"Ela não está dizendo nada de novo... não acrescentou absolutamente nada... não tem novidade", reagiu o presidenciável Eduardo Campos, em São Paulo, sobre Marina Silva considerar "um equívoco" a aliança do PSB com o PSDB no Estado; "Nós somos de partidos diferentes, temos dinâmicas diferentes", lembrou; ele negou que o PSB tenha contratado uma pesquisa ao Ibope para medir o índice de transferência de votos da líder do grupamento Rede; "Transferência só existia no tempo dos coronéis", comparou
Marco Damiani, 247 – O presidenciável Eduardo Campos estava de muito bom humor na manhã de hoje, quando se apresentou na Amcham, a Câmara Americana de Comércio, em São Paulo. A exceção se deu num breve momento da entrevista coletiva que concedeu após procurar transmitir aos executivos de empresas dos EUA e do Brasil que representa o novo na eleição deste ano. Foi quando lhe foi lembrado que sua futura companheira de chapa, Marina Silva, considerou "um equívoco" a aliança do PSB com o PSDB de São Paulo, em torno do governador Geraldo Alckmin:
- Ela não está dizendo absolutamente nada de novo. Ela disse o que sempre disse, não acrescentou absolutamente nada ao que ela disse. Não tem nenhuma novidade, repetiu, procurando, em seguida, distinguir sua posição:
- Nós somos de partidos diferentes, fizemos uma aliança. Temos de respeitar uns as posições dos outros, acrescentou, tentando retomar a atitude de sorriso e tranquilidade, mas, ao mesmo tempo, encerrando a própria entrevista e deixando rapidamente o auditório para tomar um carro que já o esperava de motor ligado.
Àquela altura, o deputado Marcio França também havia se adiantado para sair. Um dos acompanhantes de Campos na Amcham, França é o nome cotado no PSB para formar a chapa de reeleição do governador Geraldo Alckmin. Ou isso, ou ser candidato a senador com, naturalmente, o apoio tucano. França declarou, após as críticas de Marina, que, por sua vez, queria o PSB com um candidato próprio em São Paulo, que Marina deverá deixar o PSB já no próximo ano, após as eleições.
Campos, na entrevista, procurou minimizar o peso que essa aliança PSB-PSDB causa em seu discurso nacional, mas, na prática, ele enfrenta problemas com isso.
- Formamos alianças entre os dois partidos em 15 Estados", disse ele, referindo, ainda, ao PSB e o Rede, de Marina, que não existe legalmente e tem sua direção abrigada no próprio PSB. "Isso é mais do que os adversários têm. Não vai ser por causa de um ou outro Estado que vamos ter problemas em nossa aliança nacional, explicou o presidenciável.
SEM TRANSFERÊNCIA - Campos negou que o PSB tenha contratado uma pesquisa Ibope para medir o potencial de transferência de votos de Marina Silva para ele. Poderia ter procurado elogiar a futura companheira de chapa, mas preferiu outro caminho:
- As pessoas falam em transferência de votos como se fosse uma caixa cheia de voto que uma pessoa dá para outra. Isso acontecia só no tempo dos coronéis, comparou. "Não encomendamos pesquisa nenhuma, se tivéssemos encomendado eu diria".
Pode ser, mas, como ele mesmo disse, não foi a primeira vez que Marina Silva manifestou publicamente uma divergência com as decisões do partido. No momento em que ambos precisam ganhar pontos nas pesquisas de opinião, a crítica mostra mais a diferença do que a união entre eles - e isso não parece ser bom. Depois de experimentar o sabor de chegar a dois dígitos em algumas pesquisas, o ex-governador de Pernambuco cai para 7% de intenção na pesquisa Datafolha mais recente:
- A eleição ainda não começou. O que dá para ver é que o sentimento de mudança já tem 74% do público. As pesquisas quantitativas sobre os candidatos só valerão depois.
Aos executivos, Campos procurou mostrar que representa "o novo" na política:
- É preciso ter coragem para mudar, afirmou, garantindo que não irá lotear o governo, em caso de ser eleito, com atendimentos de pedidos partidários.
No entanto, a adesão do PSB à chapa tucana em São Paulo, ao contrário do que defendia o grupamento Rede, de Marina, se dá exatamente na perspectiva de o chefe político partidário local ser candidato a vice-governador ou senador com o apoio do PSDB.
Do púlpito em que falou aos sócios da Amcham, como já fez o tucano Aécio Neves, em maio, Campos atacou "os governos dos últimos 20 anos", mas evitou citar a sigla PSDB como a primeira parte deste ciclo. Ao criticar a coalisão dos socialistas com os tucanos no maior Estado da Federação, Marina, para Campos, "não disse absolutamente nada de novo", mas também se pode entender que ela tocou num ponto nevrálgico da candidatura, com extensão para todo o discurso do presidenciável.
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