Sissa Ramos
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Avaliadora de Políticas Publicas e Sociais, Professora Universitária., Consultora de Organismos Nacionais e Internacionais de Pesquisa e Ação Humanitária e Social, atualmente, residente em Vitória, ES.
Faço parte de uma pequena elite do povo brasileiro que teve a chance de estudar e chegar à condição que pensava que nossa juventude não mais chegaria.
É só sondar e terás a resposta à seguinte questão: voltamos a um Brasil atual onde uma filha de um fotógrafo e de uma costureira está podendo estudar nas melhores escolas deste país sem pagar um centavo via programas governamentais e chegará aonde eu cheguei, no topo de uma carreira acadêmica com inserção nacional e internacional!
Pois é, por ter acreditado nisto que meu voto foi do Luiz Inácio Lula da Silva e agora será de DILMA em nome do resgate da dignidade da juventude brasileira e entre esta está a dos meus filhos!
A decisão por este Brasil não é muito antiga, esperei por este momento há 22 anos, tive coragem de lutar, de ir à porta das fábricas, de desfilar pela cidade em passeatas, ora muda, ora com "palavras de ordem", sofri muito no enterro do Santo Dias e de outros companheiros.
Conheci a Dilma quando ela, ainda, era uma mocinha, como eu romântica, vivendo a vida pela ótica da luta, vivíamos em espaços distintos, mas nos cruzávamos sempre, era uma pessoa comum, não mais me lembrava dela e ela com certeza não se lembra de mim, hoje tenho a honra de afirmar: conheci uma sábia mulher que colocou acima dos interesses individuais, os interesses do coletivo!!!
Quando o Lula se candidatou pela primeira vez acreditei que tinha chegado a hora, trabalhei, anonimamente, em sua campanha, distribui santinhos, contribui financeiramente e chorei muitas vezes de emoção durante alguns comícios.
Chorei quando num domingo à tarde indo ao ultimo comício do primeiro turno na década de 80, cheguei à estação da Sé (metro São Paulo, capital), olhei para cima e vi bandeiras vermelhas para todos os lados e um eco que repetia LUUULAAAÜÜ
Chorei quando perdemos a eleição por ver os meus sonhos destruídos e perceber que a maioria da população brasileira tinha medo de ser feliz.
Refiz-me do desencanto e segui em frente, mais uma vez anônima, mas crédula. Crédula que este dia chegaria: o povo brasileiro iria entender que estudar neste pais era tratado como um luxo e que nem sempre a solução para os nossos problemas vem das academias ou dos homens de rostos bonitos que falam mais de uma língua.
Hoje, novamente, quando recebo emails que comparam Dilma e o Serra, que estimulam preconceitos fico pensando: até quando o povo brasileiro, especialmente, os representantes das classes médias tradicionais, falsamente ilustradas, desconhecedoras da nova classe média que já se consolidou no Brasil, vão continuar fazendo-se de ingênuos e permitir que acabem com o Brasil.
Será que estas pessoas ainda não sofreram o bastante? Será que não perceberam que trocaram o jantar pelo lanche? Será que estas pessoas, ainda, acham que a violência é coisa de cinema? Que é natural seus filhos comprarem CDs piratas? Que é normal perderem seus empregos? Que seus filhos não conseguirão chegar até onde os filhos da nova classe média estão chegando, falo das universidades de qualidade, públicas ou privadas, nacionais ou internacionais e da demonstração da garra pela trabalho sério e honesto? Que as Santas Casas brasileiras, em especial a de meu estado, não tenham recursos para cumprir suas funções seculares, inclusive para estes segmentos sociais que ao perder seu emprego perde, também, o direito à saúde privada?
Não quero mais o meu país de anos atrás, não quero mais ouvir em um salão de beleza uma típica senhora da classe média tradicional "não freqüento o shopping tal pq não quero encontrar com minha empregada doméstica lá"; não quero mais pessoas como as da campanha do outro candidato dirigindo a minha vida, não quero mais estas pessoas mentindo quando elas dizem que diminuíram a mortalidade infantil, enquanto o que está diminuindo a mortalidade infantil é a distribuição de renda; que acabaram com as doenças transmissíveis. Que vão acabar com a dependência às drogas, como se a dependência química estivesse limitada ao dependente e não a uma relação direta com o capital, e, conseqüentemente, com a violência e destruição que ele propaga.
Quem diminuiu estas taxas foi o próprio povo brasileiro em suas formas de solidariedade, foram pesquisadores em nutrição que criaram farinhas nutritivas que as Igrejas e as Ongs distribuíram. O Programa Saúde da Família não é brasileiro, técnicos do Ministério da Saúde adaptaram uma metodologia canadense. O Bolsa Família; o programa de Prevenção a AIDS; as Farmácias Populares e os Medicamentos denominados Genéricos, também, não são propriedade de nenhum governo, são direitos do povo brasileiro!
Não vejo motivo para reflexão, chegou a hora, a vez é nossa, do povo brasileiro que não tem cara, classe social e nem cor, mas tem um único projeto: Ser CIDADÃO! Ser cidadão de um país em que haja, minimamente, condições de sobrevivência com dignidade e que as pessoas tenham direito não, somente, a sonhar, mas concretizar sonhos.
Sonhos com um país onde criança brinca e que não é explorada sexualmente, que pais não apanham da vida e nem espancam seus filhos, que os políticos sejam éticos, que o orçamento público seja transparente; que as prioridades de investimento sejam discutidas por nós; e, que a defesa do meio ambiente seja uma bandeira de todos.
Se a Dilma não foi uma política de carreira este é não o problema, até mesmo porque como ela, nossos avôs, pais, irmãos e, provavelmente, você que está lendo também não!
Se ela ficou estes anos todos se preparando para governar o Brasil, sorte a nossa que teremos uma presidenta informada e que conhece a realidade deste país, palmo a palmo, e que percebe o quanto é necessário o ensino publico e gratuito de qualidade, que a saúde é direito de todos e dever do estado, que a terra pertence a quem nela trabalha, enfim conhece os princípios constitucionais e dele não abriu mão em seus acordos de campanha e muito menos de governo.
Como sujeito de minha historia quero continuar mostrando ao João (meu filho, que diferente de mim votou na Dilma no primeiro turno, eu votei na Marina); à minha enteada, a Bianca, que um dia acreditei no Brasil, que valeu à pena ter feito a opção de criá-los aqui e de educá-los numa escola pública, lutando contra o preconceito, fazendo deles um cidadão de primeira categoria que, quando adultos forem, não se deixarão levar por emails tortos que ajudam a manter o capital na mão de pequenos grupos e a exploração cada vez maior do trabalhador.
Até o próximo dia 31, votem em Dilma e lembrem que o nosso futuro nos espera, pois
estamos caminhando para um Brasil onde brilhará a estrela da felicidade que dedicarei às minhas doces crianças, netos que a vida me deu, por meio, de Larissa, Alessandra, Paola, Fábio, Catarina e Violeta, entre outros tantos, que me fazem sorrir e acreditar que vale à pena lutar!
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