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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

CNBB garante que a Igreja não silenciará

Nova pesquisa Datafolha mostra vantagem de Dilma sobre Serra a 10 dias da eleição

Em meio ao debate religioso nessa fase pré-eleitoral, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Geraldo Lyrio Rocha, afirmou ontem que não se pode silenciar a Igreja, o que chamou de "ditadura laica". Segundo o presidente da entidade, a instituição deve defender critérios e valores como o de defesa da vida, sem, no entanto, orientar a votação em determinado partido ou candidato. "Numa sociedade democrática, o que não se pode fazer é querer silenciar a Igreja como se ela não pudesse manifestar a sua posição", reagiu, com veemência, o presidente da CNBB.

Dom Geraldo Lyrio: “Numa sociedade democrática não se pode impedir a Igreja de manifestar suas posições.”
Os temas aborto e religião estão em evidência atualmente, mas segundo ele "a Igreja, com o peso e o volume que tem, quando fala, é acusada de estar se intrometendo num âmbito que não é da sua competência. Esse argumento é falso", disse ele aos jornalistas.
Dom Geraldo Lyrio afirmou que, apesar de o Estado brasileiro ser laico, a sociedade é "profundamente religiosa", o que justificaria discutir não só temas econômicos ou administrativos, mas também temas caros à Igreja, como o aborto e a eutanásia. "Silenciar" a Igreja significaria, de acordo com o presidente, uma "ditadura laica": "A Igreja tem uma missão profética. Ela não vai se silenciar, porque ela tem a missão de defender valores", afirmou.

"Orientar católicos”

Dom Geraldo Lyrio observou que as posições da CNBB são manifestadas apenas pelo presidente, pela Assembleia Geral e pelo Conselho Permanente da instituição. A entidade aconselha católicos a votarem de acordo com "critérios éticos, entre os quais se incluem especialmente o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana".
Os bispos podem e devem se manifestar da maneira que entenderem mais correta, de acordo com dom Geraldo, inclusive indicando candidatos aos integrantes de sua diocese. "O bispo tem plena autonomia. Ele tem o direito e o dever, de acordo com sua consciência, de orientar os seus fiéis", defendeu dom Geraldo Lyrio. "Eles falam ou em nome pessoal ou na qualidade de pastores de uma determinada diocese", completou.

Dilma lidera Datafolha

Pesquisa Datafolha confirma que Dilma Rousseff voltou a subir e agora tem uma vantagem de 12 pontos sobre José Serra na disputa pela Presidência da República. Quando se consideram os votos válidos (excluídos brancos, nulos e indecisos), a petista tem 56% contra 44% do tucano. Esses 12 pontos de vantagem estão abaixo do que foi registrado na véspera da eleição do último dia 3, quando o Datafolha fez uma simulação de eventual segundo turno --Dilma tinha 57% contra 43% de Serra
O Datafolha entrevistou ontem 4.037 pessoas em 243 cidades. A margem de erro é de dois pontos, para mais ou para menos.
Em relação à semana passada, as oscilações dos percentuais totais de votos válidos foram todas no limite da margem de erro. Dilma tinha 54% (com mais dois pontos, foi a 56%). Serra tinha 46% (e deslizou para 44%).
Nos votos totais, Dilma aparece com 50%. Serra tem 40%. Os que dizem votar em branco, nulo ou nenhum continuaram estáveis, com 4%. Os indecisos oscilaram de 8% para 6%.
Os votos da terceira colocada no primeiro turno, Marina Silva, registraram um movimento favorável a Dilma nesta semana. A petista cresceu oito pontos nesse grupo, de 23% para 31%. Segundo o Datafolha, 88% dos brasileiros declaram-se totalmente decididos sobre em quem votar no dia 31. Apenas 10% cogitam mudar de opinião.

Dilma na tevê

Em seu tempo de propaganda eleitoral, ontem, Dilma concentrou as críticas com acusações de que o adversário, José Serra, teria privatizado a Vale, interrompido mandatos para os quais foi eleito e projetos de antecessores. “Imagina o que ele não seria capaz de fazer com os programas de Lula”, disse uma apresentadora do programa de Dilma. A ex-ministra também se comprometeu a erradicar a pobreza no Brasil e exibiu trechos de declarações de apoio de artistas e intelectuais como Chico Buarque, Leonardo Boff, Luiz Carlos Barreto, Beth Carvalho, Osmar Prado, Otto, Alceu Valença, Margareth Menezes e Fernando Morais.
Dizendo que seu adversário, José Serra, interrompeu mandatos e até programas de Alckmin, que é do mesmo partido, questiona: "Imagina o que ele não seria capaz de fazer com os programa de Lula e do PT?".

No Sul

Mas a campanha presidencial se voltou ontem para o Sul. Serra esteve em Maringá e viajou em seguida para Ponta Grossa. Enquanto isso, a candidata à Presidência, Dilma Rousseff privilegiou Porto Alegre, comentando os números sobre o emprego no Brasil divulgados pelo IBGE. “A melhor notícia de hoje é que o Brasil está numa situação, eu diria, de pleno emprego. Porque a taxa de 6,2% de desemprego no Brasil equivale à taxa de pleno emprego”, disse a petista. Segundo o instituto, o emprego com carteira assinada no Brasil cresceu 8,6% em setembro, contra 6,2% da taxa de desemprego, o menor patamar desde março de 2002.

Multa

Por 6 votos a 1, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral decidiram multar em R$ 20 mil a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, por ter usado site oficial para desqualificar o candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra. A suposta ofensa teria sido feita em nota divulgada dois dias antes do pedido de demissão pela ex-ministra. Não cabe recurso que modifique a decisão.

Carlos Fehlberg

Acesse: www.politicaparapoliticos.com.br

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