Pressionados, parlamentares voltam atrás e passam a trocar acusações sobre projeto aprovado por maioria
LUIZ COSTA/ARQUIVO
Manifestantes ocuparam as galerias da Câmara em protesto contra reajuste
Um mês depois de aprovarem, com maioria esmagadora, projeto de lei que reajusta seus próprios salários em 61,8%, os vereadores da Câmara de Belo Horizonte estão mudando de opinião. Após a mobilização de centenas de cidadãos indignados com o aumento e quatro protestos que pararam a capital, ganhando destaque nacional, vereadores que haviam votado a favor, agora, posicionam-se contra. Vale lembrar que dos 41 vereadores, 39 pretendem se reeleger no pleito desse ano.
Levantamento feito pelo Hoje em Dia, mostra que, dos 23 vereadores consultados, 11 são contra o reajuste, oito a favor e quatro ainda não se posicionaram. Cenário diferente do dia 16 de dezembro, quando 22 dos 25 parlamentares presentes na sessão ordinária aprovaram a matéria.
O vereador Márcio Almeida (PRP) foi um dos que mudaram de opinião nesses 30 dias. Ele criticou o percentual de aumento de 61,8% por considerá-lo alto. “Sou a favor de ter aumento, mas não de 60%. Se fosse um aumento de 30%, eu até seria favorável”, declarou. Nenhum dos 25 vereadores presentes na sessão de dezembro apresentou emendas ou questionou o percentual do reajuste.
Outro parlamentar chama os vereadores contrários ao aumento de hipócritas. Para Preto do Sacolão (PMDB) os colegas Neusinha Santos (PT), Arnaldo Godoy (PT) e Iran Barbosa (PMDB) teriam assinado um termo, concordando em não apresentar emendas ao projeto, e depois votaram contra o aumento. “Isso é hipocrisia. Eles concordaram em não apresentar emendas, daí vão e votam contra? Eu votei a favor, mas, agora, vou ver com a maioria da Casa para definir meu posicionamento”, declarou o peemedebista.
O vereador Paulinho Motorista (PSL) defende o aumento de R$ 9 mil para R$ 15 mil. Ausente na sessão que aprovou o texto, o parlamentar alega que se estivesse presente teria engrossado a decisão da maioria da Casa. “Estava doente e não pude ir à sessão, mas se estivesse lá, teria votado a favor”, declarou o parlamentar, que ainda critica os colegas. “Se o aumento for aprovado, vou até a tribuna e pedir que eles devolvam o dinheiro que receberem a mais”, disparou.
No coro daqueles que são contrários ao aumento, Daniel Nepomuceno (PSB) tem buscado argumentos, junto ao Ministério Público do Estado e Tribunal de Contas, para tentar extinguir o projeto. “Existem brechas que podem levar à ilegalidade da matéria”.
Já Ronaldo Gontijo (PPS) quer discutir a moralidade do reajuste. “Não falo em irregularidade, mas em moralidade. Acho que o percentual do aumento é abusivo”, disse, ressaltando. “Na primeira sessão, eu não estava e não votei”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sua opinião, que neste blog será respeitada