ROGÉRIO PAGNAN AFONSO BENITES DE SÃO PAULO JOSMAR JOZINO DE "AGORA"
Documentos em poder do Ministério Público e da polícia de São Paulo revelam que os chefes da facção criminosa PCC estão comprando telefones antigrampo para tentar dificultar as ações da polícia.
São equipamentos com sistema de criptografia que transformam sons e textos em complexas combinações matemáticas que só podem ser decifradas pelo outro celular com a "chave mestra".
Quando a polícia consegue interceptar telefonema com esse tipo de tecnologia, ouve apenas ruído muito parecido com o som do sinal de fax.
Segundo a Folha apurou, mensagens criptografadas já foram apreendidas pela Rota (tropa considerada de elite da PM paulista) com criminosos na Baixada Santista.
Promotores afirmam que essa informação é "extremamente preocupante" já que as interceptações telefônicas, autorizadas pela Justiça, são uma das principais armas de investigação da polícia. Como a Folha revelou no dia 1º, cerca de 400 documentos revelam que a facção tem nas ruas 1.343 criminosos.
O uso de telefones antigrampo explicaria, em parte, a dificuldade da polícia em interceptar mensagens dos principais líderes da facção, dentro ou fora das prisões.
Uma das poucas mensagens interceptadas são os bilhetes escritos pelo preso Roberto Soriano, o Betinho Tiriça, que a Promotoria diz ser da cúpula da facção.
Em razão dessas mensagens, em que ordena a morte de policiais, o criminoso foi mandado para o presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes e submetido ao regime disciplinar, isolado durante 22 horas por dia.
As planilhas apreendidas revelam ainda que para os criminosos menos relevantes dentro da facção são adquiridos celulares comuns, embora sejam trocados praticamente a cada mês ou quando um integrante é preso.
Um dos motivos para que os antigrampos estejam restritos aos chefes do grupo pode ser o alto custo. Cada aparelho pode custar de R$ 1.000 a R$ 7.000, dependendo do modelo e do software usado.
Além dos celulares, outros equipamentos tecnológicos adquiridos pela facção criminosa são os chamados "banquinhos" de penitenciária.
São uma espécie de detectores de metal em que as visitas de presos são obrigadas a se sentarem. A intenção é identificar objetos introduzidos no corpo de visita, como celulares e carregadores.
Para os promotores, o propósito da aquisição desse equipamento é tentar descobrir meios de burlar a detecção dos banquinhos. Testar formas de conseguir passar sem acionar o alerta.
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