 10,6 milhões toneladas de gás carbônico (CO2) em apenas um ano, de setembro de 2010 a agosto de 2011. A avaliação consta do levantamento do Greenpeace, que apontou que vem da Petrobras a maior contribuição para poluição no setor de petróleo no país. Não poderia ser diferente, dado que a estatal é a maior produtora nacional. A empresa emitiu 293,3 milhões de toneladas de CO2 no período.

— No momento em que existe um esforço global em reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, o Brasil aposta em suas reservas de petróleo como o mais rápido atalho para o desenvolvimento econômico e social — avalia
Sérgio Leitão, diretor de Campanha do Greenpeace, convencido de que a opção pode ter consequências "desastrosas ao meio $" no futuro.

Esse é um dos motivos, diz
Leitão, que está fazendo o Brasil sentar para discutir na 17 Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP-17), em Durban, o CCS, sigla em inglês para Captura e Armazenamento de Carbono.

— A
Petrobras pretende implementar o fracassado, perigoso e caro mecanismo como forma de neutralizar o enorme estrago que as emissões da queima e da extração do combustível fóssil em grandes profundidades significarão ao nosso planeta — afirma Leitão, comentando que a empresa acredita que o "CCS fosse a salvação do petróleo".

Apesar de grande produtor de petróleo, o consumo per capita no
Brasil ainda é pequeno, mesmo se comparado com os vizinhos da América do Sul: 1,2 tonelada de petróleo por pessoa. No Chile, é de 1,9 tonelada per capita.
 

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