Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O que será de nós? A decisão é nossa!


brasil191010Lendo o livro “1822”, do Laurentino Gomes, em que ele descreve o Brasil, os brasileiros e os portugueses da época, num emaranhado de fatos que culminam com a Independência do Brasil, a gente se depara com fatos que elucidam certos mistérios a nosso respeito.
Eu chamo de mistério alguns comportamentos que desafiam a lógica e até mesmo o bom censo. Como exemplo pode-se tomar o fato de que as colônias espanholas a nossa volta, se tornaram repúblicas alguns anos antes com direito a abolição da escravatura e das outras formas de trabalho forçado compulsório; enquanto que o Brasil conseguiu manter a unidade, mesmo com tantas guerras e revoltas, principalmente no Norte e Nordeste, nos rincões mais distantes da corte, portanto, longe dos olhos de El Rey.
No ano da independência, o Brasil tinha tudo para dar errado. De cada três brasileiros, dois eram escravos, negros forros, mulatos, índios ou mestiços. Essa população era carente de tudo, vivia à margem de qualquer oportunidade em uma sociedade de economia agrária e rudimentar, dominada pelo latifúndio, a monocultura e o trabalho escravo e o tráfico negreiro. Para se ter uma ideia, nos anos próximos da Proclamação da República, viviam no país algo em torno de 1,250 milhões escravos numa população de 1,800 milhões pessoas.
Havia um medo latente de uma revolta dos escravos, algumas chegaram a ser ensaiadas, como a Revolta dos Malês, onde a exemplo de todas as outras revoltas, terminou com um banho de sangue, só dos negros. As chamadas guerras da Independência seguiram o mesmo exemplo, os participantes que eram provenientes de uma elite que se sentia contrariada e traída pelos portugueses, estes a mão da lei só alcançaria através de um exílio ou prisão temporária, sendo raros os que tiveram que enfrentar a forca ou o pelotão de fuzilamento, como foi o caso de Tiradentes e do Frei Caneca do Amor Divino.
Pelo visto, muita coisa mudou, nos tornamos um país grande no cenário mundial, somos a quinta economia, temos um povo que nunca pretendeu ser homogêneo e até nos orgulhamos de nossa miscigenação. Hoje o brasileiro se olha com mais orgulho, com a auto-estima mais para cima; deixamos de nos ver como párias ou vira-latas. Somos capazes de rir e de chorar ao nos defrontar com a nossa realidade, gostamos da nossa cor, valorizamos nossos atributos físicos e a nossa sensualidade está estampada na cara, nos corpos e nas mais significativas manifestações da cultura popular.
Quem não conseguiu renovar nem atualizar esse olhar é uma porção da elite que se sente europeia e branca, não consegue ver semelhança nos conterrâneos. Isso tem permitido até a formação de grupos neonazistas em que a questão étnica foi posta de lado, isso faria os arautos da eugenia rolar nos túmulos. Dói saber que esse país que recebeu tão bem os imigrantes que estavam na miséria em seus países de origem, afugentados pelas inúmeras guerras ou pela simples oportunidade de ganhar a vida nesse rincão tão generoso possa ver o desprezo com que são tratados seus filhos mais genuínos.
O que o povo brasileiro conquistou foi através de suas agruras para sair da pobreza e da miséria, o que nos fez um povo foi justamente a beleza da diversidade e foram essas diferenças que nos tornaram tão orgulhosos de sermos essa gente brasileira. Durante muito tempo não podíamos escolher nosso próprio destino, ficamos a reboque dos grandes países, sendo guiados por uma elite que só tem olhos para si e veem o país como uma empresa de sua propriedade e que só os torna mais ricos e distantes do povo que constrói essa riqueza e, só agora, depois de 500 anos de história, consegue ter acesso a ela.
Temos uma oportunidade de escolher nosso destino, iremos votar no segundo turno das eleições presidenciais. Teremos que escolher entre quem ajudou o país a se tornar o que hoje ou o representante dessa oligarquia agrária ultrapassada, latifundiária e que só vê o povo como força de produção nos seus negócios que só têm uma mira: o grande mercado econômico mundial.

Nélio A. Azevedo (Historiador)

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