O paisano, a política e a “comunidade”: a polícia na encruzilhada
“E ssa polícia é pedintária”, “somos cachorros de guarda do Estado”, “somos mendigos do governo”, “estamos longe da comunidade”. Esses são alguns “desabafos” de policiais, tanto praças como oficiais, sobre o conteúdo de algumas atividades que cumprem no cotidiano.
Esse artigo aborda as percepções, crenças, representações e ideário do policial militar acerca das ações gerenciais, administrativas e do trabalho que associam o PM aos acontecimentos cotidianos “da rua”, da política e da sociedade.Esse artigo é fruto de observações da atividade policial, realizadas por cerca de um ano e meio, e corresponde à análise de 65 entrevistas com oficiais e praças.
Foram ainda acrescentadas as entrevistas e o material resultado de pesquisas que vêm sendo efetuadas, por este autor, desde 1997, ano no qual a Polícia Militar de Minas Gerais teve suas atividades paralisadas por mais de dez dias.O trabalho está dividido em duas partes.
Na primeira – devido à atualidade e ao constante debate nos meios acadêmicos são discutidas as relações dos policias militares com a sociedade, chamando-se a atenção para a emergência, maturação e desenvolvimento do que vem sendo denominado de “policiamento comunitário”.
O objetivo primordialé verificar como os policiais perceberam a implantação dessa filosofia de policiamento e como foi o seu impacto no piso do batalhão.
Na segunda parte são problematizadas as mudanças no cotidiano dos policiais, a partir das diretrizes gerenciais implantadas no final da década de 1990. O interesse é apontar o imaginário dos PMs em relação aos desdo-bramentos de alguns programas e aconteci-mentos que vêm marcando e modificando a instituição. Em tais circunstâncias, foi signi-ficativo verificar a bifurcação do “mundo da polícia” e do “paisano”, bem como os efeitos perversos produzidos pela implantação do policiamento voltado para a comunidade.
Polícia e “comunidade”
O final dos anos 1980 abriu um longo ca-minho para a democratização das instituições no Brasil. Aos poucos, diante da opinião pública, notadamente as que pertencem ao Estado, es-sas instituições foram colocadas em questão. Há muito já se discute o papel da educação no de-senvolvimento brasileiro e qual a função que re-almente deve prestar as escolas e as universidades à sociedade.
O mesmo caminho trilhou a política de saúde, que se rendeu ao modelo híbrido dian-te da incapacidade do Estado em manter padrões adequados de salubridade para todos. O final da década de 1970 e o início da seguinte foram marcados pelo aumento da criminalidade e da vio-lência nos grandes centros urbanos.
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