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quarta-feira, 23 de março de 2011

''Pré-sal é a palavra-chave para entender a viagem de Obama ao Brasil

Pré-sal: essa é a palavra-chave para decifrar a viagem de Barack Obama ao Brasil. "Pré-sal" é o nome que os geólogos deram às novas reservas offshore descobertas ao longo das costas brasileiras, em uma longa faixa submarina que corre paralelamente às áreas de maior industrialização: do Rio a Minas Gerais a São Paulo.
A reportagem é de Federico Rampini, publicada no jornal La Repubblica, 21-03-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Ficam a mais de 250 km de distância das costas e são muito profundas, mas essas jazidas contêm até 100 bilhões de barris. "Vocês têm o dobro de todas as reservas petrolíferas dos Estados Unidos", reconhece Obama em um encontro com os executivos-chefes das grandes empresas brasileiras. Ou seja, o Brasil tem mais petróleo do que EUA, Canadá e México juntos.
Quando as novas jazidas forem plenamente exploradas, ele saltará para o quatro lugar mundial entre os exportadores de petróleo e de gás natural. É uma superpotência energética aquela que Obama veio cortejar nas duas etapas de Brasília e do Rio, justamente enquanto enfurece a intervenção militar na Líbia, comprovando o quanto é instável a outra zona do mundo da qual os EUA dependem historicamente por causa de uma cota substancial da seu própria necessidade.
Por isso, Obama decidiu dedicar ao Brasil a sua primeira viagem presidencial à América do Sul. Foi ao Brasil apesar da guerra que, segundo alguns críticos, deveria tê-lo segurado em Washington. Ele viajou à frente de uma superdelegação, com dois secretários, do Tesouro (Tim Geithner) e do Comércio (Gary Locke), acompanhados por um exército de empresários.
Aos seus interlocutores brasileiros, Obama não economiza as lisonjas: "Vocês são a sétima economia do mundo", anuncia, oficializando assim a ultrapassagem do PIB brasileiro ao da Itália (e bem logo ao da França, também por causa do efeito da supervalorização do real).
Ele se orgulha do milagre econômico de rosto humano: "Vocês retiraram dezenas de milhões de pessoas da pobreza. Quase a metade da sua população já é classe média. Vocês demonstraram que o espírito de empreendimento capitalista pode desenvolver-se junto com a justiça social".
Ele lembra também que o Brasil de hoje não é só uma superpotência agrícola e em matérias-primas, mas sim um gigante industrial: "As suas multinacionais empregam 42 mil funcionários nos EUA". Depois, Obama enfrenta o núcleo duro do seu interesse estratégico para o Brasil: "Em um momento como este – diz o presidente norte-americano – em que os eventos nos lembram como a instabilidade em outras partes do mundo pode condicionar o preço do petróleo, os EUA só podem saudar com satisfação o seu papel como nova e estável fonte de energia".
É uma proposta de aliança de longo prazo: o governo dos EUA corteja a gigante petrolífera pública Petrobras na esperança de obter contratos de fornecimento de longo prazo. Obama lembra que o Brasil é uma superpotência energética também em outros setores. Com relação à "Green Economy", o Brasil é um mestre com o qual os EUA poderiam aprender muito. "Cerca de 80% da sua energia é gerada pelas centrais hidrelétricas". E isso apesar do fato de o desenvolvimento das centrais estar ainda no estágio da infância: calcula-se que só 30% do potencial hídrico é explorado.
"Vocês são os líderes mundiais em biocombustíveis", admite Obama. E aqui ele se aventura em um dos campos minados, em que o diálogo entre os dois gigantes do continente americano é marcado por incompreensões e conflitos. O Brasil, com efeito, gera 45% da sua energia (incluindo combustíveis) do bioetanol. O seu é, há muito tempo, o mais "verde", o menos poluente e o mais eficiente na utilização dos recursos naturais, porque é produzido a partir da cana-de-açúcar. Mas contra esse bioetanol multiplicaram-se, de Washington, os obstáculos protecionistas.
O próprio Obama, quando estava em campanha eleitoral no seu Midwest, defendeu extrenuamente os subsídios públicos norte-americanos aos produtores de biocombustíveis à base de milho e de outros cereais: um combustível muito menos "verde", mais dispendioso no uso de recursos naturais e que faz concorrência à alimentação humana.
O futuro do diálogo EUA-Brasil dependerá também da capacidade de Washington de reduzir as suas barreiras. Aos brasileiros, não faltam alternativas: desde 2009, a China já depôs os EUA do papel de primeiro parceiro comercial. E se Obama homenageou Brasília e Rio com a sua primeira viagem sul-americana, a primeira turnê estrangeira da presidente Dilma Roussef, em abril, ao contrário, terá um outro destino: Pequim.

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