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O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

terça-feira, 24 de junho de 2014

CPI e pacto da impunidade das empresas que financiam políticos



LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Estou no professorLFG.com.br
A CPI mista da Petrobrás já tomou sua primeira relevante decisão: tucanos, peemedebistas e petistas fizeram o primeiro “acordão” maligno para investigar apenas personagens simbólicos do caso (bodes expiatórios como Paulo Roberto Costa e os doleiros), deixando na impunidade as grandes empresas (sobretudo construtoras e bancos) que são responsáveis por mais de um terço das doações privadas às campanhas eleitorais dos políticos (R$ 78 milhões é o valor recebido das empresas pelos deputados eleitos na última campanha – Estadão 1/6/14, p. A4). A lógica da troika maligna (maior crime organizado do planeta), que se apoderou do atual modelo capitalista selvagem (agentes ou atos financeiros especuladores, agentes ou atos econômicos extrativistas e Estado e agentes públicos corruptos) é quase sempre a mesma: mostrar para o público o corrupto (agente do Estado ou político), nunca o corruptor (empresas e agentes econômicos e financeiros). Ou seja: joga-se toda culpa no Estado (e seus agentes) e preserva-se o mercado (econômico e financeiro), como se existisse corrupção    unilaterial. A corrupção é como o adultério: exige duas ou mais pessoas.
Toda investigação vai se concentrar em pessoas (leia-se: em algumas pessoas), não nas empresas. Os agentes fornecedores da Petrobrás ficarão preservados (são eles que financiam as campanhas eleitorais). O resultado dessa CPI mista (já se pode antever) não será muito diferente da CPI que investigou o Carlinhos Cachoeira que, depois de descobrir tanta gente graúda envolvida nas maracutaias, teve que ser encerrada abruptamente com um documento de apenas duas páginas, assinado por alguns dos integrantes da troika maligna (dela foi excluída, tão-somente, um senador). Toda investigação séria (esse não é o caso das CPIs, de um modo geral) segue a velha técnica do follow the money (siga o dinheiro), que sai das empresas e vai para os políticos passando pelos bancos, que lavam o dinheiro sujo (dolosa ou negligentemente). As investigações fraudulentas (que só servem de palco e de palanque para políticos despudorados) não seguem o dinheiro, ao contrário, são seguidas por ele (aqui já estamos falando de uma corrupção posterior para encobrir a corrupção anterior). Dos 32 integrantes titulares da CPI mista, 15 receberam doações de empresas fornecedoras da Petrobrás. A descrença na política e nos políticos continua aumentando. Também deveríamos desconfiar de grande parcela do mercado que está aí, profundamente corruptor.
O STF, no início    de abril, ao julgar ação movida pela OAB, por 6 votos a 1, por enquanto, decidiram vetar qualquer tipo de doação de empresas para campanhas eleitorais e partidos políticos. Para Gilmar Mendes (ministro do STF), que ainda não votou, “eleição sem doações das empresas abre brecha para facções criminosas: se doação de pessoas jurídicas for barrada, crime organizado vai se infiltrar nos partidos políticos” (Estadão 10/6/14, p. A7). Como diz sabiamente a filosofia do compadre Washington   : “sabe de nada inocente”! O crime organizado, dirigido pela troika maligna (agentes financeiros, econômicos e públicos corruptos), já está infiltrado (até à medula), há séculos, nos partidos, nos políticos assim como nas partes podres do Estado. O conluio entre agentes financeiros especuladores, agentes econômicos extrativistas e Estado e agentes públicos corruptos constitui a maior organização    criminosa do Brasil (no mundo todo capitalista selvagem passa-se a mesma coisa). O PCC (com 120 milhões de faturamento no ano) virou insignificância perante a troika maligna (que gera corrupção, desigualdade brutal e violência). Proibir doações é um caminho perigoso (disse o Ministro). Permiti-las é um dano social tenebroso (dizem os números astronômicos da corrupção dos políticos). A Justiça eleitoral deve apurar com rigor a ligação do PCC com a estrutura dos partidos políticos (disse o Ministro). Eu diria: a Justiça eleitoral deveria apurar com rigor a ligação não só do PCC como também de toda troika maligna (que envolve o mundo financeiro, econômico e político).

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