Fotos: Igor Carvalho|Mamba|Maíra Cunha|Periferia Livre
Convocado por diversas organizações do Movimento Negro, movimentos sociais e com apoio do MTST, mais de 2 mil pessoas marcharam da Praça da República à Secretaria da Segurança Pública de SP, pelo fim da prática cotidiana de assassinatos promovidos pelo Estado através de suas polícias, considerado pelos movimentos um verdadeiro Genocídio do povo negro.
“Como assim, reclamar da polícia?”; “Direitos humanos é pra proteger bandidos!”; “Tinha que morrer mesmo!”. Essas idéias são mantras alimentados e repetidos sistematicamente pelos grandes meios de comunicação e que, infelizmente, conseguem convencer a população a endossar a violência contra si própria. Criticar a polícia e a morte de “bandidos” causa estranhamento ao senso comum. E o estranhamento é fundamental para aguçar a curiosidade em saber mais. Eis o caminho aberto e propício às novas compreensões da realidade.
Ocorre que, não é possível conviver com o alto índice de violência à que estamos submetidos. O Brasil é um dos países onde mais se mata. Seja pelas mãos do Estado, através das policias, seja pela violência civil, estimulada e permitida. Em ambas as situações, o Estado, seus governos e suas ações são sim, responsáveis. E é frente a isso que nos levantamos.
A grande mídia, cumprindo seu papel cotidiano, ignorou a mobilização desta quinta, 18/12.
Negras e negros reclamando por direitos, denunciando violências e racismo só pode ser notícia no Brasil, se os protestos acontecerem nos EUA ou em qualquer outro lugar do mundo. Afinal, aqui vivemos o sonho da democracia racial, como bem nos lembra o professor Henrique Braga.
É verdade que não alcançamos grandes resultados até agora. Não barramos as incursões assassinas das polícias paulistas e tampouco derrotamos o projeto genocida do Estado Brasileiro. Mas grandes e bonitas mobilizações como a dessa quinta feira 18, tem papel pedagógico para a formação da consciência da classe e, no caso, do povo negro.
Apesar da pressão e da importância da mobilização de mais de 2 mil pessoas em frente a Secretaria de Segurança Pública, nenhuma representação oficial aceitou dialogar com os movimentos. Paralelo a isso, uma comissão de representantes do Movimento Negro, com apoio do Condepe, levou as reivindicações políticas ao Procurador Geral de Justiça do Estado de São Paulo, Dr. Marcio Elias Rosa, que prontamente nos recebeu.
“O tratamento dos conflitos pela via punitiva não deu certo no mundo. Não dá certo na relação de pai para filho; não dá certo entre as pessoas, e não dá certo entre estado e sociedade. Temos que buscar outras alternativas”, disse Dr. Márcio. Em seguida o procurador se comprometeu com os seguintes pontos:
Intermediar o diálogo entre movimentos e o novo Secretário de Segurança Pública do Estado;
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Acompanhamento individual de cada um dos casos emblemáticos de violência policial, apresentados pelos movimentos e constantes na Carta Oficial.
Ação imediata no sentido somar o Ministério Público aos esforços dos Movimentos Sociais em conquistar o direito à indenizações e reparações, bem como ao acompanhamento psicossocial aos familiares de vítimas do Estado.
Construção de uma agenda comum de ações que visem o enfrentamento à violência policial já a partir de Janeiro de 2015.
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