Do Observatório de Favelas
Policiais durante apreensão de drogas e armas,
em operação no conjutno de favelas do Alemão,
em novembro de 2010.
Foto: Elisângela Leite / Imagens do Povo
Desde as últimas semanas o Rio de Janeiro vem passando por uma crise institucional em suas polícias. Na verdade, os problemas agora ganharam visibilidade, graças à Operação Guilhotina, da Polícia Federal, que prendeu dezenas de policiais – sendo nove civis e 22 militares – ligados a traficantes e milícias. O principal preso, o subchefe da Polícia Civil Carlos Oliveira, é ex-braço direito de Alan Turnowski, ex-chefe da Polícia civil que acabou entregando o cargo quatro dias depois do início da Operação.
Os acusados ajudavam traficantes, milicianos e contraventores com informações sobre as operações policiais, negociando material de apreensão e até dando proteção a criminosos. Os policiais presos são acusados de colaborar justamente com os crimes que deviam investigar.
Com a saída de Turnowski, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, indicou a delegada Marta Rocha para substituí-lo. Marta ocupava a direção geral da Divisão de Polícias de Atendimento à Mulher (DPAM) e está na Polícia Civil desde 1983. Ela foi responsável pelas investigações do caso do Ônibus 174, em 2000, que terminou com a morte de uma refém e do seqüestrador. À época ela indiciou o comandante do Bope que participava da operação.
Uma mudança na estrutura da Polícia Civil no Rio de Janeiro é muito bem vinda e se fazia mais do que necessária. No entanto, entre os delegados indicados pela nova chefe, praticamente todos apresentam questionamentos. O delegado Fernando Veloso, agora subchefe operacional, enquanto titular da DEAT teve o seu chefe do SI preso na Operação Furacão; a nova diretora da Acadepol, delegada Jéssica Oliveira de Almeida, responde ação civil pública por improbidade administrativa; o novo titular da DRFC, Marcos Cipriano, responde por extorsões a “playboys’ acusados de tráfico em Niterói, na época em que chefiava SRE-Nit; já o novo diretor do DGPE, delegado Marcio Franco, administra a empresa de segurança Delta Force, que fica no bairro do Rio Comprido e está em nome de sua mãe; o novo titular da DGPC é o delegado Ricardo Dominguez, que já foi condenado por tortura à pena de 15 anos de reclusão, perda do cargo e interdição para o exercício de função policial por 30 anos; e o corregedor da PCERJ, Gilson Emliano Soares, mantido da gestão anterior, já foi afastado do cargo quando era chefe do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) de São Gonçalo, quando uma arma que deveria estar em posse do ICCE foi encontrada com um traficante em Niterói.
Além das mudanças na Polícia Civil com a chegada da delegada Martha Rocha, que assumiu o cargo afirmando que vai fortalecer a corregedoria, o atual comandante-geral da Polícia Militar do Estado do Rio, coronel Mário Sérgio Duarte, pediu para a corregedoria interna da corporação maior rigor e a implementação de novas medidas de combate a desvios de conduta.
Nosso desejo – comum a quem busca uma cidade e um estado mais justo e humano – é de que essa mudança na polícia seja de fato na perspectiva de mudar esses vícios e dificuldades existentes. Esperamos, sinceramente, que a Operação Guilhotina não prenda alguns maus policiais e pare por aí. Queremos que o debate sobre a Segurança Pública no Rio seja expandido, problematizado e discutido. Se levada às últimas consequências, a Operação Guilhotina pode significar o início de uma nova era nas Polícias do Rio.
em operação no conjutno de favelas do Alemão,
em novembro de 2010.
Foto: Elisângela Leite / Imagens do Povo
Desde as últimas semanas o Rio de Janeiro vem passando por uma crise institucional em suas polícias. Na verdade, os problemas agora ganharam visibilidade, graças à Operação Guilhotina, da Polícia Federal, que prendeu dezenas de policiais – sendo nove civis e 22 militares – ligados a traficantes e milícias. O principal preso, o subchefe da Polícia Civil Carlos Oliveira, é ex-braço direito de Alan Turnowski, ex-chefe da Polícia civil que acabou entregando o cargo quatro dias depois do início da Operação.
Os acusados ajudavam traficantes, milicianos e contraventores com informações sobre as operações policiais, negociando material de apreensão e até dando proteção a criminosos. Os policiais presos são acusados de colaborar justamente com os crimes que deviam investigar.
Com a saída de Turnowski, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, indicou a delegada Marta Rocha para substituí-lo. Marta ocupava a direção geral da Divisão de Polícias de Atendimento à Mulher (DPAM) e está na Polícia Civil desde 1983. Ela foi responsável pelas investigações do caso do Ônibus 174, em 2000, que terminou com a morte de uma refém e do seqüestrador. À época ela indiciou o comandante do Bope que participava da operação.
Uma mudança na estrutura da Polícia Civil no Rio de Janeiro é muito bem vinda e se fazia mais do que necessária. No entanto, entre os delegados indicados pela nova chefe, praticamente todos apresentam questionamentos. O delegado Fernando Veloso, agora subchefe operacional, enquanto titular da DEAT teve o seu chefe do SI preso na Operação Furacão; a nova diretora da Acadepol, delegada Jéssica Oliveira de Almeida, responde ação civil pública por improbidade administrativa; o novo titular da DRFC, Marcos Cipriano, responde por extorsões a “playboys’ acusados de tráfico em Niterói, na época em que chefiava SRE-Nit; já o novo diretor do DGPE, delegado Marcio Franco, administra a empresa de segurança Delta Force, que fica no bairro do Rio Comprido e está em nome de sua mãe; o novo titular da DGPC é o delegado Ricardo Dominguez, que já foi condenado por tortura à pena de 15 anos de reclusão, perda do cargo e interdição para o exercício de função policial por 30 anos; e o corregedor da PCERJ, Gilson Emliano Soares, mantido da gestão anterior, já foi afastado do cargo quando era chefe do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) de São Gonçalo, quando uma arma que deveria estar em posse do ICCE foi encontrada com um traficante em Niterói.
Além das mudanças na Polícia Civil com a chegada da delegada Martha Rocha, que assumiu o cargo afirmando que vai fortalecer a corregedoria, o atual comandante-geral da Polícia Militar do Estado do Rio, coronel Mário Sérgio Duarte, pediu para a corregedoria interna da corporação maior rigor e a implementação de novas medidas de combate a desvios de conduta.
Nosso desejo – comum a quem busca uma cidade e um estado mais justo e humano – é de que essa mudança na polícia seja de fato na perspectiva de mudar esses vícios e dificuldades existentes. Esperamos, sinceramente, que a Operação Guilhotina não prenda alguns maus policiais e pare por aí. Queremos que o debate sobre a Segurança Pública no Rio seja expandido, problematizado e discutido. Se levada às últimas consequências, a Operação Guilhotina pode significar o início de uma nova era nas Polícias do Rio.
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