Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Marina, o melhor agora é surfar na onda


“Enquanto todos tentam decifrar quem Marina fenômeno vai apoiar, os eleitores da candidata curtem o momento que os deixou por cima para surfar na onda verde do quem dá mais pelo meu voto decisório”

De “candidata que não decola nas pesquisas”, como no início da campanha eleitoral, e “candidata monotemática”, que só pensa em aquecimento global, para “Marina fenômeno” e ícone “Cult” da política brasileira. Chega a ser patético como as pessoas são colocadas no mais alto pedestal e no mais enfadonho tamborete em tão pouco tempo.

A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, é a derrotada nas urnas mais vitoriosa dos últimos tempos. De terceira opção para a “noiva” mais cortejada. Marina, que perdeu no primeiro turno, é colocada como a chave da vitória alheia no segundo. Reflexos de uma eleição insossa e sufocante.

Insossa porque essas eleições – até domingo último – haviam sido mais do mesmo. Como dizem os tailandeses: same same but different. A pouca novidade ficou por conta do núcleo aparentemente coadjuvante nas eleições: o Plínio de Arruda Sampaio, com suas tiradas clássicas, e a onda de esperança verde provada pela candidatura de Marina.

Sufocante porque, nunca antes na história deste país, um presidente da República forçou tanto a barra para emplacar um sucessor, atuando como cabo eleitoral 24 horas, tirando vantagens de sua popularidade para convencer o eleitor de que “eu sou ela, ela sou eu, troque seis por meia dúzia e seja feliz”.

E sufocante também porque, depois de oito anos de governo de um e de oito anos de governo do outro, eram esperadas novas idéias, novas perspectivas. Mas, não. As idéias continuam as mesmas e as promessas também. “Se eu for eleito (a), vou erradicar a pobreza... Vou melhorar a educação... Vou investir em saúde... Vou combater a violência... Vou construir isso, vou construir aquilo...”

Agora, Marina é colocada como a “chave do negócio”, o segredo da conquista da vitória, a escada para alcançar a Presidência da República. Como disse Zuenir Ventura, todo mundo quer “tirar casquinha da onda verde”. “Agora, todos são verdes desde criancinha, todos são povos da floresta”.

O coordenador da campanha do tucano José Serra, Xico Graziano, deu uma cartada. Soltou a lista das “21 ações ambientais concretas do governo Serra”. (21? Seria a Agenda 21 de Serra?). “A valorosa senadora do Acre sabe que o governo de Serra em São Paulo tomou medidas efetivas, com bons resultados, na defesa ecológica”. O governo Serra fez: “Fim dos lixões municipais, aprovação da lei de mudanças climáticas, projeto ‘Criança Ecológica’, apoio ao ecoturismo” e etc.

E Marina sabe mesmo. A senadora do PV, em entrevistas – inclusive para a pessoa que lhes escreve – chegou a elogiar ações e posicionamentos tucanos, não só no governo paulista, como também em votações de tucanos no Senado. O tom era sempre de surpresa e admiração. Marina, por várias vezes, sinalizou com simpatia para opiniões dos tucanos “verdes” e chegou a refletir se os peessedebistas não estariam mesmo começando a compreender o que é sustentabilidade.

Mas, como apostam os petistas, o coração de Marina, antes de verde, era vermelho, e o primeiro amor, a gente nunca esquece. Os articuladores da campanha da candidata petista, Dilma Rousseff, apostam que Marina não vai esquecer-se de sua história e das lutas sociais que juntos tiveram. E vão jogar pesado. Ao invés de listinha de ações sustentáveis – até porque seria difícil Dilma encontrar uma listinha do tipo –, a campanha do PT vai partir pros amigos e companheiros de luta de Marina.

Leonardo Boff é um deles. Boff foi um grande incentivador da candidatura de Marina à Presidência. Quando ninguém falava em Marina presidente, Boff já insistia que a amiga seria a terceira via necessária. No Fórum Social Mundial de Belém, em fevereiro de 2009, por exemplo, Boff estava junto com Marina quando ela foi ovacionada por participantes do evento e chamada, em coro, de “Marina presidente do Brasil”. Mas Boff também é amigo de Dilma e de Lula e não vai abandoná-los nesta hora.

Marina prometeu definir seu apoio – se houver –, somente após a convenção do partido, no dia 17. E, enquanto todos tentam decifrar quem Marina fenômeno vai apoiar, os eleitores da candidata curtem o momento que os deixou por cima para surfar na onda verde do “quem dá mais pelo meu voto decisório”. Mas não é “um quem dá mais” desqualificado. É, por um lado, quem dá mais propostas, por outro, quem dá mais esperança e, para outros ainda, quem dá mais segurança moral. É um fantástico quebra-cabeça democrático. Nós merecíamos este segundo turno.

*Formada em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB), Renata Camargo é especialista em Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pelo CDS/UnB. Já atuou como repórter nos jornais Correio Braziliense, CorreioWeb e Jornal do Brasil e como assessora de imprensa na Universidade de Brasília e Embaixada da Venezuela. Trabalha no Congresso em Foco desde 2008. 
Outros textos do colunista Renata Camargo*

Postado: administrador do blog 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é sua opinião, que neste blog será respeitada

politicacidadaniaedignidade.blogspot.com