Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Cabo Júlio e a assunção ao cargo de Deputado estadual

* José Luiz Barbosa

Com um slogan sugestivo e de clamor popular, "Segurança em 1 Lugar" e sem nenhuma proposta concreta para a segurança pública na Capital, os cidadãos de Belo Horizonte acabam de eleger para representá-los na câmara municipal, o Coronel da Polícia Militar do quadro de oficiais aposentados, Edvaldo Picinini Teixeira, atual presidente do Clube dos Oficiais.

Não causa estranheza a eleição de um cidadão oriundo das forças de segurança, pois há realmente uma demanda reprimida dos cidadãos em todos os municípios brasileiros por mais segurança, principalmente nas grandes metrópoles o que reforça o discurso dos pretentendes a cargos no poderes legislativo e executivo.

O que surpreende e até nos assusta é o fato do vereador Cabo Júlio, ex-líder do movimento dos praças de 1997, concorrente a reeleição pelo PMDB, não ter conseguido votos suficientes para sua recondução ao cargo, pois se havia espaço para a eleição de mais um representante da Polícia Militar, porque perdemos uma cadeira que em tese, pertencia aos praças, e que na pior das hipoteses haveria de ser substituída por uma liderança dos praças, ou pelos menos compromissada com seus interesses na circunscrição territorial do município de Belo Horizonte.

A explicação para as mudanças no legislativo municipal, claro não se pode atribuir tão somente ao interesse político de assunção ao cargo de deputado estadual, pelo vereador Cabo Júlio, com a vacância do cargo na assembléia legislativa, pela eleição de um prefeito  que ocupava o cargo de deputado do PMDB, mesmo porque reconquistamos a cadeira originariamente consquistada na histórica eleição de 1998 pós-movimento dos praças, mas também a outros ingredientes, como a ignorância política e indisposição voluntária dos policiais e bombeiros militares em participar do processo político, o que não exime de responsabilidade as lideranças que são co-autoras na construção dos canais e meios para que a participação torne-se efetiva e uma pratica comum, livre de pressão, e sem intereferências de terceiros interessados.

Acreditamos todavia, que nos próximos dois anos, que restam do mandato de Deputado estadual, o vereador Cabo Júlio estará exercendo com vigor e firmeza suas funções parlamentares na luta pela valorização e respeito aos policiais e bombeiros militares em parceria com o Deputado Sgt Rodrigues, que como exclusivo representante da bancada da segurança pública no parlamento, fica como uma voz solitária e muitas vezes limitado nas suas tarefas de mobilizar, articular e promover a defesa dos interesses dos profissionais da segurança pública, que senão abrirem os olhos em breve estarão sendo representados pelos oficiais, que doutrinaria e ideologicamente foram politizados e formados para defender a instituição como órgão do Estado, e não como de uma agência pública de atendimento, proteção e socorro dos cidadãos.

A expectativa e os anseios que foram as causas da insurreição dos praças em 1997, foi motivada por um ato de deslealdade dos oficiais que  negociaram  seu reajuste salarial, deixando de fora os praças, que com os salários achatados e defasados, a cidadania violada e a dignidade desrespeitada nos quartéis, partiram para um movimento que atravessou as fronteiras do Estado de Minas Gerais, sendo o passo decisivo para que descobrissem o caminho e as armas para lutar pela sua valorização e respeito a sua condição profissional e de cidadão. E serão estes anseios e demandas ainda não atendidas que ao nosso entendimento deverão pautar os trabalhos legislativos dos deputados, sem no entanto esquecer, que o resultado final influenciará a releição de ambos.  

A conclusão a que chegamos, respeitando as opiniões discordantes e divergentes, é que com contra fatos não há argumentos, é que não há nem nunca houve nenhum projeto político coletivo de representação de classe, mas projetos políticos de poder, cujos interesses gravitam entre grupos dominantes na estrutura da organização policial militar e das associações, que sujeitam seus interesses e a de seus comandados e associados ao sabor do interesse político governamental e da ambição e vaidade pessoal de cada um, que se projeta como figura pública no cenário político institucional. 

*Presidente da Associação Mineira de Defesa e Promoção da Cidadania e Dignidade e especialista em segurança pública.

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