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O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Sem dar conta da segurança pública, Polícia Militar assume escolas em Goiàs e provoca revolta e evasão escolar


Alunos revoltados com militarização

O presidente do Grêmio Estudantil Ramidiel Nascimento reclama que a mudança não foi informada de forma clara
Cynthia Costa e Thiago Burigato 
Alunos do Colégio Estadual Waldemar Mundim, no Conjunto Itatiaia, região Norte de Goiânia, estão revoltados com a militarização da unidade. Eles alegam que não foram avisados com antecedência e que muitos não têm condições de adquirir o fardamento exigido pela nova gestão da escola.
O presidente do Grêmio Estudantil e estudante do terceiro ano do ensino médio, Ramidiel Nascimento, 18 anos, explica que a mudança não foi informada de forma clara. “Não foi feita nenhuma reunião para nos informar que, a partir deste semestre, iríamos passar a estudar em uma unidade escolar comandada pela Polícia Militar (PM)”. Ele disse que, só após as aulas começarem, na chegada à escola, os alunos ficaram sabendo da novidade.
Para protestar, segundo Ramidiel, os estudantes realizaram uma assembleia em que 40 alunos decidiram não assistir às aulas. “Só hoje [ontem], que nós decidimos entrar na escola e vimos que temos que prestar continência aos policiais militares que assumiram a direção”, conta. Ele afirma também que a compra do fardamento não está definida ainda. “Na reunião que tivemos com o novo diretor, comandante Guimarães, soubemos que teremos que adquirir o novo uniforme, que custa em torno de R$ 350,00 o kit completo”. O jovem revela que, depois disso, nada mais foi repassado aos estudantes.
O presidente do Grêmio Estudantil afirma ainda que existem cerca de 1.300 estudantes na escola, cujas famílias recebem em torno de um salário mínimo. “Imagino que como a renda é baixa para a maioria dos pais, aproximadamente 300 ou  400 desse contingente poderão adquirir o uniforme”.
Problema
O estudante relata que há um problema sério em relação aos alunos já que devido à greve, o primeiro semestre não terminou. “Fica muito difícil conseguir uma escola para entrar agora em que possamos finalizar essas aulas”. Além disso, ele esclarece que a distância é um complicador porque as escolas mais próximas de ensino médio ficam na Nova Vila.
O superintendente executivo de Educação, da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), Marcos das Neves, explica que o colégio Waldemar Mundim teve sua administração passada para a Polícia Militar atendendo a um anseio da comunidade local. 
“A escola militar hoje é referencia em Educação e recebemos pedidos de pais de alunos, deputados e vereadores nesse sentido”. Ele afirma que não há mudança de professores e nem da carga horária, o que muda é a gestão. “Nada impede que os alunos insatisfeitos mudem de escola”. 
Militarização divide opinião entre especialistas 
Apesar dos bons resultados pedagógicos de escolas militares tradicionais em Goiás, a transferência da gestão de unidades de ensino para a Polícia Militar não entra consenso entre alunos, pais e nem mesmo entre especialistas da área de educação. 
A doutora  na área, professora Maria do Rosário Cassimiro, afirma que a experiência que está sendo feita com a administração das escolas públicas estaduais por militares e a instituição de organizações sociais (O.S.) pode ser um caminho para a busca da melhoria da educação brasileira e goiana. “A Educação atualmente está péssima e temos que realizar esse tipo de experimentação para melhorar o que estamos oferecendo aos nossos jovens”, defende.
Já doutora em Educação e docente na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO),  professora Maria Cristina, se declara contra essas duas mudanças propostas pelo governo do Estado. “A escola militar não garante a presença da voz do cidadão”, alega. Ela também se coloca radicalmente contra a possibilidade da transferência de instituições para a gestão de Organizações Sociais (OSs). “Primeiro porque a educação pública é uma questão constitucional. É um dever do Estado e da família. Passar para a responsabilidade de outros é assinar um atestado de incompetência”, declara. 

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