Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Porque desmilitarizar a Polícia Militar?

Há alguns anos, vemos crescer o debate acerca da desmilitarização das polícias estaduais. Muita gente apoiando, outros contrários a esta medida. Até mesmo entre os policiais militares, percebe-se opiniões divergentes. Neste contexto social, ficam no ar diversos questionamentos, sendo o seguinte um dos principais: A quem realmente interessa desmilitarizar a polícia militar?


No artigo O dia depois de amanhã para o militarismo, já tratamos deste assunto sob a ótica do próprio policial militar, principal envolvido no mérito da discussão, pois é, ao mesmo tempo, cidadão interessado em uma polícia melhor para a sociedade e profissional interessado em uma corporação melhor para trabalhar. Seria ele diretamente afetado pelas possíveis mudanças em seus direitos e deveres, bem como na competência funcional da corporação. 


Passei a ver o assunto de uma forma diferente ao ler o artigo A quem interessa a desmilitarização das PM's? do capitão Aguiar. Não que tenha passado a defender o fim do militarismo, mas procurei analisar a questão por um ponto de vista mais neutro, ou seja, mais como cidadão e menos como policial. E percebi que, fora alguns policiais militares que sofrem pelo abuso de poder de outros policiais militares, a maioria dos que são a favor de extinguir o militarismo tem pouca preocupação com a polícia, com os policiais ou com a sociedade de bem. Não digo que não existam pessoas favoráveis a mudança que tem motivações boas, mas são tantos quanto a mídia faz parecer.



Muitos poderão dizer que esta é uma típica opinião corporativista de um policial que deseja a continuidade dos absurdos cometidos em decorrência do militarismo. Muito pelo contrário, sou ferrenho defensor do serviço policial estritamente dentro da legalidade e respeitando a dignidade dos indivíduos, tanto fora dos quartéis, quanto dentro deles.


Mês passado, foi publicado um estudo no site da Câmara dos deputados de autoria do Consultor Legislativo na área de Segurança Pública e Defesa Nacional, Fernando Carlos Wanderley Rocha. Achei bem interessante a pesquisa, pois seu autor, não sendo policial militar, teve a opinião mais crítica e imparcial possível.    


Desmilitarização das polícias militares e unificação das polícias - desconstruindo mitos - o estudo faz uma análise histórica, desde o surgimento da polícia militar no mundo até a atual proposta de desmilitarização das polícias no Brasil. Expõe o momento vivido por nossa segurança pública, desmente certas afirmações absurdas (mitos) sobre o militarismo. Cita pontos positivos e negativos relacionados ao tema, bem como alguns grandes impedimentos legais ou dificuldades práticas para a desmilitarização.


Destaco do texto sua linguagem clara, exposição do tema de forma cronológica e muito bem fundamentada, bem como citações de diversas questões atuais relacionadas a segurança pública como um todo e não somente no tocante a polícia militar. Ao analisarmos um trecho, fica evidente que muitos são os responsáveis pela (in)segurança pública brasileira, mas poucos são lembrados na hora da cobrança:



"E como anda a eficiência, naquilo que tem reflexos na segurança pública, dos Ministérios Públicos Federal e dos Estados, do Ministério da Justiça, das Secretarias de Segurança Pública ou de Defesa Social, das Secretarias de Justiça, das Secretarias de Administração Penitenciária e do sistema penitenciário, das Prefeituras e das Corregedorias das Polícias Civis e Militares? 

E os meios de comunicação social? destruindo valores e exaltando anti-valores, transformando bandidos em mocinhos e em vilões os que zelam pela preservação da lei e da ordem pública. 

Há algo de errado em um País no qual o delinquente é tratado como “reeducando”; as vítimas são esquecidas; as passeatas de viciados pela liberação das drogas aplaudidas; o policial militar é visto como “criminoso”; as Prefeituras “legalizam” o “flanelinha” extorquindo o cidadão; a idade, e não a periculosidade, é o parâmetro adotado para definir se um assassino é ou não um criminoso; e autoridades da República declaram que “a violência da criminalidade no Brasil é diretamente proporcional á violência das PMs e de outros agentes de segurança contra os cidadãos”.

Os mais graves problemas que afetam a segurança pública em nosso País estão no policiamento ostensivo, realizado pelas Polícias Militares, ou nas leis editadas em descompasso com a realidade? ou na ineficiência da persecução e da execução penais? Onde reside a maior ineficiência? Onde reside a falência do sistema de segurança pública? Não nos parece que seja exclusivamente nas Polícias Militares." 


 Neste fragmento, o autor questiona a atuação de diversos órgãos e deixa claro que o problema da segurança pública não é culpa somente da polícia militar, mas de todo o sistema sócio-político-cultural brasileiro.


A discussão sobre a desmilitarização ainda vai render muito, mas não podemos servir de marionetes nas mãos de pessoas que querem simplesmente o enfraquecimento de nossas polícias. Independente se você é a favor ou contra, não se deixe levar por falsas ideologias de pseudo-especialistas em segurança pública que vemos proferindo pareceres sempre que ocorre uma ocorrência trágica envolvendo a Polícia Militar. 



Fonte: Blog do Graduado

8 comentários:

  1. Bom dia. Sou sargento da PMERJ por tempo de serviço.Toda manifestação do pensamento através de pesquisas não cabe punição.Isto já tem decisão do STF.Venho dessa forma escrevendo sobre as REGRAS DESMEDIDAS NA POLÍCIA MILITAR. VEJA:http://www.idespbrasil.org/index.php...

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  2. O Brasil assinou um TRATADO com a OIT.Este TRATADO diz para o país estender
    os benefícios que são dados aos civis para os militares.O CONGRESSO NACIONAL votou com reservas, excluindo os TRABALHADORES SERVIDORES DE SEGURANÇA PÚBLICA. Com a desmilitarização também será o FIM DA PARIDADE entre ativo e inativos.

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  3. http://paulosergiopm.blogspot.com.br/2014/11/as-violacoes-de-direitos-humanos-se.html

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  4. Tirando situações que exigem uso extremo da força, como uma rebelião em presídio, a atuação policial vem, cada vez mais, se dirigindo ao cidadão de bem, tentando prevenir o delito e agindo contra o infrator quando este decide não respeitar a Lei ( e a comunidade em geral). Atualmente a filosofia do policiamento comunitário, com envolvimento da sociedade na resolução dos problemas que afetam a segurança pública é uma política de atuação mais presente e efetiva.
    Quando se tem um pequeno grupo, pode-e conviver bem com regras mínimas. À medida que o grupo de pessoas aumenta, mais regras, melhores detalhamentos, mais regulamentações se fazem necessárias. Nesta ótica, o caráter militar da Polícia Militar é uma necessidade para controlar um grupo que em Minas Gerais tem cerca de 45.000 policiais no serviço ativo e, em termos de Brasil, cerca de 500.000 profissionais. Ao mesmo tempo que permite controle, o aspecto militar proporciona uma relativa equiparação de força nos vários Estados do Brasil, com serviços de mesma natureza.
    À guisa de comparação, temos a organização Polícia Civil. Não tem as regulamentações da PM, apesar de ser uma organização muito grande, com muitos integrantes. Em várias fontes esparsas, giram comentários de que naquela casa os Delegados tem certa dificuldade em impor aos auxiliares (detetives, escrivães, auxiliares em geral) a execução de algumas tarefas quando estas não são de seu interesse. Falam, também, que a falta de uma estrutura legal mais abrangente, é difícil conter aquele policial que se envolve com atos de corrupção.
    Então voltemos ao caso da estrutura militar da PM. O arcabouço legal, com normas bem definidas, com o código de ética e disciplina e com o Código Penal Militar, se firma como instrumento de controle e indução à eficiência.
    Argumento crítico: permite perseguições.
    Por acaso dentro de uma Corporação como a Polícia civil também não é possível haver perseguições? Na empresa privada também não é possível perseguir funcionários que desagradam ao chefe?
    Então creio que isto é da natureza humana e não, necessariamente, da estrutura militar da PM.

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  5. A estrutura PM concede, também, proteções, como a Justiça Militar.
    Caso concreto: um policial militar comete um crime dito militar (como os casos de lesão corporal em pessoas decorrente de ato de serviço- resistência á prisão, etc).
    O policial militar será submetido à justiça, mas por ser especializada, tem menos processos, resultando em sentenças mais rápidas, sejam absolutórias ou condenatórias.
    O policial civil, em caso semelhante, será processado na justiça comum. Mesmo que tenha cometido um delito de forma justificada, como no defesa de um terceiro cuja vida está em risco, não restará ao policial civil outra alternativa senão fugir do flagrante, responder em liberdade um processo que se arrastará por infinito período. Terá de conviver muito tempo na angústia do resultado.
    A estrutura militar da PM e sua justiça militar proporcionam este suporte, tanto que é prática que o policial militar, encontrado em flagrante delito, mesmo nas condições de excludente de ilicitude, seja preso em flagrante, recolhido ao local determinado, pois em breve tempo a Justiça Militar se pronunciará. Se for o caso de excludente de ilicitude, rápido concede liberdade provisória. Se o delito não tem amparo legal, a sentença é relativamente rápida.

    Quem ganha com uma força numerosa, armada, mas com estrutura forte e organizada? a sociedade, que não terá um bando armado rondando suas ruas.
    Há excesso? Há, mas são casos localizados nos quais a própria estrutura militar proporciona meios de coibir.

    Há quem interessa a desmillitarização? Aqueles que desejam esfacelar uma "empresa" grande, bem estruturada, que hoje atua em favor da sociedade, mas que se for desmantelada, abrirá espaço para os grupos não oficiais, armados ou não, que tem pretensão de subjulgar a sociedade.

    DESMILITARIZAÇÃO é o primeiro passo para instalar a anarquia nas cidades, que em razão de cortes orçamentários, leis frágeis e omissão do Poder Público, já vem assistindo este cenário de caos nas comunidades ditas pobres ou de periferia.

    Meus amigos, pensem a respeito, estudem e não se deixem levar pelo embalo de mídia sensacionalista.

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  6. PARTE 1 DO COMENTÁRIO

    Prezado leitor, o tema é complexo, mas algumas constatações fiz em toda minha vida profissional: Em qualquer empresa tem regras e o descumprimento gera medidas. Falte ao trabalho, perderá o dia, o descanso remunerado e um balão. continue faltando: pena capital de demissão. Faça sua tarefa mal feita:repreensão pelo patrão. continue sem qualidade:demissão. O chefe manda mais, o diretor a seguir, o gerente um pouco menos, o encarregado de setor e depois o operador do galpão.
    com isso quero mostrar que hierarquia e disciplina não é exclusividade das polícias militares. Toda empresa organizada tem normas, hierarquia, manda que tem mais autoridade, tem medidas punitivas para quem não se ajusta àquela empresa.
    No aspecto de polícia, hoje as PM são empresas com estrutura militar e, de modo geral, prestadores de serviço com características de civil..

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  7. convimos numa ESCRAVIDÃO VÁRIOS PMS FORAM PRESOS E PROCESSADOS POR LUTAREM POR MELHORIA SALARIAL TEMOS O CABO DACIOLO ,O JESUINO, CABO SABINO, O CAPITÃO WAGNER O SOLDADO PRISCO, ETC FORAM VITIMA DESSE REGIME QUE NOS ESCRAVIZA

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  8. Antes de qualquer discussão, é preciso entender o momento histórico que tais fatos ocorreram. Antes de 1997 realmente a PM mineira vivia um estado de despotismo, com massacre do subordinado. Também passei por momentos difíceis pela ação personalística de um comandante déspota. Hoje, com as mudanças, decorrentes da própria greve, há menos situações de abuso como dantes.
    Também há casos de PM que não vivem dentro das regras da Corporação mas querem todas os benefícios e garantias, reclamando quando sofrem a aplicação da Lei. Para estes casos, temos a Lei, a defensoria, o ingresso dos advogados para defesa de direitos, o Ministério Público, Todos os casos que a justiça analisou como ilegais tiveram uma decisão. Interessante Carlos Alberto trazer que foram presos e PROCESSADOS, não simplesmente penalizados. Processo passou pela justiça. Respeito à dignidade dos nossos companheiros, mas se nós ficarmos amarrados a um fato histórico, sem prestar atenção na evolução social, qualquer mudança não fará sentido, pois nosso miliciano estará sempre preso a uma lembrança.
    Temos de dar valor àqueles que lutaram em defesa dos direitos de classe, em defesa da sociedade ( como Tiradentes) mas 17 anos depois já estamos em outra fase na eterna negociação que se instaurou depois daquele fato histórico..
    Vamos respeitar o passado, mas bola pra frente na luta de melhores condições de trabalho e de vida.

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