Governo lança Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra.
'Existe tendência de associar o negro ao bandido', diz ministra da Igualdade.
O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da República, e a ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, disseram nesta quarta (26) que a Polícia Civil e Militar precisam mudar o padrão de abordagem aos jovens negros.
Os ministros participaram do programa "Bom Dia Ministro", da TV estatal NBR, para falar sobre a primeira etapa do Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra, que será lançado em Alagoas, nesta quinta-feira (27). O objetivo do plano é reduzir o índice de homicídios de negros no país.
“A forma de a polícia abordar o homem branco e negro é diferenciada. É preciso que haja uma reeducação da Polícia Militar e Polícia Civil para mudar o padrão de abordagem, que já chega suspeitando que o negro é bandido”, disse Carvalho.
“O que tem que fazer é um trabalho na linha do racismo institucional, verificar como determinados estereótipos e preconceitos racistas acabam determinando a forma como eles abordam diferentes tipos de população, e no caso da juventude negra, existe sempre uma tendência de associar o jovem negro ao bandido, ao criminoso”, disse a ministra.
A ministra frisou a importância também não criminalizar expressões culturais de jovens negros como funk, reggae, e hip hop.
Juventude Viva
A primeira etapa do Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra, intitulado “Juventude Viva” será implementada em Maceió por ocupar o primeiro lugar entre os 132 municípios que concentram mais de 70% dos homicídios registrados no país. O projeto será gradativamente estendido a outros estados.
Voltado para jovens de 15 a 29 anos em bairros onde há predominância de negros, o programa será um trabalho conjunto entre os Ministérios da Cultura, Educação, Saúde, Trabalho e Esporte. “Tudo será ancorado em um processo de mobilização das redes de juventude onde se privilegia o protagonismo juvenil”, disse a ministra.
Dados do Ministério da Saúde revelam que 53% dos homicídios registrados no Brasil atingem jovens, das quais mais de 75% são negros, do sexo masculino e de baixa escolaridade. O número de homicídios que atinge jovens brancos caíram de 9.248, em 2000, para 7.065 em 2010. Já os homicídios que atingem jovens negros cresceu de 14.055 para 19.255 mesmo período.
De acordo com o Mapa da Violência 2012, a soma de todos os mortos em conflitos armados em um conjunto de dez países, entre os quais estão Iraque, Índia, Israel e Afeganistão, é menor do que o total de homicídios ocorridos no Brasil no período de 2004 a 2007 (147.373 contra 157.332).
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