Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

sábado, 27 de outubro de 2012

A mexicanização de São Paulo


A julgar pelas aparências, o Brasil ou, ao menos, o Estado de São Paulo caminha para "mexicanizar-se" em termos de violência.
O que a Folha chamou, adequadamente, de "explosão de assassinatos" ocorrida em setembro tem como uma das explicações "o acirramento do confronto entre policiais e criminosos", sempre segundo a Folha.
É a explicação que o governo mexicano sempre dá quando cobrado sobre a violência no sexênio de Felipe Calderón, prestes a se encerrar: das 55 mil mortes ocorridas no país, 80% pelo menos se deveriam ou a confrontos com as forças repressivas ou a ajuste de contas entre os carteis do narcotráfico.
O subtexto dessa explicação é sinistro: o cidadão comum, que nem veste farda nem é bandido, não tem porque ter medo porque suas chances de ser vítima são reduzidas. Tolice pura. O medo se instalou no México, como em São Paulo, porque a violência é parte indissociável do cotidiano.
Aliás, o número de vítimas de homicídio dolosos e de latrocínio no Estado de São Paulo, de janeiro a setembro, dá 3.826. Se se pudesse extrapolar para um período de seis anos, teríamos 30 mil vítimas só em um Estado, quando, no México inteiro, foram 55 mil - o que torna os dados desgraçadamente comparáveis.
Quando se transformam os números brutos em assassinatos por 100 mil habitantes, dá um infernal empate entre México e São Paulo (10 por 100 mil, com a diferença apenas depois da vírgula). Se se tomar o Brasil inteiro, piora para o Brasil: dados do Banco Mundial para 2011 apontavam, no Brasil, 26 mortes/100 mil habitantes, contra 11/100 mil no México.
Em ambos os casos, trata-se de uma epidemia ou de uma guerra civil não declarada que precisa ser enfrentada de outra maneira.
É impossível discordar da avaliação que Martim de Almeida Sampaio, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, fez para a Folha: "São números [os de setembro] assustadores. Revelam a face clara e contundente da falência da política de segurança pública. O governo tem razão em dizer que nunca se prendeu tanto, que nunca houve uma política igual para construção de presídios e que nunca se investiu como agora. Mas esses números revelam que nada disso funcionou".
O que fazer, então? Chamar o Exército, como o México o fez, com resultados controvertidos? Não sei, mas é um tema que precisa entrar no debate público. Afinal, o Rio parece sentir-se melhor agora que algumas (poucas) favelas foram "pacificadas" (o termo, por si só, indica que há uma guerra). E a "pacificação" mais midiática, a do favela do Alemão, só foi possível porque as Forças Armadas deram apoio à polícia.
O que definitivamente não resolve nada é a Secretaria de Segurança Pública dizer que houve "pequena alta" no número de homicídios. O que precisa haver é uma "grande queda". Qualquer outra coisa é fracasso. Ponto.

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