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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

PT pressiona para rachar o PSB de Eduardo Campos


Interlocutores petistas pressionam líderes socialistas em estados onde as siglas são próximas

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SÃO PAULO — O PT já começou a operar na tentativa de fazer com que o PSB abra palanques nos estados para a presidente Dilma Rousseff, segundo lideranças socialistas. A intenção é rachar a sigla ex-aliada e fazer com que setores regionais do partido embarquem na campanha de Dilma, o que enfraqueceria uma eventual candidatura da ex-senadora Marina Silva, que era vice na chapa de Eduardo Campos, morto anteontem em acidente aéreo. Ela deve ser o nome escolhido para substituir Campos.
Interlocutores do PT já começaram a assediar líderes do PSB em estados onde há uma boa relação entre as duas siglas, como Bahia e Sergipe. Em meio a esse processo, a própria Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligaram ontem para Roberto Amaral, presidente em exercício do PSB, que assumiu a responsabilidade de conduzir o processo para a nova candidatura.


Na pauta, oficialmente, constam apenas condolências pela morte de Campos. O vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, negou que haja assédio da legenda ao PSB. Cantalice disse que questões eleitorais só serão discutidas a partir de segunda-feira, após o sepultamento de Campos, previsto para domingo.

Ao mesmo tempo que evita dar um tom eleitoreiro, Lula disse que não há como negar que a morte de Campos provoca uma mudança no cenário.





— Obviamente que mudou a conjuntura política e eu não sei qual o tamanho do impacto. Não vamos tentar antecipar os fatos. Vamos esperar enterrar o companheiro Eduardo e os companheiros que estavam com ele, e depois voltamos a falar da política, a falar da campanha — disse Lula ontem.

PRÓXIMOS PASSOS EM DISCUSSÃO

Membros da Executiva do PSB se reuniram ontem num hotel em São Paulo para discutir os próximos passos. A expectativa é que a decisão sobre a nova composição da chapa saia entre os dias 19 e 20. No entanto, o partido também só vai se pronunciar oficialmente sobre o novo projeto político após domingo.

Uma ala ligada ao presidente nacional em exercício, Roberto Amaral, mais próxima do PT, defende para a cabeça de chapa um nome que não seja oriundo da Rede, movimento de Marina abrigado no PSB. Outro grupo apoia o nome de Marina como candidata à Presidência. Dele fazem parte o candidato ao governo do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, o líder na Câmara, Beto Albuquerque (RS), e os deputados Márcio França (SP) e Julio Delgado (MG).

De acordo com um dos dirigentes nacionais do partido que esteve na reunião ontem em São Paulo, a “parte mais pragmática do partido” defende o alinhamento com o nome de Marina Silva. A leitura é que o nome da senadora seria a salvação para a consolidação do PSB. Outro grupo, mais preocupado com o futuro do partido, trabalha com a posição de não haver candidatura do PSB. O receio é que Marina, na prática, desestruture o partido. Segundo esse dirigente, será convocada uma reunião da Executiva do partido, em Brasília, depois da missa de sétimo dia de Eduardo Campos, onde seria tomada a decisão.

Antes da entrada da Rede Sustentabilidade na coligação, o PSB já era rachado. O grupo liderado por Amaral, ex-ministro do governo Lula, é simpático ao PT. Já a outra ala chegou a defender o apoio ao candidato do PSB à Presidência, o senador Aécio Neves (MG). Com a morte de Campos, principal líder socialista e que costurou os palanques regionais para esta campanha, a sigla voltou a ficar dividida entre uma ala que defende Marina e outra que prefere retirar a candidatura.

PARTIDÁRIOS SAEM EM DEFESA DE MARINA

Enquanto o partido não se decide, partidários de Marina defendem sua candidatura. Com isso, tentam evitar a aproximação do PT. O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), disse que, ao se aliar a Eduardo Campos, apoiava uma candidatura alternativa e de oposição a Lula e ao PT. Segundo Freire, a substituição terá que levar isso em conta: uma candidatura capaz de garantir a realização de um segundo turno e que trabalhe para derrotar Dilma. Freire descartou deixar a coligação para apoiar Aécio informalmente:

— Não somos adeptos da prática de algo que implique apoio por debaixo dos panos. Um dos motivos de apoiar Eduardo Campos era viabilizar o segundo turno nas eleições presidenciais. Agora, o novo candidato terá também que ter o compromisso de ser contra Dilma. O que preocupa é viabilizar isso, mas acho que é fácil — disse Freire.

Para o líder do PPS, Marina é o nome mais provável para encabeçar a chapa. Segundo ele, não há data ainda para a reunião dos partidos da coligação. Indagado se há no PPS resistência ao nome de Marina, Freire respondeu:
— Não afirmo (que não há resistência), mas não vejo esse sentimento. O sentimento de derrota ao lulopetismo é forte para (o PPS) não ter candidato. Queremos que tenha segundo turno. Com Marina ou com qualquer outro candidato que se viabilizar.

Antônio Campos, irmão do candidato morto, defendeu a candidatura de Marina à Presidência. “Tenho convicção de que essa seria a vontade de Eduardo”, escreveu Antônio em uma carta. O governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PSB), também apoia Marina:

— A Marina Silva é um grande nome, sem dúvidas. Agora, o partido vai conversar, discutir e amadurecer essa decisão. E vai anunciar o mais rápido possível, apesar do momento que passamos — afirmou Lyra.
Enquanto o PSB discute, a ordem na Rede é silêncio. Recolhida desde o acidente, Marina ordenou que a discussão da chapa só seja feita após o sepultamento de Campos.

— Todo mundo sabe do rigor de Marina Silva. E por conta disso, e pela recomendação dela, todos nós vamos respeitar o momento dos familiares até o sepultamento. A partir daí é que trataremos da sucessão no âmbito da coligação — afirmou o ex-deputado Walter Feldman, porta-voz da Rede.
Feldman disse que o PSB continua como cabeça de chapa. Frisou que o que foi determinado por Campos será mantido.

LÍDERES: EX-SENADORA ESTÁ DIFERENTE

Líderes dos partidos coligados ao PSB na chapa Unidos pelo Brasil declararam ao GLOBO que apoiarão a escolha de Marina para encabeçar a coligação. Eles frisaram, porém, que Marina está diferente desde que iniciou a campanha com Campos, abraçando um partido cuja bandeira nunca foi essencialmente a causa ambiental e a renovação da política. Alguns pedem que ela reafirme compromissos de quando entrou no PSB, em novembro do ano passado.

Eduardo Machado, presidente nacional do PHS, afirmou que o nome de Marina é o mais natural para encabeçar a chapa, não por ela ser vice de Eduardo, e sim por ter popularidade. Ele disse esperar que a decisão sobre o novo candidato à Presidência seja tomada em conjunto entre os seis partidos.

— Não abrimos mão de que essa decisão passe por todos os partidos. O Eduardo Campos não era candidato do PSB, e sim da coligação Unidos pelo Brasil. Eu diria que é natural não em função dela ser a vice, mas em função da popularidade que ela tem. Se algo acontecesse com a Dilma, eu não diria que o Michel Temer seria o candidato do PT. 




(Colaboraram Maiá Menezes, Carina Bacelar, Isabel Braga, Nilson Hernandes e Tatiana Farah)




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