Marco Prisco, ex-soldado e vereador tucano de Salvador, é o principal líder dos policiais militares da Bahia (Foto: Robson Mendes/jornal baiano Correio) |
A menos de dois meses do Mundial, a greve da PM baiana acendeu o sinal vermelho: segundo membros do governo de Dilma, o ocorrido no estado da Bahia não foi uma simples paralisação, e sim uma mostra do que poderia representar uma rebelião policial em vários estados.
Por Darío Pignotti, de Brasília, no jornal argentino Página/12, edição de 21/04/2014
A menos de dois meses do início da Copa do Mundo, a presidenta brasileira, Dilma Rousseff, respondeu com inédita celeridade à greve policial declarada na terça-feira passada na Bahia, uma das sedes do torneio, enviando tropas do exército e prendendo o líder do protesto. Segundo membros do governo, o ocorrido na Bahia não foi uma simples paralisação, e sim um caso exemplar do que poderia representar uma rebelião policial em cadeia em vários estados, ameaçando a segurança dos 3,6 milhões de turistas e autoridades estrangeiras que viajarão às cidades onde se realizará a Copa do Mundo.
Logo depois da greve ter sido encerrada na sexta-feira por considerar que o governo baiano atendeu suas reivindicações, parte da Polícia Militar se aquartelou no fim de semana exigindo a liberação de Marco Prisco, titular da Associação dos Policiais, Bombeiros e seus Familiares da Bahia (Aspra).
“Peço a toda tropa que suspenda as atividades imediatamente até que o governo proceda a libertação de Prisco”, disse o capitão Tadeu Fernandes, que assumiu a chefia da Aspra em substituição a seu principal dirigente preso.
(Observação do Evidentemente: Na verdade, não houve tal substituição. O que se sabe é que Tadeu, que é deputado estadual pelo PSB, de oposição ao governador Jaques Wagner, do PT, tentou assumir a liderança do movimento, mas sua conclamação caiu no vazio. Logo no dia seguinte, a ameaça de retorno do movimento grevista foi desfeita, diante do “recado” de Prisco no sentido de que fosse mantido o fim da greve. Prisco também é da oposição ao governador, é vereador de Salvador pelo PSDB).
O Ministério Público Federal acusou Prisco de cometer delitos contra a segurança nacional, como a suposta organização de atentados durante uma greve de 12 dias da mesma PM, em 2012, quando houve 150 assassinatos e dezenas de saques. A Polícia Federal deteve Prisco na sexta-feira num “resort” duma praia baiana, de onde foi transferido a uma prisão de Brasília.
O governo de Dilma tem como prioridade que o Mundial transcorra em calma e para isso planejou, através dos ministérios da Defesa e da Justiça, um plano de segurança com o concurso de cerca de 170.000 efetivos policiais e militares, o qual se veria afetado caso ocorram greves como a da Bahia. Possivelmente foi por isso que pouco depois de iniciado o movimento paredista na Bahia, na terça, a chefa de Estado assinou o decreto autorizando o envio de uns 5.000 efetivos das tropas federais ao estado do Nordeste, segundo destino turístico brasileiro e sede de seis partidas do Mundial.
En 2012, durante outra greve dos policiais baianos, Dilma demorou alguns dias até ordenar o desembarque de tropas militares, atitude muito diferente d adotada agora. Esta forma mais enérgica de atuar na Bahia já se tinha observado há duas semana no Rio de Janeiro, quando a presidenta resolveu enviar uns 1.500 efetivos ao Conjunto de Favelas da Maré, para enfrentar os ataques do narcotráfico.
Os militares permanecerão nessas favelas da zona norte carioca até 31 de julho, ou seja, 18 dias depois da final da Copa, que será disputada até 13 de julho no estádio do Maracanã.
“Com a aproximação do início da Copa a quantidade de greves com este mesmo perfil (como a da Bahia) tende a aumentar”, escreveu o jornal Folha de S.Paulo num editorial intitulado “Greves oportunistas”.
Os “líderes policiais tendem a chantagear o governo” e não hesitam em desafiar a “Justiça que havia declarada ilegal” uma paralisação que viola a “Constituição, (pois esta)” veda o direito de greve às forças de segurança e defesa, aponta a Folha.
Continua em espanhol:
El ministro de Justicia, José Eduardo Cardozo, enviado a Bahía para resolver la crisis, dijo que el paro de la semana pasada fue “político”, similar calificativo al que apeló hace dos (dois) meses para calificar una huelga (uma greve) de la policía de Brasilia, que también será sede del Mundial. El gobernador de Bahía, Jaques Wagner, fue más explícito que el ministro Cardozo al afirmar que los dirigentes gremiales (sindicais) “están en campaña electoral. Ellos van a ser candidatos en las próximas elecciones, recuerden que la otra huelga (greve) fue en 2012, que era año electoral”.
Por cierto, el ahora preso dirigente gremial (sindical) Prisco es concejal (é vereador) en el ayuntamiento (no municipio) de Salvador de Bahía y se postula al cargo de diputado en los comicios (nas eleições) de octubre por el Partido de la Socialdemocracia Brasileña (PSDB), del ex mandatario Fernando Henrique Cardoso, mientras (enquanto) que su colega Tadeu Fernandes es diputado por el Partido Socialista (PSB), también opositor.
En tanto (Enquanto isso), los agentes de seguridad del Aeropuerto Internacional Tom Jobim suspendieron sus actividades el viernes (na sexta-feira) por 24 horas cuando realizaron una protesta en la Terminal II en horas de la mañana.
Una medida de fuerza (paralisação, greve) similar se registró el jueves (na quinta-feira) en el aeropuerto Santos Dumont, también en Río de Janeiro, que recibe vuelos de cabotaje.
Fuerza Sindical, la segunda organización gremial (sindical) brasileña, anunció que prepara una serie se paros, a partir de mayo, que continuará durante el Mundial, que dará inicio el 12 de junio con el choque (com a partida) entre Brasil y Croacia en el estadio Arena Corinthians (“Itaquerao”), de San Pablo.
“Nadie (Ninguém) está contra la Copa, pero la verdad es que ésta ayuda a dar visibilidad a los paros y a tener repercusión internacional”, declaró el diputado opositor Paulo Pereira da Silva, presidente licenciado de Fuerza Sindical.
Esa organización planea realizar una huelga (greve) y un acto nacional el 6 de junio en el que espera contar con el respaldo de los 479 sindicatos afiliados, entre los que hay agremiaciones de metalúrgicos, obreros (operários) de la construcción y de varias policías provinciales (estaduais, PMs).
Tradução: Jadson Oliveira
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