Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

MORTE DO SD RAFAEL DO 40 BPM REACENDE DISCUSSÃO SOBRE PROTEÇÃO, MAS INCITA IRRESPONSÁVEIS A VINGANÇA E JUSTIÇA PRIVADA

*José Luiz Barbosa, Sgt PM - RR






Assassinado em circunstâncias ainda desconhecidas com dois disparos de arma de fogo, sendo um na cabeça e outro no torax, a morte do Sd PM Charles Coelho de Souza Júnior, do 40 BPM da 201 Cia Tático Móvel reacende a discussão sobre a necessidade de maior rigor e a adoção de medidas legais, institucionais de proteção e segurança dos policiais militares.

Não se trata de mais uma morte a engrossar as estatísticas oficiais da in-segurança pública, não pelo valor da vida, bem inestimável e inalienável de todo ser humano, mas pela representação simbólica da mensagem de que nem os agentes do Estado estão a salvo da escalada da criminalidade.


Para os policias no entanto, para além do discurso de revolta, indignação, e sentimento de vingança que perpassa cada um é fundamental que a experiência nos sirva de lição para reabrir e elevar a discussão sobre os riscos e perigos inerentes a atividade policial e ao status profissional transformando em agenda oficial e forum permanente o que só ocorre a cada morte anunciada e consumada.

A perda de vidas é doloroso e irreparável para todos, mas incitar a violência, e o crime como forma de se restabelecer a suposta afronta ao Estado e o respeito aos policiais militares além de irresponsabilidade é a mais pura demonstração de desrespeito, e manipulação do sentimento e da boa fé dos que por incomprensão de seu papel, dever e responsabilidade acreditam que violando a lei estarão impondo respeito e temor a criminosos.

O avanço e o crescimento da criminalidade é assustador e aterrorizante para o cidadão, e como reflexo vemos a adoção de medidas de segurança e de proteção, seja na mudança de comportamento ou até mesmo de medidas protetivas individuais e patrimoniais, ao contrário, muitas vezes o policial militar por excesso de confiança e nigligencia menospreza princípios elementares da atividade na sua própria segurança.

Nos últimos tempos é bem verdade, que muito se avançou em treinamento, qualificação, e aperfeiçoamento, mas ainda é necessário que tal discussão se estenda para a valorização e implementação de medidas legais e de programa de proteção e segurança, pois se a criminalidade se moderniza, e melhor se organiza para a atividade criminosa, precisamos estar sempre a um passo, e como vemos pelas sucessivas mortes de policiais, estamos a uma longa distância dos criminosos, e mais distantes ainda de sermos organizados.

E como disse o Subten PM Marinho, não adianta ficar esbravejando e sendo corajoso em redes sociais, mas precisamos de coragem para discutir civilizada e respeitosamente os problemas, deficiências, e desestrutura da segurança pública, pois o sacríficio de cada vida ceifada de agentes do estado deveria ser o marco para a luta pela valorização profissional, e a proteção da vida dos que dela dispõe para proteger a vida dos cidadãos.

E afinal na maior campanha e movimento reivindicatório depois de 1997 realizada pela ASPRA, sob a presidência do Sgt PM Barbosa, atualmente na reserva, com alcance e abrangência estadual, não por acaso foi adotado a máxima: QUEM VIVE PARA PROTEGER, MERECE RESPEITO PARA VIVER.

Incitar a vingança, a justiça com as próprias mãos violando a lei é subverter o papel e o dever do policial nivelando-o com o criminoso, e não será dificil aos que defendem a lei de talião comprovar em visita no sistema penitenciário o sofrimento de ex-policiais, e a dor da família, que ao descumprir e violar a lei se encontram onde deveriam estar os que deveria prender.



* Especialista em segurança pública, pós graduado em ciências penais, e ativista de direitos e garantias fundamentais.









2 comentários:

  1. Eis um clamor, um chamamento, uma reflexão coerente de quem analisa a situação de forma minuciosa. Olhar de quem sente na carne o revés da insegurança pública, justamente entre aqueles que arriscam suas vidas pela segurança pública. REFLETIR É PRECISO!

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  2. concordo contigo amigo porem vivemos uma anomia social total; no Brasil quem faz as leis é quem deveria estar preso. discurso teorico é lindo mas va correr atras de bandido sem apoio legal pra ver; quem da segurança precisa de segurança. A experiencia nos prova que onde não impera a lei dos homens a lei do demonio vai imperar; prova disso são as execuçoes sumarias pelo povo que vem aumentado a cada dia.

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