A manifestação organizada pelo Deputado Sgt Rodrigues, Centro social de Cabos e soldados - CSCS, e Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares - ASPRA/PMBM, em defesa dos policiais militares, em especial do Batalhão ROTAM - Rondas Táticas Metropolitana, acabaram por comprovar que nossas lideranças estão desacreditadas e sem legitimidade para convocar e mobilizar os policiais militares, os praças, já que sabemos que a maioria dos oficiais não tem interesse em participar de movimentos de protesto, reivindicatório ou de qualquer outra natureza, ainda que atingidos pelas últimas criticas provocadas pelo episódio do aglomerado da serra.
Não obstante o triste e desolador sintoma de que as lideranças nominadas que se insurgiram contra os ataques gratuitos e revanchistas, do deputado Durval Ângelo, do secretário de defesa social, Laffaiete Andrada, e da grande imprensa, não mais gozam de credibilidade e respeito, pois não conseguem e se mostram desinteressadas em iniciar um movimento capaz de resgatar a dignidade profissional vilipêndiada de toda uma corporação, que incansávelmente trabalha para prover a segurança dos cidadãos.
Após toda exposição na mídia, os ataques desferidos por autoridades públicas, o suicídio do Cabo que comandava a guarnição acusada do homicídio de tio e sobrinho, somou-se a todo o ocorrido, o inexplicável silêncio e a omissão dos representantes da classe, levando-se a cogitar que ninguém quer se indispor ou desagradar o Governo e o Comando.
A reação já tardia, somente aconteceu após o clamor e revolta explícito que tomou conta de todos os policiais mineiros, o que obrigou-os a uma tomada de posição, para dar uma satisfação aos representados, no caso os praças, porque o oficial que comandava a operação recebeu todo apoio jurídico e institucional da associação dos oficiais - AOPMBM, que cumpriu seu papel com isenção e rigor na defesa de sua classe.
Haveriam outras ações que poderiam ser desencadeadas para a defesa da dignidade dos policiais militares, mas preferiram uma mobilização, sob o argumento que seria ordeira e pacifica, como se todos os policiais fossem sair quebrando e destruindo tudo a sua frente, ora estamos em estado democrático de direito, em que se presume que o contraditório é um princípio, exatamente para que não prevaleça somente uma versão dos fatos, ou que melhor atenda aos interesses políticos dos responsáveis pela política de segurança pública e do pseudo defensor de direitos humanos, que desconhece a elementar regra de que são direitos indivisíveis, interdependentes e universais, se aplicando a todos os cidadãos igualmente, a não ser que em sua ideia fixa, os policiais militares devem pagar eternamente pela dívida da elite brasileira que não só tomou parte como também sustentou e apoiou o período ditatorial.
Como se não bastasse, o deputado Durval Ângelo, presidente da comissão de direitos humanos, ironizou e debochou sobre a pifia e vergonhosa manifestação que ocorreu no hall das bandeiras da assembleia legislativa, como se isto fosse capaz de dar uma resposta a promoção, o resgate e respeito a dignidade humana e a valorização profissional dos policiais militares, que foram enxovalhados mais uma vez pelo ódio ideológico destilado por alguns e que se espalhou por toda sociedade.
Não queremos com isto desmoralizar a já tão desmoralizada liderança que alguns insistem em acreditar que possuem, como se liderança fosse algo inerente ao cargo que ocupam, mas advertir que precisamos urgentemente reavaliar o papel de representação classista e política que assumiu dimensões mais abrangentes com as exigências e apelos contemporâneos para que a cidadania se incorpore como princípio e garantia no espectro profissional dos policiais militares, o que será benéfico e imprescindível para a sociedade, em sua senda pelo desejo incontido de uma polícia cidadã.
Os tempos são outros, os policiais militares, não se contentam com uma representação ética, honesta e responsável, pois estes atributos são obrigações e qualidades intrínsecas para o exercício destas atividades, mas uma representação pro-ativa, atuante, e compromissada com a emancipação política e libertadora de toda uma classe, que vem ao longo de sua existência sendo sistematicamente ultrajada e aviltada, seja por governantes, políticos, imprensa, e cidadão infrator, talvez reflexos da subserviência histórica, do apartheid hierárquico, da corrupção não intencional dos objetivos organizacionais, e dos vícios herdados de tempos em que violar direitos era a regra.
Há um termo que está muito em voga nos meios políticos, que é a refundação, quem sabe não estamos precisando discutir as associações, principalmente a dos praças, no aspecto de sua refundação, para que os anseios, interesses, e demandas dos policiais militares, sejam priorizados e estabelecidos em uma agenda de lutas e reivindicações, constituindo-se em um novo marco associativo, político, institucional, e jurídico que contemplassem não só os pilares desta refundada associação, como também de seus representantes eleitos, que até agora não responderam a altura os atos de depreciação e desvalorização que temos sofrido.
Se o episódio do aglomerado da serra, foi na ótica de muitos um fato isolado, os ataques, as ofensas e insultos desmoralizantes sempre se caracterizaram pela sua periodicidade, frequência e gravosidade, o que resulta no máximo em reuniões fechadas com autoridades, que com uma simples e desarazoada explicação, pondo fim a exaltação e a bravata dos representantes de classe, dos praças é claro, porque nem união estão conseguindo em torno de suas espasmódicas reações falaciosas.
Para que ao fim e ao cabo todos possam voltar ao conforto e a tranquilidade do poder de seus cargos, que para uns são como um oásis dentro de um grande deserto de humilhações, sofrimento, desvalorização e desrespeito que vem causando vítimas indefesas e oprimidas, como o Cabo Fábio, que não suportou toda pressão intencional e dolosamente provocada, com objetivos exclusivamente de promoção pessoal e política sob os holofotes de uma imprensa agachada e a serviço do poder, que nos últimos anos tornou-se leal e fiel assessoria de imprensa do Governo.
Uma analise preliminar nos aponta fortes indicativos de que precisamos renovar e formar lideranças capazes de compreender que seu papel não é somente apagar incêndios, ou dar entrevistas em veículos da imprensa, mas trabalhar com planejamento e programas de conscientização política da classe, porque senão tudo até agora construído, poderá ruir e aí sim nos tornarmos órfãos de representação, em que passaremos a agir cada um por si e preocupados tão somente com o interesse pessoal.
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