Orion Teixeira
Orion Teixeira
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Há alguma coisa que não bate na matemática eleitoral construída pelos aliados do pré-candidato presidencial tucano, Aécio Neves, que, até agora, não está dando certo. De acordo com a equação, quanto mais candidaturas houver nas eleições do ano que vem, incluindo a da ex-ministra Marina Silva (ainda sem partido), melhor será para garantir a realização do segundo turno.
Até aí, tudo bem. Não há dúvida de que a pulverização de votos parece ser o melhor caminho para quem pretenda impedir a reeleição imediata da presidente Dilma Rousseff (PT), mas a estratégia não favorece, necessariamente, o tucano. Ao contrário. Se há alguém que deveria estar preocupado com a viabilização da candidatura de Marina Silva, por meio da criação de seu partido (o Rede Sustentabilidade), é o PSDB e não o PT.
Os aliados de Dilma torcem para que Marina seja candidata, entendendo que ela é a melhor concorrente. Seria mais fácil derrotá-la do que a Aécio, levando em conta que a ex-ministra não teria musculatura, combustível e capilaridade para vencer o segundo turno. O PSDB, talvez, tenha mais chances, mas, para isso, teria que chegar ao segundo turno, porém sua pré-candidatura parece estagnada.
Desde que se elegeu presidente nacional do PSDB, com o controle interno do partido para evitar surpresas, Aécio assumiu o posto de “candidato das oposições”. Ganhou espaço espontâneo na mídia e ocupou o da propaganda partidária gratuita na televisão e rádio, com mais de 50 inserções (comerciais) e um programa partidário de 10 minutos. Está de novo no ar e terá a concorrência, neste semestre, da presidente Dilma e do pré-candidato presidencial do PSB, Eduardo Campos (governador pernambucano), que, estrategicamente, pulou fora do barco governista para ficar desimpedido.
Tudo somado, Aécio não cresceu nas pesquisas. Já teve 17%; hoje, estaria entre 12 e 15%; Eduardo Campos, com 5%. O que é mais estranho, e surpreendente, é que Marina Silva vem subindo, hoje, com 22%, sem ter o mesmo espaço na mídia, sem ter partido, sem horário na TV e sem alianças. É o voto mais parecido com as manifestações de rua, de quem não quer o que está aí. Seja o que for, é um voto que não quer Dilma nem Aécio, e parece cristalizado.
Nas contas do PT, a coisa ficaria mais ou menos assim, Dilma chegaria a 40% do eleitorado (hoje tem 34%); Marina, 20 a 22%; brancos e nulos, 20%. Sobrariam aí outros 20% para Aécio e Eduardo Campos. O percentual de 20% garante passagem para o segundo turno (vide eleições anteriores), mas não a vitória.
Os votos estão minguando. É claro que a campanha ainda não começou, mas já oferece algumas pistas. Se começasse hoje, Marina abriria a campanha em segundo lugar e, para crescer e ir ao segundo turno, Aécio teria que tirar votos dela. O futuro de Marina ainda é incerto e, até a próxima semana, estará nas mãos do TSE.
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