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quarta-feira, 16 de abril de 2014

Eduardo Campos e Marina lançam candidatura prometendo 'nova política'


Ambos reiteraram que o que os une é um compromisso programático, embora do programa, ainda em construção, muito pouco tenha sido, de fato, divulgado.


Najla Passos


Reprodução/Facebook/Eduardo Campos

Brasília - A coligação PSB-Rede-PPS-PPL colocou fim às especulações, nesta segunda (14), ao confirmar Eduardo Campos e Marina Silva como candidatos a presidência da república e a vice, respectivamente. Durante o “ato político-cultural” de lançamento, no Hotel Nacional, em Brasília, ambos reiteraram que o que os une é um compromisso programático, embora do programa, ainda em construção, muito pouco tenha sido, de fato, esclarecido.

Campos criticou duramente a política econômica da presidenta Dilma sem explicar como fará diferente, apesar da insistência da imprensa. Também afirmou que irá aumentar a busca ativa de beneficiários do Bolsa Família. Só não esclareceu como. Reafirmou sua intenção de reduzir o número de ministérios pela metade. Porém, apertado pelos jornalistas, não deixou claro se os cortes serão feitos na área social, como se cogita.

O candidato garantiu que não distribuirá cargos para amealhar apoio político e se comprometeu a deixar os partidos fisiologistas na oposição. Segundo ele, é passada a hora do país dar um basta nos partidos que amargam décadas no poder, em clara alusão ao PMDB. “Chegou a hora do Brasil pegar o fisiologismo, o patrimonialismo e a velha política e mandar para a oposição, porque, na oposição, eles não sobrevivem”, incitou.

Questionado pela imprensa se é possível governar o país sem coligações, saiu pela tangente. “Pode-se fazer pactuação pelo programa, e não por distribuição de cargos”. E quando encurralado a explicar melhor se as coligações que fez para se eleger governador se diferem das que Dilma firmou para se eleger presidente, insistiu no mantra. “Sim, porque foram feitas em cima de programas que foram cumpridos, tanto que fui reeleito com 83% dos votos”, afirmou.

Interrogado sobre como irá contornar as diferenças ideológicos do PSB e da Rede em relação à questão energética, em particular, precisou contar com a ajuda de Marina para sair da saia justa. “Nós fizemos um grande esforço e o que vai orientar a coligação é o que está no programa”, afirmou a pré-candidata, como se este já estivesse pronto e fosse de conhecimento público.

Campos tentou explicar como espera promover a transferência dos quase 20 milhões de votos obtidos por Marina na última eleição para a sua candidatura, que registra em média 8% das intenções, segundo as últimas pesquisas, enquanto ela, que portava 12% em outubro, depois que se uniu a ele só aglutina cerca de 7%.
 
“As pesquisas indicam que 73% quer mudanças, mas o povo ainda não sabe o candidato, o partido, o programa e o número que representará essa mudança. Isso só vai acontecer quando a campanha ganhar as ruas”, justificou.

Claro e cristalino, mesmo, só ficou a estratégia que pretende usar para se destacar na campanha: isolar o governo Dilma dos dois outros mandatos petistas, comandados pelo ex-presidente Lula, do qual tanto ele quanto Marina fizeram parte. “Mais do que um gerente, o Brasil precisa de uma liderança”, afirmou. E na coletiva à imprensa, tentou detalhar os motivos. “De 2010 para cá, o Brasil está andando de outra forma. Veja a política macroeconômica, as medidas de proteção ambiental”, justificou.

Apoios registrados

A variedade de matizes ideológicas dos convidados de honra exibia os mais conhecidos rostos da oposição ao governo Dilma no parlamento, à exceção dos parlamentares do PSOL, que lançaram o senador Ranolfe Rodrigues (AP) como candidato próprio, e da dobradinha PSDB-DEM, que fecharam em torno de um outro neto de político famoso, o tucano Aécio Neves (MG).

Além de parlamentares dos partidos da coligação, como os deputados do PSB Alfredo Sirkis (RJ), Romário (RS) e Luíza Erundina (SP), além dos senadores João Capiberibe (PSB-AM) e Roberto Freire (PPS-SP), estavam lá protocolando apoio vários parlamentares do PDT, como os senadores Pedro Taques (MT) e Cristovam Buarque (DF), e os deputados Miro Teixeira (RJ). Do PMDB, segundo principal partido da base governista e merecedor das criticas do próprio Campos, compareceram Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE).

O aclamado escritor Ariano Suassuna, presidente de honra do PSB, também foi ao evento dar sua mensagem de apoio. Da mesma forma que o pianista Arthur Moreira Lima, filiado ao PSB, que tentou brindar a plateia com um recital erudito, comprometido pela má qualidade do som.

Não se sabe se por incapacidade de organização ou para se valer da velha estratégia de marketing, o espaço escolhido, com capacidade para mil pessoas, não comportava o público presente, o que deu ares ao evento de sucesso maior do que o esperado: pessoas se aglomeravam em pé ou sentadas no chão. O problema é que o ar condicionado não dava vazão e o humor dos presentes começou a declinar bem antes do encerramento da longa cerimônia.

No início do evento, foi lançada a carta de princípios da coligação que, segundos os candidatos, também irá orientar o programa futuro:

• Intensificar e aprimorar o diálogo com os diversos setores da sociedade, em parceria com os partidos aliados, para a elaboração do programa de governo;

• Motivar e mobilizar a população e todos os demais partidos na defesa do Brasil e da causa democrática, acima de divergências e da competição eleitoral.

• Buscar um realinhamento das forças políticas que historicamente demonstraram compromisso com a democracia, a soberania nacional, a justiça social e a cidadania e a defesa do meio ambiente, em torno de uma agenda estratégica para o desenvolvimento sustentável do país;

• Apoiar as iniciativas que estimulem o debate democrático sobre temas de interesse nacional de empenhar esforços para participar dessas iniciativas;

• Rejeitar todas as práticas que possam provocar o desgaste dos demais candidatos à Presidência da República, como os ataques pessoais nas ruas, nos meios de comunicação ou na internet;

• Aliar-se às iniciativas em defesa de uma campanha eleitoral limpa, que promova o necessário debate entre propostas e evite o embate estéril entre os concorrentes;

• Dar transparência e visibilidade às ações e à prestação de contas, nos meios de comunicação da campanha e em novos instrumentos tecnológicos a serem criados para esse fim;

• Buscar o envolvimento permanente e intenso da militância, dos simpatizantes, dos movimentos sociais e do variado ativismo socioambiental brasileiro para realizar uma campanha inovadora, interativa, participativa e colaborativa, que estimule os compromissos sociais com o programa de governo.

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